A crise na Orquestra Sinfônica Brasileira teve um lance surpreendente: uma semana depois de iniciar o processo de demissão de 32 músicos que se insurgiram contra uma avaliação de desempenho imposta para a manutenção de seus empregos, o presidente da Fundação OSB, Eleazar de Carvalho Filho (foto), recuou, e enviou a cada um uma carta chamando-os a "salvar uma grande instituição."
Em tom conciliador e informal, ele se disse angustiado com a crise, que fez com a imagem da OSB fosse "seriamente alvejada", e afirmou "ter sido levado" a demiti-los. Leia Mais
Não menciona o diretor artístico e regente titular da orquestra, Roberto Minczuk, que foi quem idealizou as provas. "Não existem vencedores", fala a carta do presidente, que termina convidando o músico para uma "conversa construtiva" com ele e com o conselheiro David Zylbersztajn - o nome de Minczuk não é citado -, amanhã, no fim da tarde.
O tratamento dispensado pela FOSB aos músicos já levou artistas como o pianista Nelson Freire e a bailarina Ana Botafogo a cancelarem participações em concertos previamente marcados. A repercussão no exterior é péssima, com músicos e maestros se solidarizando com os demitidos.
Na carta, o presidente reafirmou que o objetivo das avaliações é "o contínuo crescimento e evolução da OSB". Mas preferiu não apontar culpados para o grau de distensão que se criou.
O Conselho Nacional de Políticas Culturais, do Ministério da Cultura, em reunião ontem, apresentou moção de repúdio à posição da FOSB. Alguns músicos interpretaram o aceno do presidente como um temor pela perda de patrocínios: são mantenedoras a Vale, o BNDES e a Prefeitura do Rio.
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