Política, ao Diabo! Reflexões Maçônicas sobre Política e Tolerância


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Falar sobre política no contexto da Maçonaria brasileira ainda é um tema envolto em polêmicas. Muitos maçons tratam o assunto como um tabu, acreditando que a associação entre os dois pode ser prejudicial à fraternidade. Contudo, a história e os princípios da Maçonaria nos convidam a refletir mais profundamente sobre essa relação e seu papel na construção de uma sociedade mais justa e esclarecida.

Política, ao Diabo! Reflexões Maçônicas sobre Política e Tolerância

Desde os primórdios, a Maçonaria foi um berço de grandes líderes e estadistas. Figuras como George Washington, Benjamin Franklin, Harry Truman e Winston Churchill, entre outros, eram maçons que, por meio de suas ações políticas, moldaram o curso da história. No Brasil, personalidades como Dom Pedro I e José Bonifácio também demonstraram a presença de maçons em momentos cruciais de nossa política.

Isso não significa que a Maçonaria, como instituição, seja responsável por esses feitos, mas não há como negar que os valores maçônicos influenciaram o caráter e as decisões desses homens. Se a Maçonaria tem por objetivo tornar os homens melhores, por que deveríamos excluir a política dessa transformação?

O Precedente das Constituições de Anderson

A proibição de discussões políticas em lojas maçônicas remonta às Constituições de Anderson (1734), que recomendam evitar disputas de religião e política para preservar a harmonia na Loja. No entanto, esse preceito não deve ser interpretado como um veto absoluto à reflexão política entre maçons. Ele se refere ao ambiente ritualístico, onde a unidade espiritual deve prevalecer sobre diferenças ideológicas.

Fora desse contexto, maçons são livres para discutir política de maneira respeitosa e construtiva. A Loja é, por natureza, um espaço de aprendizado e troca de ideias. Por que não utilizá-la para debates saudáveis que elevem a compreensão mútua e contribuam para o bem comum?

A Importância da Tolerância

Vivemos em um mundo cada vez mais polarizado, onde a intolerância é amplificada pelas redes sociais e pela falta de diálogo. Contudo, a Maçonaria brasileira, alicerçada nos pilares da Sabedoria, Força e Beleza, deve ser um exemplo de tolerância e civilidade. Discutir política não significa dividir; ao contrário, é uma oportunidade de construir pontes entre diferentes perspectivas.

O verdadeiro maçom age com discernimento, orientado pela sua consciência e pelos princípios éticos que a Ordem lhe ensina. Ele deve estar disposto a ouvir e a expressar suas opiniões de maneira ponderada, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

Política como Ferramenta para o Bem Comum

A Maçonaria não é uma entidade política, mas é profundamente social. A defesa da liberdade, da igualdade e da fraternidade, pilares da Ordem, implica uma atuação consciente no mundo. Ignorar a política seria negar a própria essência da Maçonaria como uma força transformadora.

No Brasil, onde desafios sociais e políticos são uma constante, os maçons têm o dever moral de serem agentes de mudança. Isso não significa que a Maçonaria deva apoiar partidos ou candidatos específicos, mas que seus membros, como indivíduos, devem ser exemplos de ética, diálogo e compromisso com o bem coletivo.

O Papel do Debate Respeitoso

Discussões políticas, quando conduzidas com respeito e bom senso, não ameaçam a harmonia; pelo contrário, promovem o aprendizado mútuo. É na troca de ideias que encontramos novas soluções e compreendemos melhor as questões que nos afetam a todos. A Loja Maçônica, enquanto espaço de aperfeiçoamento moral e intelectual, deve ser também um espaço onde o debate saudável seja valorizado.

Conclusão

A política não deve ser vista como uma ameaça à Maçonaria, mas como uma oportunidade de colocar em prática seus ideais mais elevados. Maçons brasileiros devem abraçar a coragem de dialogar, a paciência para ouvir e a sabedoria para agir de maneira ética e consciente.

Que possamos, como Irmãos, liderar pelo exemplo e mostrar ao mundo que a verdadeira tolerância não teme a discordância. Afinal, se queremos construir templos à virtude e cavar masmorras ao vício, não há melhor ferramenta do que o diálogo honesto e construtivo.

Texto Original: Kristine Wilson-Slack

Adaptação: Luiz Sérgio Castro 




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