Por Valdemar Kretschmer
Os estudos maçônicos, a partir
dos Graus Simbólicos, dedicam especial atenção ao tema: “JUSTIÇA”.
Nas mais diversas abordagens,
sempre que ritualística ou doutrinariamente se refere a “Justiça”, tem sentido
de julgamento, de avaliação de conduta e de tomada de decisão por parte do
Maçom.
Ao ingressar na Ordem, durante
a Cerimônia de Iniciação, o neófito já assume o compromisso, através de
juramento, de defender e proteger seus irmãos esparsos pelo mundo, em tudo que
puder e for necessário e justo.
Neste juramento já esta
assumindo o compromisso de julgar e fazer justiça. Sobre a forma de fazer
justiça, maravilhosos ensinamentos são ministrados em nossos rituais, como o
constante da 2ª Instrução do Grau de Mestre que estabelece “verbis”:
“A sabedoria não esta em
castigar os erros, mas em procurar as causas e afastá-las”.
Tal ensinamento deixa bem
claro que mais importante que a repressão é a prevenção. Se avançarmos nos
Graus Filosóficos, com fulcro na lenda da construção do Templo de Salomão, o
Grau 7 – PREBOSTE OU JUIZ, dedica especial atenção ao tema: DIREITO E JUSTIÇA.
Dentre tantos ensinamentos
infere-se que as leis e regulamentos devem estar alicerçados em valores éticos
e morais; Que em todo julgamento deve ser assegurada a ampla defesa; Que devem
ser apreciados direitos e deveres; Que as decisões devem ser imparciais, sem
serem tendenciosas, seja por amizade, seja por temor, seja por recompensa; Que
a justiça deve ser igual para todos, e o que é mais importante, que a justiça
maçônica atende também ao apelo, a consideração e ao perdão.
Quando se trata de julgar um
irmão em face de um ilícito maçônico, sem repercussão na justiça profana, os
critérios devem ser diferentes, sem considerar a máxima do Direito: “DURA LEX,
SEDE LEX”, ou seja, “ A LEI É DURA, MAS É LEI”, pois se houver arrependimento e
o firme propósito de corrigir sua conduta, o irmão deve ser auxiliado e não
considerado um ser irrecuperável, que não merece outra oportunidade.
O julgamento maçônico,
diferentemente do que, via de regra, acontece na justiça profana, é feito entre
irmãos, entre pessoas que tem o compromisso de auxílio mútuo.
Na Maçonaria o exercício do
poder de julgar e de aplicar penalidades, deve ser exercido com muita
serenidade, ponderação, equilíbrio, bom senso, tolerância e exacerbada
responsabilidade, para não transformar a oportunidade de recuperar um homem,
num instrumento de revolta e desencanto com a Ordem.
Todos temos o compromisso
assumido ao entrarmos para a Maçonaria, de socorrer os irmãos em suas aflições
e necessidades, encaminhá-los na senda das virtudes, desviá-los da prática do
mal e estimulá-los a fazerem o bem, dando exemplo de tolerância, de justiça e
de respeito a liberdade de cada um.
O julgador para praticar a
justiça, deve alem de apreciar as provas cabais e irrefutáveis da autoria do
ilícito ou da infração, saber analisar as circunstâncias em que o ato
infracional aconteceu, se não há nenhuma excludente de ilicitude, se o fato
aconteceu por negligência, imprudência ou desconhecimento, e ainda que fique
bem caracterizada a autoria e o dolo, saber avaliar o estado psicológico e
emocional de autor, sua vida pregressa e seu histórico na vida maçônica.
Para finalizar minhas breves
considerações sobre a Justiça Maçônica, quero me reportar ao que reiteradas
vezes temos ouvido e concordamos: “O verdadeiro maçom não se conhece pelos
sinais, toques e palavras, mas pela sua conduta, pela sua reputação dentro e
fora da Maçonaria”.
Não basta sermos bons maçons
dentro de nossas lojas ou no exercício dos compromissos maçônicos, é
fundamental levarmos esses ensinamentos para as nossas atividades profanas.
O nosso compromisso maior é
tornar feliz a humanidade, com demonstrações de amor, sem ser omisso; de
tolerância, sem ser conivente; de respeito ao livre arbítrio de cada um, dentro
dos limites impostos pelos direitos e deveres constantes das regras de
convivência social.
Julgar e fazer justiça no
mundo profano não é responsabilidade exclusiva de juízes, promotores,
advogados, militares e policiais, é uma tarefa que exercitamos com frequência,
seja como pais de família, seja como chefes, diretores, empresários, etc.
Nesse sentido todos devemos
internalizar e assimilar os ensinamentos maçônicos, bem como colocá-los em
prática em nossas vidas, pois só assim estaremos sendo verdadeiramente maçons.
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