Por
Cristina Cifuentes (*)
Rodeado
pelos soviéticos, o líder nazista se refugiou em seu bunker, donde como nunca
antes, ficou desesperado e incontrolável. Até que decidiu suicidar-se em 30 de
abril de 1945.
“Seja prático: oferece um ataúde”, era o
conselho que mais se repetia em Berlim no Natal de 1944. A cidade se encontrava
submetida ao bombardeio dos aliados e sua população morria de fome. O que dois
anos antes era apenas um rumor – que a formação de toda a Wehrmacht (forças
armadas unificada de Alemanha desde 1935 a 1945) estava condenada à aniquilação
de parte do Exército Vermelho – se convertia em realidade.
Para
abril de 1945, a cidade se encontrava assolada pela artilharia soviética.
Então, Adolf Hitler decidiu refugiar-se em sua casamata, construído 14 metros
debaixo da Chancelaria. Diversos relatos assinalam que o líder nazista se
encontrava bastante deteriorados por esses dias: estava mais emagrecido, com a
cara inchada, os olhos irritados e a mão esquerda com tremores incontroláveis.
“Havia envelhecido muito nos últimos dias e dava a impressão de ser um homem 15
ou 20 anos mais velho”, contou a enfermeira, Erna Flegel, em uma entrevista
oferecida há 10 anos ao diário The Guardian.
Segundo
o livro do capitão alemão e assistente de Hitler, Bern Freytag Von
Loringhoben, na casamata com Hitler, o máximo hierarca nazista estava no
último ano da guerra “cada vez mais solitário e “vivia isolado do mundo
exterior”.
Seu
ministro de armamento, Albert Speer, recordou em seu livro His Battle With
Truth, que foi durante a celebração de seus 56 anos de aniversário, em 20 de
abril, quando Hitler se reuniu pela última vez com os altos cargos do governo.
Cerca de 100 funcionários e seus colaboradores mais próximos chegaram à
casamata para lhe saudar antes do meio dia, que era a hora de situar-se da
situação. “Era um estado de nervos e não ocultava suas reações”, contou Speer,
que acrescentou que o rogaram para fugira pelo único caminho que estava aberto
de Berlim até o sul, mas que o líder nazista se negou, ainda que lhes diga a
quem eram seus mais próximos que se queriam ir-se. Foi assim que esse dia
começaram a fugir importantes hierarcas e uns 80 funcionários. Só permaneceram
junto a ele, seu ministro de Propaganda, Joseph Goebbels, alguns generais, sua
companheira Eva Braun, seu guarda costa, duas secretárias e umas poucas
pessoas.
Dois
dias depois, quando os soviéticos haviam terminado de cercar Berlim, o Führer
submeteu uma reunião militar de três horas e lhes disse aos presentes: “Isto é
tudo. A guerra está perdida. Todo o mundo pode ir-se”. Assim o recordou seu
guarda costa, Rochus Misch, em uma entrevista oferecida em 2005 a The Associated
Press (AP).
Para
Fiegel, a enfermeira, o sentimento de que o Terceiro Reich havia chegado a seu
fim era algo inegável com a saída do Exército Vermelho: “As rádios deixaram de
funcionar e era impossível obter informação” relatou em 2005.
Uma
das últimas informações que souberam do mundo exterior foi a derrubada e morte
de Benito Mussolini, em 28 de abril. O líder italiano havia sido pendurado em
uma praça em Milão, algo que não deixou indiferente ao chefe nazista.
Talvez
por este motivo, em meia noite de domingo 29 de abril, Hitler lhe deu as
seguintes instruções a sua secretária, Traudi Junge: “Eu e minha esposa
escolhemos a morte para escapar da vergonha de se render. É nosso desejo que
nossos corpos sejam queimados imediatamente”. Assim consta no livro Hitler”s
Last Days: The Death of the Nazi Regime and the World”s Most Notorious
Dictator, do norte americano Bill O”Reilly, que será lançado em junho e que
assinala que foi esse mesmo dia, cerca da 01h00 da manhã, quando o líder
nazista contraiu matrimônio com Eva Braun, com quem havia mantido um romance
secreto durante 14 anos.
A
tensão, a essas alturas, já havia se apoderado da casamata e isso ficou
refletido na reação de Boebbels quando se encontrou com Junge no momento que
fazia as correções finais ao testamento de Hitler. “Ele me ordenou que tomara
um posto importante no novo governo. Mas não posso, não posso deixar Berlim.
Não posso abandonar o Führer, não vejo o motivo de seguir vivendo se está
morto”, disse, segundo afirma o livro de Bill O”Reilly, e acrescenta: “Pela
primeira vez em minha vida, devo me negar a obedecer uma ordem do Führer. Minha
esposa e filhos se uniram nesta recusa”. A decisão não deixou indiferente a
Flegel que assegurou que intentou persuadir à esposa de Goebbels para que não
matara a seus seis filhos. “Eram umas crianças encantadoras. Hitler lhes tinha
muito carinho, tomava chocolate quente com eles e os deixava usar seu próprio
banheiro”, disse a The Guardian.
No
meio deste ambiente, as horas avançavam e o bombardeio soviético se
intensificava. O Exército Vermelho só estava a uma pequena distância da
casamata.
Assim,
nas primeiras horas de segunda-feira 30 de abril, Hitler se despediu de sua
equipe médica. “Saiu de um quarto lateral e nos apertou a mão. Disse algumas
palavras amistosas e isso foi tudo”, contou Flegel. Enquanto que seu guarda
costas recordou claramente os últimos minutos do Führer: “Quando entrou em seu
escritório, todos sabíamos o que ia passar, não escutamos nada, não recordo
quem abriu a porta. Naturalmente olhei e vi a Hitler morto e a Eva também no
sofá, olhando a ele”. Tal como o ordenou Hitler, seu corpo e o de Eva foram
levados ao jardim para serem incinerados. Os dias de Hitler haviam chegados a
seu fim.
(*)
Cristina Cifuentes
Fonte:
“La Tercera” – jornal chileno.
Tradução
livre do espanhol para português feito por: Juarez de Oliveira Castro.
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