Por Barbosa Nunes (*)
Parafraseando Luiz Gonzaga:
“Minha vida é andar por este país... Guardando as recordações, das terras onde
passei, andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei”. Nada mais que uma
vida de viajante por uma missão maçônica. O faço me enriquecendo
espiritualmente nas idas e vindas.
Foi o que aconteceu nos dias
15, 16 e 17 de abril, quando conduzido por um grupo de maçons liderado pelo
Grão-Mestre Estadual do Grande Oriente do Brasil – Paraíba, Geraldo Alves dos
Santos, parti de João Pessoa para chegar a Catolé do Rocha, Alto Sertão
Paraibano.
Antes passando por Campina
Grande, Santa Luzia, Caicó, Patos e Pombal. No retorno por Brejo do Cruz,
cidade marcada pela confecção artesanal, sobretudo de redes nordestinas.
Em João Pessoa, onde o sol
chega primeiro e romântica com “Bolero de Ravel”, estive em sessão e
homenageado na Loja “Padre Azevedo”. Padre Azevedo ficou conhecido por criar
uma máquina de escrever a mão com o auxílio de apenas lixa e canivete. Só que a
máquina não teve reconhecimento e o padre, com o passar dos anos, ficou
esquecido no tempo. Existem suspeitas que o padre foi sabotado por um amigo
estrangeiro, que roubou os seus projetos. Outras fontes garantem que o modelo
da máquina de escrever brasileira foi transferida para os Estados Unidos ou
Inglaterra por um estrangeiro, mas com autorização do padre Azevedo.
Segundo o biógrafo Ataliba
Nogueira, o padre foi enganado e seus desenhos roubados. Tudo isso feito por um
agente de negócios que o convenceu a não continuar o projeto da máquina e
desistir de tudo. O padre aceitou essa ideia. O agente de negócios então roubou
tudo sobre a máquina e entregou nas mãos do tipógrafo estadunidense Christopher
Latham Sholes (1819 - 1890), que aperfeiçoou a máquina e a apresentou a todos
como sendo seu o projeto, vindo a ser reconhecido como o inventor da máquina de
datilografia.
Francisco João de Azevedo, o
inventor da máquina de escrever, é hoje nome de rua, de uma Loja Maçônica, onde
com muita honra estive e de uma escola de datilografia em João Pessoa, a cidade
onde nasceu. No Recife, onde viveu a maior parte de sua vida e se ordenou
padre, não há referências ao inventor nos museus do estado.
Fui levado pelo Grão-Mestre
Geraldo Alves dos Santos, Grão-Mestre Honorário Aderaldo Pereira de Oliveira e
maçons Eduardo Faustino, Guilherme Travassos Sarinho, Juvenal Da Roz, Gilvandro
Ramos dos Santos, Antônio Mário, José Humberto de Souza, Almir Laureano,
deputado estadual Lula, Davi Reis e pela presidente da Fraternidade Feminina
Estadual, Miriam Castro dos Santos.
Em Santa Luzia visitamos a
Loja “Vale do Sabugi”, com um dos mais belos templos do Brasil, presidida pelo
Venerável José Ivaldo de Morais, conhecidíssimo por “Galego”. Muito emocionado,
revi a Carta Constitutiva da Loja, por mim assinada, quando do exercício do
Grão-Mestrado Geral.
Percorrendo os 480 quilômetros
entre João Pessoa e Catolé do Rocha, vivi momentos extremamente felizes,
descontraídos, com avaliações e análises de assuntos maçônicos, sempre com a
boa palavra de Miriam Castro dos Santos e as intervenções inteligentes,
curiosas, mas verdadeiras, de Davi Reis, por mim cognominado “Super Davi”, pois
está, segundo ele, 25 horas por dia, disponível para os maçons da Paraíba e do
Brasil.
Catolé é uma palmeira nativa
de abundância em outros tempos na região e Rocha, uma homenagem ao seu fundador
que tinha este sobrenome. A história registra a presença de habitantes e
fazendas de gado desde 1700 e as primeiras edificações iniciadas em 1774, pelo
Tenente Coronel Francisco da Rocha Oliveira e sua esposa, Dona Brásida Maria da
Silva.
Sua padroeira é Nossa Senhora
dos Remédios. É muito hospitaleira, com aproximadamente 30 mil habitantes, uma
das mais importantes do sertão paraibano. Chico César, uma dos filhos
reconhecido na música popular nacional, canta a sua terra no seu hino:
“Volto a ti como um pródigo
sem teto. Procurando o teu afeto. Oh meu Deus, quanto sofri, quando bem longe
eu pensava em voltar olhando o céu azul, eu me punha a soluçar.”
Em Catolé do Rocha na Loja
“União Catoleense”, presidida pelo Venerável Francisco de Lima, seis novos
integrantes foram recebidos, Fábio de Oliveira, Josinaldo Trajano, Cristóvão
Jaques, Evandro Osório de Lima, Francisco Dantas Veras Neto e Joaquim Daniel
Junior. Solenidade altamente prestigiada por mais de 100 maçons da região,
concluída socialmente em um evento referencial com jantar e homenagens às
mulheres da maçonaria catoleense.
Concluo este artigo enviando
aos paraibanos que estão conosco aqui todos os sábados, reconhecimento a um
povo destemido, corajoso, uma terra cravada na história do Brasil por
acontecimentos decisivos e a uma prática maçônica do Grande Oriente Estadual –
GOB Paraíba, liderada pelo Grão-Mestre Geraldo Alves dos Santos, querido e
admirado pela família maçônica daquele estado, pelo seu equilíbrio, mansidão e
seguro no seu caminhar na Ordem Maçônica.
Para mim, mais uma vez
gratificante, agora indo a ponto longínquo no Alto Sertão Paraibano, que é
Catolé do Rocha, povo acolhedor e cidade agradável, que me proporcionou
momentos inesquecíveis, por isto me defini no Grande Oriente do Brasil, “minha
vida é andar por este país, guardando as recordações, das terras onde passei,
andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei.
(*) Barbosa Nunes, é Grão-Mestre Geral Adjunto
do Grande Oriente do Brasil - barbosanunes@terra.com.br
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