Por Ximenes
Albert Gallatin Mackey |
Alguns
autores e obras são citados constantemente na maioria dos livros pela sua
importância cronológica e, mais ainda, pela contribuição imprescindível que
deram na organização de nossa instituição. Poderíamos mencionar os trabalhos
eternos de Joseph Paul Oswald Wirth, Robert Freke Gould, George Kloss, William
Hutchinson, René Guénon, Wilhelm Begemann, Eliphas Levy, Alec Mellor e tantos
outros não menos importantes. Trataremos aqui, de maneira breve, da obra de
Albert Gallatin Mackey, possivelmente, o mais citado de todos os autores, fato
este que se deve a especificamente um de seus legados.
O
americano Albert Gallatin Mackey talvez tenha sido o mais importante
historiador e jurista maçônico que aquela nação já produziu. Segundo seus
próprios compatriotas, até hoje não se avaliou adequadamente as conseqüência
que seus trabalhos tiveram sobre a maçonaria, não só americana, mas também de
todo o mundo.
Dos
Irmãos Americanos que conquistaram fama internacional no mundo maçônico, vários
foram escritores cujos trabalhos ajudaram na formação e na extensão da luz
maçônica, dentre estes nenhum escreveu tão volumosamente como o fez Mackey.
Nascido
em 12 de março de 1807 na cidade de Charleston no estado americano da Carolina
do Sul, Albert Mackey graduou-se com honras na faculdade de medicina daquela
cidade em 1834. Praticou sua profissão por vinte anos, após o que dedicou quase
que completamente sua vida à obra maçônica.
Recebeu
o grau 33, o último grau do Rito Escocês Antigo e Aceito, e tornou-se membro do
Supremo Conselho onde serviu como Secretario-Geral durante anos. Foi nesta
época que ele manteve uma estreita associação com outro famoso maçom a
americano, Albert Pike.
Participou
como membro ativo de muitas lojas, inclusive a legendária “Solomon’s Lodge No.
1,” (http://www.solomonslodge.org/main.htm), fundada em 1734, que é, ainda
hoje, a mais famosa e mais antiga loja operando continuamente na América do
Norte. Ocupou inúmeros cargos de destaque nos mais altos postos da hierarquia
maçônica de seu país.
Pessoalmente
o Dr. Mackey foi considerado encantador por um círculo grande de amigos
íntimos. Seu comportamento representava bem o que, entre os americanos, é
chamado de cortesia sulista. Sempre que se interessava por um assunto era muito
animado em sua discussão, até mesmo eloqüente. Generoso, honesto, leal,
sincero, ele mereceu bem os elogios e qualificações que recebeu de inúmeros
maçons de destaque.
Um
revisor da obra de Mackey disse que, como autor de literatura e ciência
maçônica, ele trabalhou mais que qualquer outro na América ou na Europa. Em
1845 ele publicou seu primeiro trabalho, intitulado Um Léxico de Maçonaria,
depois disto seguiram-se: “The True Mystic Tie” 1851; The Ahiman Rezon of South
Carolina,1852; Principles of Masonic Law, 1856; Book of the Chapter, 1858;
Text-Book of Masonic Jurisprudence, 1859; History of Freemasonry in South
Carolina, 1861; Manuel of the Lodge, 1862; Cryptic Masonry, 1867; Symbolism of
Freemasonry, and Masonic Ritual, 1869; Encyclopedia of Freemasonry, 1874; and
Masonic Parliamentary Law 1875.
Mackey
esteve até o fim da vida envolvido com a produção de conhecimento maçônico.
Além dos livros citados ele contribuiu com freqüência para diversos periódicos
e também foi editor de alguns. Por fim, publicou uma monumental “History of
Freemasonry”, que possui sete volumes. Um testemunho da importância e
popularidade que os livros escritos por Mackey têm é o fato de que muitos deles
são editados até hoje e estão à venda em livrarias, inclusive pela Internet. No
Brasil, por exemplo, é possível encontrar pelo preço aproximado de R$54,00 um
exemplar de “History of Freemasonry” (http://www.sodiler.com.br/index.cfm). No
site da livraria Amazon (www.amazom.com), tida como a maior da Internet, é
possível adquirir 26 edições diferentes quando se procura livros usando como
referência as palavras Albert Mackey. Para quem tem habilidade de leitura em
inglês, é possível ler um livro inteiro de Mackey disponível na internet. O
título “Symbolism of Freemasonry” ou o Simbolismo na Maçonaria, de 364 páginas,
que pode ser encontrado no seguinte link:
http://www.hti.umich.edu/cgi/t/text/text-idx?c=moa;idno=AHK6822. Dos muitos
trabalhos que o Dr. Mackey legou à posteridade, um julgamento quase universal
identifica a “Encyclopedia of Freemasonry” como a obra de maior importância.
Anteriormente a publicação deste livro não havia nenhum de igual teor e
extensão em qualquer parte do mundo. Esta obra teve muitas edições e foi
revisada várias vezes por outros autores maçônicos.
A
contribuição de Mackey para o pensamento e leis maçônicas, produto de sua mente
clara e precisa, é tida como de fundamental importância. Praticamente toda a
legislação maçônica fundamental é hoje interpretada com base em alguns de seus
escritos. É verdade que algumas de suas obras contêm enganos, mas o conjunto é
de extremo valor e, em particular, um trabalho tem especial destaque no mundo
todo. A compilação feita por ele dos marcos ou referenciais básicos da
maçonaria é adotada como fundamento em vários ritos e obediências. Estamos
falando aqui dos tão mencionados e conhecidos “Landmarks”.
A
primeira vez em que se fez menção à palavra Landmark em Maçonaria foi nos
Regulamentos Gerais compilados em 1720 por George Payne, durante o seu segundo
mandato como Grão-Mestre da Grande Loja de Londres, e adotados em 1721, como
lei orgânica e terceira parte integrante das Constituições dos Maçons Livres, a
conhecida Constituição de Anderson, que, em sua prescrição 39, assim,
estabelecia:
“XXXIX
– Cada Grande Loja anual tem inerente poder e autoridade para modificar este
Regulamento ou redigir um novo em benefício desta Fraternidade, contanto que
sejam mantidos invariáveis os antigos Landmarks…”
A
tradução da palavra Landmark do inglês para o português resulta no substantivo
“marco”, que, caso consultemos o dicionário Aurélio, tem o seguinte
significado: marco [De marca.] S. m. 1. Sinal de demarcação, ordinariamente de
pedra ou de granito oblongo, que se põe nos limites territoriais. [Cf. baliza
(1).] 2. Coluna, pirâmide, cilindro, etc., de granito ou mármore, para
assinalar um local ou acontecimento: o marco da fundação da cidade. 3. Qualquer
acidente natural que se aproveita para sinal de demarcação. 4. Fig. Fronteira,
limite: os marcos do conhecimento.
Estas
definições exemplificam bem o contexto no qual o termo Landmark é utilizado,
além de fazer uma referência quase explícita às origens operativas da
maçonaria, quem já construiu algo em alvenaria sabe que a fixação dos marcos é
um dos primeiros momentos da obra e um passo fundamental para a sua execução.
Sem marcos bem estabelecidos fica muito difícil a obra ser bem executada.
Os
Landmarks, que podem ser considerados uma “constituição maçônica não escrita”,
longe de serem uma questão pacífica, se constituem numa das mais controvertidas
demandas da Maçonaria, um problema de difícil solução para a Maçonaria
Especulativa. Há grandes divergências entre os estudiosos e pesquisadores
maçônicos acerca das definições e nomenclatura dos Landmarks. Existem várias e
várias classificações de Landmarks, cada uma com um número variado deles, que
vai de 3 até 54. Virgilio A. Lasca, em “Princípios Fundamentales de la Orden e
los Verdaderos Landmarks”, menciona uma relação de quinze compilações.
As
Potências Maçônicas latino-americanas, via de regra, adotam a classificação de
vinte e cinco Landmarks compilada por Albert Gallatin Mackey. Deve-se a isto a
frequência com que o Mackey é mencionado também entre nós.
Segundo
estudiosos do assunto, a compilação de Mackey teve sucesso por que conseguiu ir
ao passado e trazer as tradições e costumes imemoriais à prática maçônica
moderna. Este trabalho estabeleceu a ordem em meio ao caos, fornecendo um ponto
de partida para os juristas e legisladores maçônicos que o seguiram.
Fato
é que o grande trabalho de Mackey em jurisprudência, e mesmo o que se estende
além dos Landmarks ou da jurisprudência, sobreviveu ao teste do tempo. Ainda
hoje ele é freqüentemente citado como uma autoridade final. Suas contribuições
tiveram, e ainda tem, um efeito profundo e permeiam grande parte do pensamento
maçônico moderno. Ao criar sua obra, este autor, estava na realidade criando os
marcos sobre os quais foi possível edificar grande parte do conhecimento
maçônico que se produziu posteriormente.
Albert
Gallatin Mackey passou ao oriente eterno em Fortress Monroe, Virgínia, em 20 de
junho de 1881, aos 74 anos. Foi enterrado em Washington em 26 de junho, tendo
recebido as mais altas honras por parte de diversos Ritos e Ordens. Hoje existe
nos Estados Unidos uma condecoração, a “Albert Gallatin Mackey Medal” , que é a
mais alta condecoração concedida a alguém que muito tenha contribuído para a
causa maçônica.
Fonte: http://www.msmacom.com.br/
Bibliografia:
Este
trabalho foi elaborado tendo como base a bibliografia listada abaixo, sendo que
dela foram retirados as idéias centrais, referências e inclusive transcrições
literais.
1-Publicação
da Aug.’. Resp.’. Loj.’. Simb.’. São Paulo nº 43. (http://www.lojasaopaulo43.com.br/publicacoes.php)
2-Publicação
da Gran.’. Loj.’.Maç.’.do Estado da Paraíba.
(http://www.grandeloja-pb.org.br/legis_landmarks.htm)
3-The
Grand Lodge of Free and Accepted Masons of the State of California
(http://www.freemason.org/mased/stb/stbtitle/stb1936/stb-1936-02.txt)
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