O Dia do Professor: A Lição Que Não Acaba


OUÇA A VERSÃO EM ÁUDIO

Por Luiz Sérgio Castro

Há datas que se inscrevem no calendário como simples lembranças; outras, porém, carregam o perfume da eternidade. O 15 de outubro, Dia do Professor, é uma dessas. Não é apenas uma data comemorativa, é uma pausa no tempo — uma reverência silenciosa a todos os que, com paciência e amor, acendem a luz do saber onde antes havia apenas a sombra da ignorância.

A origem dessa efeméride no Brasil remonta ao ano de 1827, quando o imperador Dom Pedro I assinou um decreto criando o ensino elementar no país e instituindo as “escolas de primeiras letras”. Era um passo modesto, mas decisivo, para a formação de um povo que começava a se reconhecer na palavra escrita. Mais de um século depois, em 1947, a data ganharia novo significado quando o professor Salomão Becker, da Escola Caetano de Campos, em São Paulo, sugeriu que aquele dia fosse reservado para homenagear os mestres. A ideia se espalhou, como boa semente lançada em solo fértil, e em 1963, o Dia do Professor foi oficializado em todo o território nacional.

Desde então, a cada 15 de outubro, o país inteiro volta o olhar — ao menos por um instante — para esses artesãos da palavra e da razão. São eles que, entre livros gastos e lousas cheias de sonhos, constroem o alicerce invisível da sociedade. Muitos deles não ganham estátuas nem manchetes, mas deixam monumentos em cada mente desperta, em cada coração transformado.

Lembro-me de uma professora de letras, já idosa, que certa vez disse: “O giz é o bastão da tocha que acende a mente dos outros.” Naquele dia, entendi que ser professor é mais do que ensinar — é doar-se. É repetir, com fé, a lição todos os dias, mesmo sem garantias de ser ouvido. É acreditar, como quem cultiva uma árvore, que um dia o fruto virá, mesmo que não seja em seu tempo.

As homenagens, é verdade, muitas vezes se limitam a flores, mensagens nas redes sociais e discursos formais. Mas o verdadeiro tributo ao professor acontece no cotidiano: quando um ex-aluno o reconhece na rua e agradece; quando uma criança lê a primeira palavra; quando uma mente curiosa se abre para o infinito.

O Dia do Professor é, portanto, mais do que uma celebração — é uma lembrança do quanto devemos àqueles que nos ensinaram a pensar, a questionar, a sonhar. Pois se o médico cuida do corpo, o engenheiro constrói as pontes, o agricultor alimenta o mundo — o professor, este, ensina todos eles.

E quando o quadro se apaga ao final da aula, fica no ar um pó de sabedoria — leve, invisível, eterno — que continua a se espalhar, de geração em geração, como a lição mais bonita de todas: o conhecimento é o dom que ninguém pode nos tirar.

LEIA TAMBÉM:


DEIXE O SEU COMENTÁRIO

Postar um comentário

0 Comentários