Quando a fraternidade ultrapassa as colunas do Templo e alcança o
coração humano
Por Luiz Sérgio Castro
Em Scarborough, no norte da Inglaterra, um gesto fraterno acaba de ecoar
pelo mundo maçônico. A casa de repouso Cayton View Care Home tornou-se a primeira
instituição do mundo a aderir oficialmente ao programa “Maçom Consciente”,
lançado pela Maçonaria inglesa. A iniciativa busca assegurar que irmãos e
familiares com vínculos maçônicos sejam reconhecidos, apoiados e mantidos em
comunhão mesmo em fases de maior fragilidade, como a velhice ou a perda da
autonomia.
Mais do que uma notícia, trata-se de um sinal dos tempos — de que a
Maçonaria pode e deve se reinventar, reafirmando seus princípios de
fraternidade, solidariedade e serviço em todos os estágios da vida.
O que é o Programa “Maçom Consciente ”
O “Maçom Consciente ” foi criado pela Grande Loja Unida da Inglaterra
com base em seus quatro valores centrais:
Integridade, Amizade, Respeito e Serviço.
A proposta é simples e profunda:
“Nenhum maçom deve ser esquecido, mesmo quando já não pode
frequentar a Loja.”
Para isso, as casas de repouso que aderem ao programa passam a:
Identificar novos residentes com vínculo maçônico;
Oferecer contato direto com representantes da Maçonaria local;
Promover atividades de integração e apoio fraternal;
Capacitar a equipe para compreender a história, os símbolos e a ética
maçônica;
Exibir uma placa de certificação “Maçom Consciente Care Home”, indicando seu compromisso
com o cuidado fraternal.
A Cayton View Care Home, em Scarborough, inaugurou o selo e servirá de
modelo para futuras adesões em todo o Reino Unido.
O Significado para os Maçons Brasileiros
Embora esta iniciativa tenha nascido sob a jurisdição inglesa, seu significado
ultrapassa fronteiras e dialoga diretamente com os valores cultivados pela
Maçonaria brasileira.
Em nossas Lojas, falamos frequentemente de solidariedade e amor
fraternal, mas poucos projetos institucionais são voltados ao cuidado dos
irmãos em idade avançada ou em situação de vulnerabilidade. O “Maçom Consciente
” nos convida a repensar o exercício prático da Fraternidade.
1. A Fraternidade que não termina no Templo
O programa reforça a ideia de que o juramento maçônico não é apenas
simbólico. Ele se concretiza quando o Ir., mesmo afastado por enfermidade ou
idade, continua sendo reconhecido e amparado por sua Ordem.
A Maçonaria é — ou deve ser — uma família espiritual que acompanha seus
membros até o último suspiro.
2. Um exemplo de visibilidade positiva
Em tempos de desinformação e ataques à Instituição, ações como esta
revelam à sociedade a face humana e ética da Maçonaria.
Parcerias com lares de idosos, hospitais e instituições filantrópicas
poderiam fortalecer também no Brasil essa imagem de Fraternidade atuante, que
cuida de pessoas, não apenas de ideias.
3. Um convite à ação das Obediências brasileiras
Nada impede que nossas Grandes Lojas e Potências simbólicas criem
programas equivalentes — como, por exemplo, um “Selo Maçonicamente Consciente”
para lares e entidades que acolham irmãos ou viúvas de maçons.
A implementação poderia ocorrer por meio de comissões de solidariedade,
núcleos de assistência maçônica ou fundações já existentes.
Como o Brasil poderia adaptar o modelo
Mapeamento de instituições de longa permanência com presença maçônica
local.
Criação de um protocolo nacional inspirado no “Maçom Consciente ”,
adaptado às normas brasileiras.
Treinamento de voluntários e irmãos visitantes para acompanhar maçons
idosos.
Certificação simbólica das instituições aderentes, com selo reconhecido
pelas Obediências participantes.
Divulgação e sensibilização, mostrando à sociedade que a Maçonaria cuida
dos seus — e de todos que necessitam.
Reflexão Final
O “Maçom Consciente” é mais que um programa social: é uma expressão
viva da Arte Real.
Ao unir fraternidade, dignidade e serviço, ele traduz em ação concreta o
ensinamento contido no ritual:
“A verdadeira caridade não se ostenta; manifesta-se em gestos
silenciosos de amor.”
Que o exemplo vindo da Inglaterra inspire as Lojas brasileiras a renovar seu compromisso com o cuidado humano, lembrando sempre que a Maçonaria não termina na Coluna do Norte ou do Sul — ela continua em cada ato de bondade que edificamos no mundo profano.
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