Por Nuno Raimundo (*)
Já
em dois textos anteriores que podem ser consultados aqui abordei como assunto o “Método Maçônico” e hoje
volto ao mesmo tema para complementar o que foi anteriormente publicado.
O
designado "Método Maçônico" é um processo refletivo, seja ele
autónomo (pessoal) ou coletivo (na forma de debate).
Na
sua forma pessoal, é um modo de auto-questionamento que em última
instância levará ou deveria levar, a um aprimoramento moral e social do seu
interlocutor.
As
questões pessoais que afligem e que com as quais se debate um maçom enquanto
ser humano, logo "ser pensante", os “talvez?!”, os"quês?!",
os "porquês?!", os "serás?!", os "conseguirei?!"
e outras questões análogas que possam surgir na mente e na vida de um maçom,
serão a base do seu pensamento, da sua motivação e que levarão à sua
suplantação pessoal.
Isto
é a busca pelo auto-aperfeiçoamento, conceito este commumente tão
propalado no meio Maçônico.
Já
a prática da reflexão coletiva na forma de debate ou discussão de ideias, leva
a que se possa partilhar o que se conhece, a informar e ser-se informado,
trocar pontos de vista e opiniões diversas e/ou contrárias, com o intuito da
obtenção de consensos e/ou informação que seja verdadeira ou a mais próxima
da realidade.
Este
método em si não é muito díspar de outros que também usam o debate e partilha
de ideias, logo não será nem melhor nem pior que os restantes, mas é aquele que
os maçons utilizam como sustentáculo da sua filosofia.
O
"Século das Luzes", época na qual a atual Maçonaria (Maçonaria
Especulativa) teve origem, foi um tempo de debates intensos e amplos na
sociedade vigente e muito das ideias e ideais que se partilhavam nessa altura
da história eram originários e debatidos no seio das lojas maçónicas de
então. E sendo as Lojas Maçónicas um espaço (local) onde a liberdade de
expressão e de ideias sempre existiu, ainda para mais nesse tempo em que a
Liberdade era um conceito mais teórico que prático no mundo,
estas Lojas albergavam a vanguarda do pensamento da época; o que possibilitou a
transferência desse espírito liberal para a sociedade civil, levando a um
consequente avanço tanto da sociedade em si como também da forma de pensar
das pessoas que viveram nesses tempos.
-
E a Maçonaria ainda o continua a fazer contemporaneamente...-
Pois
o facto da atual Maçonaria ser designada por "especulativa" é devido
à própria Ordem fomentar a "especulação", o debate, a
"conversa" livre de dogmas, em si, "o questionamento".
-
Apenas questionando se pode evoluir!-
Esta
maçonaria dita de "especulativa" é muito diferente da maçonaria primitiva,
a Maçonaria Operativa, que era a maçonaria dos "construtores das
catedrais", que tinha outro tipo de intervenção e preocupações.
E
com a entrada de pessoas nestas guildas (associações ligadas à "Arte de
Construir") que tinham outro tipo de profissões e origens,
procedeu-se a uma "transformação" na forma e essência que
caracterizava essa maçonaria. Deixando esta de ser uma associação ou fraternidade
de trabalhadores unidos pelo elo da "construção" para se tornar em
algo mais que um mero "clube de discussão". E friso "algo
mais" porque estes grémios acabaram por mudar/mutar o sistema pensante
vigente, porque ao sentar lado a lado, de igual para igual, gente
com origens e forma de pensar (muitas vezes) distinta, criou algo que seria
quase impensável para a época e para os locais onde a Maçonaria Especulativa se
ia então estabelecendo e consolidando.
-
E é também por estas razões que este "método" que é desenvolvido
de uma forma racional e algumas vezes pragmática, tem uma maior
eficácia e interesse na sua executabilidade. -
Assim
e pelo que referi anteriormente, pode-se concluir que o
"pensamento" foi sempre, na Maçonaria, um ponto de
partida para algo mais. Quer fosse a nível pessoal ou de forma coletiva,
propiciando a evolução pessoal (dos seus obreiros) e o progresso civilizacional
dos povos onde (a Ordem) se encontre instituída.
Estas
são as principais metas a que Maçonaria se propõe a atingir/efetuar, seja
como Instituição ou através dos seus obreiros.
Fonte: A Partir Pedra
(*) Nuno Raimundo é membro da
RL Mestre Affonso Domingues
Portugal
RECEBA NOSSA NEWSLETTER
0 Comentários