Por José
Reinaldo de Melo
Ao
tempo que se comemora o “DIA NACIONAL DO RITO BRASILEIRO”, há de fazer uma
reflexão analógica ante aos compromissos maçônicos por nós assumidos nos
diversos graus filosóficos do Sistema Brasilista.
O
Brasil maçônico possuía até 1914, cinco Ritos, todos egressos da Europa,
oriundos do século passado, fundados em Nações detentoras de Impérios
Coloniais, tais como Grã-bretanha, França, Alemanha e Portugal. Cumpriram
galhardamente o grande papel em trazer para o Brasil a Maçonaria Universal e
aqui muito realizaram.
Entretanto
com a fundação do Rito Brasileiro em 1914 por Lauro Sodré, pode-se dizer que
foi consagrada à maioridade maçônica do Brasil, pela autodeterminação a que se
propõe o Rito Brasileiro quando afirma conciliar a Tradição com a Evolução,
impondo a consciência do povo maçônico do Brasil.
Sabemos
que o Rito Brasileiro propõe ser o Rito da Renovação, servindo a legenda do GOB
“Novae Sed Antiquae”, isto é, “antiga porém nova”, exigindo assim, o
convívio da Tradição com a Evolução, porque o Espírito Maçônico evolui com o
tempo, o que nos leva a relembrar a afirmativa do Ilustre Filósofo e Teólogo
Dinamarquês Sorem Kiergaard: “A vida só pode ser entendida olhando-se para
frente”.
Nós
maçons do Rito Brasileiro, vemos dentro e fora da jurisdição nacional, porque
nosso Rito é, sem favor, o Rito da Renovação Maçônica, ele que é a maçonaria
ambígena, como foi dito pelo Professor Álvaro Palmeira, sendo simultaneamente
Contemplativa e Militante. Por esta razão em face do mundo exterior, temos que
demonstrar AÇÃO, sair da inércia e não ficar olhando os fatos acontecerem.
Abramos os nossos Rituais e recordemos os compromissos assumidos de cada grau.
A
história contemporânea do Rito Brasileiro é a própria história de maçons
ilustres que obstinadamente, desfraldaram a Bandeira Nacional e a transportaram
para dentro do Templo Maçônico, não isoladamente como símbolo Augusto da Nação,
mas como a própria Nação dentro da Maçonaria.
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A
Maçonaria espera do Rito Brasileiro que seja um guardião do sentimento cívico e
patriótico que são fundamentais para a construção de um Brasil melhor e para
preservação de nossos valores morais, pois, numa sociedade de consumo em que
vivemos, um irmão as vezes não conhece mais outro irmão com seus valores
morais, éticos e culturais. A evolução social caminha a passos largos para a
neurose coletiva, ante graves problemas tais como: a fome, o tóxico, o menor
abandonado, a poluição ambiental e ecológica, a criminalidade, a violência, a
injusta distribuição de renda, a corrupção desenfreada, o assalto continuo às riquezas
nacionais, etc., etc.
Cabe,
portanto, aos Irmãos Brasilistas uma grande parcela de responsabilidade na
condução do “rebanho universal”. Os compromissos assumidos em todos os graus
são simbólicos, Poderosos Missionários, devem estar sempre presentes em nossas
mentes para que os nossos atos não falhem.
O
Rito Brasileiro não veio somente para trabalhar para hoje, para isto, torna-se necessário
extirpar a falsa alquimia do meio maçônico, a vaidade e ostentação de graus,
assim como os dogmas pessoais e a tola magia, substituindo-os pela verdadeira
filosofia, e com sabedoria o espírito maçônico despertará para a sustentação do
futuro alicerçado nas antigas tradições. É premente a revitalização do ideal
maçônico. Já abordamos nesse assunto noutras oportunidades e temos a certeza e
convicção de que o atingimento desse ideal será facilmente alcançado se
conjugarmos esforços por uma Maçonaria Militante assentada sobre a verdadeira
razão dissociada do falso misticismo e da superstição.
O
Rito Brasileiro também não veio para formar uma determinada classe de maçons,
porque, se assim fosse, seria superficial. Seu objetivo é o de unir os homens
pelo aperfeiçoamento e prepara-los para o terceiro milênio, agrupando-se homens
de todas as tendências em torno de um único ideal, cada um dando o que pode e
recebendo o que não usurpa.
O
Rito Brasileiro que eu entendi, não comporta o preconceito, a inveja e o
sectarismo, ensinamento básico da Maçonaria Universal.
Somente
refletindo profundamente seremos capazes de contemplar a obra acabada. O Rito é
sem duvida a Maçonaria do amanhã que começou quando nasceu, assim, como a vida
já existia quando o homem não conhecia a morte.
Em
todo Sistema Brasilista, ou seja, nos seus trinta graus afetos à Potência
Filosófica oferece ao maçom uma formação completa. Efetivamente, forma o homem
como VALOR MORAL, e HOMEM SOCIAL, e o HOMEM CÍVICO, fechando a cúpula com o
SERVIDOR DA ORDEM E DA PÁTRIA, quando então estará preparado para esta grande
missão, a de servir, ai sim, então poderá dizer que de fato “Viu a Maçonaria”.
Todos
que se alinham honrando e engrandecendo o Rito Brasileiro, merecem a homenagem
de nosso bem querer e de nosso respeito. Não importa o que sejam, que vale é o
bem e que de bom os irmãos fazem, e que, tenhamos em cada canto do Brasil, do
continente, do mundo, uma loja do Rito Brasileiro elevando mais a Maçonaria
Universal.
Façamos,
pois, a nossa participação vigorosa no momento que se passa. Sejamos o “Sal da
Terra” de que falou o Grande Iniciado.
Meus
Irmãos após estas colocações, retornamos aos fatos históricos que levaram
identificar a data de 25 de abril como sendo o dia do Rito Brasileiro.
Curioso
é, a “priori”, não ser o dia de sua fundação (23/12) ou mesmo o dia de sua
reimplantação (19/03), mas como sabemos tudo tem razão de ser, e esta não seria
diferente.
O estabelecimento desta data decorreu do
resultado de estudos e pesquisas realizadas por abnegados irmãos da Magna
Reitoria, tendo levantado todas as datas dos diversos eventos ao longo de toda
história do rito e, fazendo-se uma avaliação dos fatos, verificou-se que de
nada adiantaria ter sido o rito fundado e reimplantado sem que de fato fosse
colocado em prática, como fora outrora no período de 1914 a 1968.
É
interessante notar que o Decreto 124 de 25 de agosto de 1970, instituiu o “DIA
NACIONAL” do Rito Brasileiro como sendo o dia 7 de setembro, no sentido de
reverenciar a emancipação política do Brasil.
Por
outro lado, o Regulamento Especial do Supremo Conclave do Brasil (Art. 41)
instituiu o dia 24 de maio como o “DIA DO RITO BRASILEIRO”, concluindo dia duas
datas, ou sejam, uma como DIA NACIONAL (7/09) e outra DIA DO RITO (24/05).
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Diante
dessa situação, a Oficina-Chefe do Rito resolveu definir efetivamente a data e,
por ocasião da realização da I Convenção Nacional do Rito – 18/20 outubro 1974,
Rio – foi feita a regulamentação de que consta do artigo 42 do Regulamento
Especial reconhecida no dia 21 de setembro de 1976, data esta da aprovação do
Regulamento Especial do Rito, hoje em vigor, como sendo O DIA NACIONAL DO RITO,
o dia 25 DE ABRIL, que também comemora-se a fundação do Supremo Conclave do
Brasil.
Mas,
o principal marco de sua efetiva existência no meio maçônico, como elo de
ligação da Potência Filosófica – Oficina-Chefe do Rito, o Supremo Conclave e a
Potência Simbólica, o Grande Oriente do Brasil, que o adotou, foi sem dúvida o
advento da fundação da Primeira Loja Simbólica sob a jurisdição do Grande
Oriente do Brasil, e, esta ocorrera exatamente no dia 25 de abril de 1968, numa
quinta-feira de lua crescente sob o signo de touro regido por Vênus tendo como
seu elemento da natureza a TERRA, quando vários irmãos assinaram a ata de
fundação da Aug.’.Resp.’.Loj.’. “Fraternidade e Civismo” nº 1796 ao oriente do
Rio de Janeiro Palácio do Lavradio cuja regularização se deu no dia 24 de maio
do mesmo ano.
A
importância desta data é de fundamental relevância, pois, com esta homenagem
dada à Loja Primaz do Rito, consolidou o fato como sendo o cordão umbilical que
une as duas Potências Maçônicas – Filosófica e Simbólica.
Portanto,
devemos render nossas mais sinceras homenagens de congratulações à feliz idéia
e sábia decisão tomada pelos nossos dirigentes e que a renovação proposta pelo
Rito seja sólida e crescente na forma preconizada nos ensinamentos
doutrinários.
Assim, saudemos numa só voz,
Com um viva a maçonaria do Brasil,
Salve a Fraternidade entre nós,
Viva o Vinte e Cinco de Abril.
Sursum Corda
José Reinaldo de Melo
Goiânia GO
Fonte: Jornal "O Semeador" nº 32 de
abril/1994
Supremo Conclave do Brasil
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