A Maçonaria e a Lei de Vichy: Repressão e Perseguição na Segunda Guerra Mundial


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Da Redação

Em 1941, o governo do regime de Vichy, submisso às ordens e interesses da Alemanha nazista, promulgou uma lei que marcou mais um capítulo sombrio da repressão contra a Maçonaria na Europa. Essa legislação obrigava a divulgação pública dos nomes de todos os dignitários maçônicos, medida que não apenas expunha os maçons à hostilidade social e política, mas também os proibia de exercer qualquer função pública.

Essa ação não foi isolada. Desde o início da Segunda Guerra Mundial, a Maçonaria foi duramente perseguida em praticamente todos os países ocupados ou sob influência do Eixo. Na França, sob o regime de Vichy, a política antimaçônica foi parte de uma agenda mais ampla de alinhamento ideológico com o nazismo, que via nas organizações maçônicas uma ameaça e, frequentemente, as associava a uma suposta “conspiração judaica” — narrativa típica da propaganda antissemita e totalitária da época.

 A perseguição antes e durante o conflito

Já nos anos 1930, com a ascensão dos regimes totalitários na Europa, a Maçonaria havia se tornado alvo de propaganda hostil e difamatória. Na Itália fascista, na Alemanha nazista e na Espanha franquista, ela era retratada como inimiga do Estado, conspiradora e aliada de ideologias consideradas “subversivas” pelo poder. A proibição de suas atividades foi acompanhada do confisco de bens, fechamento de lojas, apreensão de documentos e, em muitos casos, prisão de seus membros.

Durante a guerra, esse cerco se intensificou. Os nazistas e seus aliados implantaram leis de exceção que colocavam os maçons no mesmo patamar de perseguição reservado a opositores políticos, judeus e outras minorias. A divulgação dos nomes dos membros, como fez o regime de Vichy, tinha o objetivo claro de isolar, estigmatizar e destruir a rede de apoio social que a Maçonaria representava.

 O impacto devastador

No final do conflito, a Maçonaria europeia estava quase aniquilada. Muitas lojas haviam fechado suas portas permanentemente, e boa parte de seus integrantes havia sido presa, deportada ou morta. Os arquivos maçônicos confiscados foram utilizados para criar exposições propagandísticas, reforçando a narrativa conspiratória alimentada pelo nazismo e seus colaboradores.

A reconstrução após 1945 foi lenta e difícil. Além da perda de membros e de infraestrutura, havia a necessidade de reconquistar a legitimidade pública e restabelecer a confiança interna. Algumas jurisdições levaram anos para retomar plenamente suas atividades, enquanto outras jamais voltaram ao vigor que possuíam antes da guerra.

 Memória e resistência

A repressão sofrida durante a Segunda Guerra Mundial deixou marcas profundas na história da Maçonaria. O episódio da lei de Vichy, em particular, simboliza como a liberdade de associação e o direito à privacidade podem ser rapidamente destruídos por regimes autoritários. Ao mesmo tempo, a perseverança na reconstrução após a guerra demonstra a resiliência e a força dos ideais maçônicos, mesmo diante de perseguições implacáveis.

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