1248 - A Carta de Bolonha: O Registro Público dos Estatutos da Sociedade dos Maçons


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Da Redação (*)

No ano de 1248, na cidade italiana de Bolonha, um acontecimento de grande relevância para a história da Maçonaria foi registrado oficialmente: a publicação dos estatutos da Sociedade dos Maçons, documento que se tornaria conhecido como “Statuta Ordinamenta Societatis Magistrorum Tapia et Lignamiis”, ou simplesmente Carta de Bolonha.

 O contexto histórico

No século XIII, Bolonha era uma cidade próspera e influente, conhecida não apenas por sua atividade comercial e acadêmica — abrigando uma das mais antigas universidades do mundo —, mas também por sua intensa produção artesanal e construtiva. Era um período em que corporações de ofício, chamadas de guildas, desempenhavam papel central na organização do trabalho e na preservação de técnicas especializadas.

Entre essas corporações estava a Sociedade dos Mestres de Pedra e Madeira (Magistrorum Tapia et Lignamiis), formada por construtores, pedreiros e carpinteiros responsáveis por obras civis e religiosas. O conhecimento técnico desses mestres era transmitido de forma restrita e regulamentada, garantindo a qualidade das construções e o respeito às tradições do ofício.

 O conteúdo da Carta de Bolonha

O documento foi redigido originalmente em latim por um tabelião, a mando do Magistrado (prefeito) Bonifacii De Cario. Os estatutos estabeleciam regras internas da sociedade, definindo deveres e direitos de seus membros, formas de admissão, padrões de conduta e até penalidades para aqueles que violassem as normas.

Essa codificação formal não apenas organizava a vida da corporação, mas também servia como proteção legal perante as autoridades civis. Na prática, funcionava como um contrato coletivo entre os mestres e a cidade, garantindo reconhecimento oficial de seu papel social e econômico.

 Importância histórica

A Carta de Bolonha é considerada um dos registros documentais mais antigos relacionados à organização de construtores que, séculos mais tarde, influenciariam diretamente a formação da Maçonaria especulativa. Sua preservação é fundamental para compreender como as antigas guildas estruturavam seu trabalho e mantinham viva a transmissão de saberes técnicos e éticos.

Atualmente, o documento integra o acervo de Estado da Cidade de Bolonha, sendo uma peça rara que conecta o mundo medieval das corporações de ofício com as tradições maçônicas modernas. Para estudiosos da Maçonaria, ele representa um elo concreto entre a prática construtiva e a organização social dos mestres pedreiros na Idade Média.

 Legado

Mais do que um simples registro administrativo, a Carta de Bolonha é testemunho de um tempo em que a arte de construir era guardada como um saber quase sagrado. Ao oficializar as regras da Sociedade dos Maçons, o documento deixou para a posteridade uma evidência clara de que, já no século XIII, a união, a disciplina e a ética profissional eram pilares essenciais para aqueles que moldavam, com pedra e madeira, as cidades e catedrais da Europa.

 Adaptação e Otimização: Luiz Sérgio Castro




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