Tem circulado por grupos maçônicos em redes
sociais o resultado da eleição para Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do
Brasil – GOB. O candidato Múcio Bonifácio, apesar de ter perdido em SP, maior
colégio eleitoral do país, e quase empatado em MG, o segundo maior, acabou por
vencer o pleito, com 66% dos votos válidos, contra… ninguém. Ele era candidato
único. Sua posse ocorrerá neste sábado, dia 15.
Os votos brancos e nulos somaram incríveis
34% dos eleitores, o que é bem mais do que o primeiro colocado nas pesquisas
para Presidente da República acumula atualmente. Para se ter uma ideia, na
última eleição do GOB, em 2013, os votos brancos e nulos não chegaram a 2%.
A quantidade de eleitores que participou
desta eleição é relativamente próxima à média apresentada na eleição anterior:
um pouco menos de 1/3 dos membros regulares declarados pelo GOB compareceram à
votação. No mundo civilizado, qualquer associação que se preze, por maior que
seja, prevê que seja constituído quorum com maioria absoluta dos associados
regulares ou de seu colegiado para uma eleição. Para decisões importantes,
exige-se quorum até maior, de, pelo menos, 2/3. É, de certa forma,
compreensível uma flexibilização de tais regras no Brasil, por questões
socioculturais e dificuldades de deslocamento, mas aceitar um quorum menor do
que 1/3 é, como os advogados brasileiros gostam de qualificar, “ferir de morte”
a democracia.
De toda forma, a partir desse dado, surgem
algumas hipóteses: trata-se da comprovação de um desinteresse generalizado do
maçom gobiano para com o processo democrático do GOB, seja por descrença no
sistema ou nas opções oferecidas; ou o GOB divulga um quantitativo fictício de
mais de 80 mil membros, quando na verdade seria algo em torno de 50 mil; ou o
sistema eleitoral é passível de fraude e deveria ser externamente observado e
auditado; ou o atual sistema eleitoral não atende ao princípio democrático e à
instituição, devendo ser totalmente revisto e modificado. Ainda, pode ser a
combinação de algumas ou de todas essas hipóteses.
Fato é que o Irmão Múcio governará o GOB
enquanto seu Grão-Mestre Geral durante os próximos 05 anos, tendo muitos
desafios emergenciais pela frente. Dentre eles, os erros cometidos pelo
GMG Ricardo de Carvalho que, apesar de sua passagem meteórica no Grão-Mestrado
Geral, deixa grandes estragos, como seus inesquecíveis “equívocos” em
Aracajú e o modo como conduziu a intervenção no GOSP. Soma-se então
aos problemas que o GMG anterior já havia deixado como espólio, como a
fragilizada relação com a CMI, as incontáveis suspensões e as várias
intervenções, incluindo a mal sucedida em Pernambuco. E, enquanto trata desses
desafios, deverá conquistar a opinião favorável de seu povo maçônico. São
muitos pratos para girar e assim se legitimar pelo trabalho, pois pela urna não
foi possível.
A boa notícia é que o histórico do Irmão
Múcio dá indícios de que ele tem conhecimento para vencer esses desafios. Se
lhe sobrar energia e força de vontade, as coisas hão de melhorar.
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