A ciência da administração tem alertado, há
mais de meio século, sobre o ciclo de vida das organizações. Uma
organização é como um organismo vivo, que nasce, cresce alcança seu ápice, e
então começa a envelhecer até que, enfim, morre. Entretanto, no caso das
organizações, sua morte é como a da mitológica fênix, que pode renascer de suas
próprias cinzas, começando assim um novo ciclo de vida.
O que muitas organizações buscam atualmente é
“surfar” o máximo de tempo possível a onda da maturidade organizacional, ou
seja, a crista de seu ápice. Já o diagnóstico de envelhecimento (decadência) é
simples: ela começa a se preocupar mais com seu patrimônio do que com o mercado
e clientes; perde o empreendedorismo e o pioneirismo no setor; afunda-se em
burocracia e passa a ter dificuldade de “manobra”; tem excesso de confiança em
si mesma em comparação aos seus pares; torna-se prepotente.
Após a fase da velhice, têm-se os primeiros
sinais de morte iminente: mudanças drásticas de diretoria, perda de espaço no
mercado, esfriamento das relações com os pares, rupturas, cisões, etc. E de
quem é a culpa da morte? Das lideranças, seja por imperícia, negligência ou até
mesmo “maus tratos”.
O GOB, como qualquer outra organização, tem
seu ciclo de vida que, ao que tudo indica, dura aproximadamente 44
anos. Ao recorrer à história maçônica brasileira, sabe-se que o GOB,
em seu formato atual, é resultado de uma fusão do Grande Oriente dos
Beneditinos com o Grande Oriente do Lavradio, ocorrida em 1883, por pressão (ou
incentivo, se preferir) do Grande Oriente Lusitano. Exatos 44 anos depois, em
1927, tem início o processo de falecimento, com o desligamento do Supremo
Conselho do REAA e a consequente grande cisão que deu origem às Grandes Lojas,
tendo o “óbito” sido emitido em 1929, no Congresso Mundial de Supremos
Conselhos, ocorrido naquele ano em Paris.
Então, o GOB renasceu e iniciou um novo ciclo
de vida, que findou exatos 44 anos depois, em 1973, após um processo eleitoral
extremamente questionável, pelo qual o candidato de situação, Osmane Vieira de
Resende, “ganhou no tapetão” contra o de oposição, Athos Vieira de Andrade, que
era de MG e contava com o apoio de SP e de outros grandes colégios eleitorais.
Nessa segunda grande cisão, nove Grandes Orientes Estaduais e o do DF se
desligaram do GOB, dando origem à COMAB.
Mais uma vez o GOB conseguiu renascer, se
reinventando e promovendo as mudanças que seus líderes entenderam como
necessárias para o novo ciclo de vida. Até que, 44 anos depois, em 2017, a onda
de suspensões e intervenções em Grandes Orientes Estaduais teve início, como em
MG e no RS, principiando um novo processo de falecimento, que se arrastou até
este ano de 2018, com mais suspensões, intervenções (CE e PE) e um turbulento
processo eleitoral, o que culminou no já esperado óbito, ilustrado numa eleição
de chapa única com baixa adesão e apoio, e na “desfederalização” (declaração de
independência) de dois Grandes Orientes Estaduais: PE e SP.
Agora, cabe aos novos líderes do GOB tomar as
medidas necessárias para garantir a “reciclagem”, o renascimento dessa grande
fênix… Agora, imagine se, em vez de apenas renascer, uma fênix pudesse também
evoluir e não repetir os mesmos erros do passado, prolongando assim seu ciclo
de vida? Se ela não precisasse renascer já “velha”, burocrática, engessada e
prepotente? Não seria ótimo?
Assista o vídeo abaixo
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