Autor: Ximenes
Cansados
e saturados por dois séculos de guerras político-religiosas, desiludidos das religiões,
ditas reveladas, que as tinham provocado, produzindo um verdadeiro caos nos
costumes morais e religiosos do povo inglês, os Maçons Especulativos, surgidos
em princípios do século XVIII, voltaram as vistas para o simbolismo das
religiões da antiguidade, tentando redescobrir os Símbolos do passado e o seu
conteúdo doutrinário e iniciático, deturpado, desfigurado e velado pela
ignorância eclesiástica medieval e pelos sofismas dos doutores escolásticos.
Em
consequência dos estudos empreendidos pelos estudiosos, formou-se a Simbólica
Maçônica. Nela são compreendidos Símbolos das mais variadas origens e
procedências, que podem ser divididos em cinco classes principais:
a) Símbolos
místicos e religiosos tradicionais: o Tau (símbolo do poder); o
Círculo com um ponto central (Sol); o Selo de Salomão ou Escudo de Davi
(criação, Deus, perfeição); o Triângulo, o Delta Luminoso, os Três Pontos
(sempre evocando a ideia de Deus) etc.
b) Símbolos
tirados da arte da construção: Símbolos da profissão dos Maçons Operativos:
o Compasso (medida na pesquisa); o Esquadro (retidão na ação); o Malho (vontade
na aplicação); o Cinzel (discernimento na investigação); a Perpendicular
(profundeza na observação); o Nível (emprego correto dos conhecimentos); a
Régua (precisão na execução); a Alavanca (poder da vontade); a Trolha
(benevolência para com todos); e o Avental (símbolo do trabalho constante) etc.
c) Símbolos
herméticos e alquímicos: o Sol e a Lua; as Colunas B e J; os três
princípios da Grande Obra: Enxofre, Mercúrio e Sal; e os quatro elementos
herméticos: Ar, Água, Terra e Fogo; o Vitriol etc.
d) Símbolos
possuindo um significado particular: a Romã (simbolizando os Maçons unidos
entre si por um ideal comum); a Cadeia de União (a união fraternal que liga por
uma cadeia indissolúvel) todos os Maçons do globo, sem distinção de seitas e
condições); a Estrela Flamejante (a iluminação); a Letra G (conhecimento); o
Ramo de Acácia (imortalidade e inocência); o Pelicano (amor e abnegação) etc.
e) Outros
Símbolos tradicionais: pitagóricos (números); cabalísticos (sefirot);
geométricos, religiosos, e todos aqueles que se prestaram a um significado
maçônico.
De
acordo com os seus pontos de vista particulares, estes Símbolos são vistos
pelos Maçons, seja como elementos de Iniciação, com significados esotéricos,
seja como fórmulas morais, comportando significados educativos. De qualquer
maneira, as ideias representadas por estes Símbolos devem ser admitidas por
todos os Membros da fraternidade maçônica, sem o que não podem ser considerados
verdadeiros Maçons. O Nível, por exemplo, representa também a ideia de
igualdade, obrigatória entre os Maçons. O Esquadro é o emblema da retidão e do
direito, princípios que devem ser obrigatoriamente respeitados por todos os
Maçons. O Malhete é o símbolo da autoridade do Venerável e personifica a
disciplina nos trabalhos que todo Maçom é obrigado a admitir. E, além de
representarem fórmulas ou ideias morais, os Símbolos são uma espécie de
linguagem que une os Maçons entre si por serem a expressão de ideias comuns a
todos eles.
É
este o sistema adotado pela Maçonaria, diz Mackey, para desenvolver e inculcar
as grandes verdades religiosas e filosóficas, de que foi, por muitos anos, a
única conservadora. E é por essa razão, como já observei, que qualquer investigação
dentro do caráter simbólico da Maçonaria deve ser precedida por uma
investigação da natureza do simbolismo em geral, se quisermos apreciar,
convenientemente o seu uso particular na organização maçônica.
Em
sua “Encyclopedia of Freemasonry”, o sábio Albert Galatin Mackey prefere ir
mais longe:
“A Maçonaria é um sistema de moralidade desenvolvido e inculcado pela ciência do simbolismo. Este caráter peculiar de instituição simbólica e também a adoção deste método genuíno de instrução pelo simbolismo, emprestam à Maçonaria a incolumidade de sua identidade e é também a causa dela diferir de qualquer outra associação inventada pelo engenho humano. É o que lhe confere a forma atrativa que lhe tem assegurado sempre a fidelidade de seus discípulos e a sua própria perpetuidade.“
De
fato, a Maçonaria adotou o método de instrução, ela não o inventou.
A simbologia é
a ciência mais antiga do mundo e o método de instrução dos homens primitivos. É
graças a ela que tomamos conhecimento hoje, da sabedoria dos povos antigos e
dos filósofos. O acervo religioso, cultural e folclórico da humanidade está preservado
através do simbolismo, desde a pré-história.
O
princípio do pensamento simbólico está fincado em uma época anterior à
história, nos fins do período paleolítico. Os mestres da humanidade primitiva,
podem ser facilmente localizados, através de estudos sobre gravações
epigráficas.
A
Maçonaria é a legítima herdeira espiritual das sociedades iniciáticas da
antiguidade, porque perpetua o tradicional método de instrução, no ensinamento
de suas doutrinas.
Em
02 de agosto de 1822 é Iniciado D. Pedro I, o Imperador do Brasil e
seu segundo Grão-Mestre.
FONTE: MS MAÇOM
BRESLAUER,
A. F., The Master’s Handbook. 10a edição. Grand Lodge F&AM of California,
1984.
BULLOCK,
S. C., Revolutionary Brotherhood: Freemasonry and the Transformation of the
American Social Order, 1730–1840, Chapel Hill, 1996.
CARR,
Harry. Samuel Prichard’s Masonry Dissected. 1730. Reedição. Bloomington, Ill.:
Masonic Book Clube, 1977.
CASTELLANI,
J. Do Pó dos Arquivos. Londrina: Editora A Trolha, 1996.
CASTELLANI,
J. Os Maçons e a Independência do Brasil. Londrina: Editora A Trolha, 1993.
CASTELLANI,
José. A Ação Secreta da Maçonaria na Política Mundial. São Paulo: Ed. Landmark,
2007.
CASTELLANI,
José. Fragmentos da Pedra Bruta. Londrina: Editora A Trolha, 2003
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