Por Ir.'.William Almeida de Carvalho
Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça |
O
Correio Braziliense de 06 de janeiro de 2001 estampou a seguinte notícia:
“MISSÃO
EM LONDRES. Por ocasião de sua viagem a Londres, onde estará entre os dias 27 e
30 de março, o presidente Fernando Henrique Cardoso prestigiará a solenidade de
traslado dos restos mortais de Hypólito José da Costa para o Brasil.
NO
PANTEÃO – O embaixador Sérgio Amaral, pessoalmente, conduziu todo o processo de
homenagens ao fundador do primeiro jornal brasileiro na capital britânica – o
Correio Braziliense. “A intenção é colocar os restos mortais de Hypólito José
da Costa no Panteão da Liberdade, na Praça dos Três Poderes”.
No
dia 14 de janeiro replicou com a seguinte informação: “Patrono de volta”.
Conforme esta coluna noticiou em primeira mão, o presidente FHC estará em
Londres no fim de março para o traslado dos restos mortais de Hypólito José da
Costa.
Com
o decisivo apoio da embaixada do Brasil, a Fundação Assis Chateaubriand dá os
passos finais para a transferência, para Brasília, dos despojos do Patrono da
Imprensa Brasileira e fundador, em Londres, do Correio Braziliense, em 1808.
Eles
serão colocados em herma própria e sacralizada nos jardins do Museu da
Imprensa. A cerimônia está prevista para o dia 21 de abril, data da fundação da
Capital Federal e do início de circulação do principal jornal da cidade. Grande
e belo desafio!”.
Trata
esse artigo de realçar alguns aspectos, um tanto quanto desconhecidos, da
figura de Hipólito José da Costa como um maçom que lutou pela Independência do
Brasil.
A
maçonaria brasileira, especialmente o Grande Oriente do Brasil, tem a obrigação
de retirar do pó dos seus arquivos, os traços desconhecidos desse grande maçom
brasileiro e apresentá-lo, em toda sua inteireza e pujança, para as atuais e as
futuras gerações da nação, sobre essa gigantesca figura maçônica.
Hipólito
José da Costa Pereira Furtado de Mendonça nasceu na antiga Colônia do
Sacramento (Uruguai) em 25 de março de 1774.
Filho
de Félix da Costa Furtado de Mendonça, brasileiro, natural de Saquarema, da província
do Rio de Janeiro e de Ana Josefa Pereira, natural da própria Colônia.
Com
os constantes tratados entre portugueses e espanhóis, a família mudou-se para o
Rio Grande de São Pedro quando da assinatura do Tratado de Santo Ildefonso em
1777.
Hipólito
cursou as primeiras letras em Porto Alegre, sendo muito influenciado pelo seu
tio, o padre Pedro Pereira Fernandes de Mesquita, de gênio irascível, que o
preparou para prestar o vestibular em Coimbra.
Em
29 de outubro de 1792, com 18 anos de idade, matriculou-se na Faculdade de
Matemática e, ainda no mesmo mês, na Faculdade de Filosofia da Universidade
Coimbrã. A 18 de outubro do ano seguinte, ingressou na Faculdade de Direito,
onde se formou em 5 de junho de 1798, com 24 anos de idade.
Em
Coimbra, Hipólito recebeu o impacto da profunda reforma universitária,
realizada pelo Marquês de Pombal e por Verney. Após três meses de formado, em
plena viradeira do reinado de D. Maria I, foi nomeado por D. Rodrigo de Souza
Coutinho, Conde de Linhares e Ministro da Rainha, para uma missão nos Estados
Unidos da América.
Hipólito
embarcou para os Estados Unidos a 16 de outubro de 1798, na corveta William,
chegando à Filadélfia, após 59 dias de viagem, em 13 de dezembro de 1798.
Viveria durante dois anos num país completamente diferente do seu, recebendo em
cheio o impacto das idéias maçônicas, provenientes da França e da Inglaterra,
nos recém- libertos Estados Unidos.
Freqüentou
os meios profanos e maçônicos de Filadélfia. Tudo leva a crer que teria sido
iniciado maçom no dia 12 de março de 1799 na loja George Washington nº 59 aos
25 anos de idade.
A
missão de Hipólito nos Estados Unidos tinha algo de secreto e estava no domínio
da espionagem, pois teria de observar as novas técnicas implantadas pela nova
república nas Américas e conseguir, no México, o inseto e a planta da
cochonilha para levá-los a Portugal, burlando a vigilância da alfândega
espanhola que proibia, terminantemente, a exportação de tais itens.
A
cochonilha é um inseto que deposita seus ovos nas plantas e depois morre,
ficando a carapaça para proteger os ovos. A cochonilha do Nepal fornece um
colorante, o carmim, muito usado na época, especialmente no rosto das mulheres
vaidosas, o famoso rouge dos franceses; outras espécies produzem a goma-laca,
conhecida dos Astecas e aproveitada pelos espanhóis. A cochonilha foi
conseguida, mas não alcançou Portugal, dado o inverno e o longo tempo a bordo
nos lentos veleiros daquela época. Além da cochonilha, as ordens de D. Rodrigo
incluíam a espionagem de minas de ouro e de prata no México e seus respectivos
métodos de exploração.
Quanto
aos Estados Unidos, teria que apresentar relatórios sobre os seguintes
assuntos: o cultivo de tabaco, arroz, cana de açúcar, como também a produção de
minérios, a pesca da baleia e outras indústrias ou projetos de engenharia,
especialmente os de hidráulica, navegação dos rios e de máquinas desconhecidas
na Europa e que pudessem ser utilizados na economia portuguesa.
Hipólito
escreveu três monografias e seis cadernos de observações que foram entregues
pessoalmente a D. Rodrigo. Alguns relatórios ficaram esquecidos por mais de 150
anos e foram recuperados na biblioteca de Évora por Alceu de Amoroso Lima em
1955 e publicados pela Academia Brasileira de Letras.
Hipólito
na América do Norte, não se restringiu à capital dos Estados Unidos –
Filadélfia – pois atravessou o Estado de Nova Iorque, visitou Montreal, no
Canadá, Ontário, o lago Erie, a cachoeira do Niágara, Vermont, New Hampshire,
Massachussets, Rhode Island e Connecticut.
Na
sua prolífica missão, escreveu sobre o bicho da seda, o método de construir
pontes de madeira, de um só arco, a febre amarela, a higiene pública, as causas
de doenças endêmicas e a força naval americana.
Em
1º de janeiro de 1799 foi apresentado ao Presidente John Adams, apreciando a
simplicidade com que esse tratava as pessoas, tão diferente da etiqueta da
monarquia portuguesa. Um diplomata espanhol também apresentou Hipólito a Thomas
Jefferson, tendo, inclusive, jantado ambos na casa deste, na Filadélfia.
Os
seus círculos de relações políticas incluíam, ainda, as relações oficiais com
Timothy Pickering, secretário de Estado; Oliver Walcott, que sucedeu Alexander
Hamilton, como secretário do Tesouro americano.
Relacionou-se
também, com vários emigrados franceses, pois existiam mais de 2500 naquela
época em Filadélfia, fugidos primeiramente do Terror e posteriormente de
Napoleão Bonaparte, entre os quais um Colbert, descendente de Jean-Baptiste
Colbert, ministro de Luís XIV; com Lefébure de Cheverus, futuro bispo de Boston
e mais Olive e Mourque.
Mecenas
Dourado, um dos biógrafos de Hipólito, chega a afirmar que esse último francês
teria apresentado Hipólito à Arte Real em Filadélfia, pois Mourque era filho da
Viúva.
Hipólito
escreveu um Diário durante sua estada na América do Norte, extremamente
minucioso, porém, jamais tocou no assunto sobre sua iniciação em 12 de março de
1799 na Loja George Washington.
Teve,
talvez, receio da Inquisição que perseguia os pedreiros-livres em Portugal e que
haveria de ter, no futuro, conseqüências funestas sobre sua vida, pois foi
hóspede compulsório da “dita cuja”, Hipólito José da Costa teria pedido
demissão da respectiva Loja pouco tempo depois.
Os
arquivos referentes ao ano de 1799 daquela Loja não mais podem ser consultados,
pois, lamentavelmente, um incêndio os destruiu em 1819. Os relatos de Hipólito
e Coustos são peças clássicas da maçonaria universal no tocante à perseguição
da Inquisição sobre os maçons nos primórdios do século XIX. Abundam, contudo,
diversas citações sobre a Framaçonaria como Hipólito a chamava:
“…na Aurora de
Filadélfia de hoje (19/04/1799) vinha uma publicação das Lojas dos Framaçons
que cortei e guardei como curiosa…”
“um francês, Mr.
Mourque, me emprestou hoje (23/07) um livro em inglês, onde vem transcrita toda
a maçonaria, palavras, sinais etc”.
“a 1º de agosto
conversei com um português da Ilha da Madeira que, perseguido por ser framaçom,
fugiu para a América, aí se estabelecendo. Quando chegou ao porto de Nova
Iorque, onde não conhecia ninguém e a precipitação com que fugira, não lhe deu
lugar nem a trazer uma carta de recomendação, arvorou uma bandeira branca com
estas letras azuis – Azilum querimus -, pelo que quase todos os
pedreiros-livres de Nova Iorque foram a seu bordo, recebendo-o depois e
tratando-o com aquela hospitalidade que caracteriza esta sociedade”.
“… no dia 21 de
agosto assisti o enterro do capitão de artilharia Thomas Weaver, com as honras
militares e da maçonaria ou pedreiros-livres”.
“… no dia 07 de
setembro, visitei, em Providence, entre outros edifícios, o do mercado, em cujo
segundo andar há uma loja de pedreiros-livres, que tem as suas armas e
insígnias em ambas as extremidades do edifício”.
“… em 11 de
setembro, visitei Bunker Hill, onde se deu a primeira batalha na revolução da
América e aí achei uma pirâmide com as armas dos pedreiros-livres em cima, e
com a inscrição que devia ser erigida pela loja dos pedreiros-livres, em
memória do general Dr. Joseph Warren”.
Hipólito
retornou a Portugal no final de 1800. Lá, D. Rodrigo de Souza, que era ligado
ao partido inglês, tinha fundado a Casa Literária do Arco do Cego, uma
tipografia que, suprimida em 7 de dezembro de 1801, foi incorporada à Imprensa
Régia. Hipólito, como diretor literário nomeado da Imprensa Régia, decidia o
que seria publicado, revisava os textos e publicava artigos diversos.
Em
abril de 1802, D. Rodrigo, então ministro da Marinha e Ultramar, mandou-o a
Londres para comprar livros, destinados à Biblioteca Pública e máquinas para a
Imprensa Régia. A ida a Londres também possuía outro objetivo: estabelecer
contato com e reconhecimento da Maçonaria inglesa no tocante à sua congênere
portuguesa.
Dos
contatos com os principais próceres da Maçonaria portuguesa e sendo um homem
acatado pela suas posição e cultura, Hipólito apareceu, em 12 de maio de 1802,
às portas da Premier Grande Loja e foi recebido como plenipotenciário de quatro
lojas portuguesas que desejavam erigir uma Grande Loja Nacional em perfeita
amizade com a Grande Loja dos Modernos.
Sabe-se
que os contatos de Hipólito lograram êxito, sendo, o fato, confirmado por
William Preston, seu contemporâneo, colega de loja e autor da obra clássica,
“Illustrations of Masonry “(1812, pg. 375).
As
intrigas em Portugal, por causa de sua viagem a Londres, campeavam soltas.
Avisado
de que seria preso se regressasse a Portugal, Hipólito fez ouvidos moucos.
Assim aconteceu no final de junho de 1802, ao regressar a Lisboa. Prendeu-o
José Anastácio Lopes Cardoso, corregedor de crime da Corte, o qual tinha instruções
de Pina Manique, chefe de polícia, no sentido de procurar insígnias ou papéis
que comprometessem o brasileiro.
Colocado
em segredo na cadeia do Limoeiro, nela permaneceu seis meses, sendo, depois,
transferido para os cárceres da inquisição, de onde seria arrancado, depois de
três anos, pela Maçonaria, com a compra de guardas e a intervenção dos Irmãos
José Liberato e Ferrão.
Ao
sair da prisão, Hipólito refugiou-se na casa do Irmão Barradas e no convento de
São Vicente de Fora, para ser, depois, entregue aos cuidados dos Irmãos Rodrigo
Pinto Guedes e José Aleixo Falcão.
Somente
depois de um ano, em 1805, é que conseguiria escapar para o Alentejo, como
criado do Irmão desembargador Fillipe Ferreira.
Posteriormente
alcançou a Espanha, dirigindo-se, depois, à Inglaterra, onde acabou
vivendo 18 anos até a sua morte em 1823. Lá radicado, exerceu as funções de
professor, tradutor, jornalista, impressor além de ativista político e
maçônico.
Em
Londres, participou de várias lojas maçônicas. Tanto assim que em 1807 foi
membro da Loja das Nove Musas e, em março de 1808, ingressou na Loja Antiquity,
cujo Venerável Mestre era o Duque de Sussex. Chegou a ser Mestre Adjunto
(Deputy Master) em 1812/13 quando o duque era Venerável, ou seja, na ausência
do duque presidia as sessões. Consta, ainda, ter sido um dos fundadores da Loja
Royal Invernes, em 1814.
Foi
muito chegado ao Duque de Leister e amicíssimo de Augustus Frederick, Duque de
Sussex, um dos filhos de Jorge III, primeiro Grão-Mestre da Grande Loja Unida da
Inglaterra, desde sua criação em 1813 até 1843, quando veio a falecer.
O
duque, que conhecera Hipólito nas primeiras andanças maçônicas dele por
Londres, passou uma temporada em Lisboa, já que por ali, andou semi-exilado
para esquecer os seus casamentos morganáticos.
O
duque de Sussex, quando retornou à Inglaterra em 1813, foi nomeado Grão-Mestre
Adjunto dos Modernos, sucedendo ao seu irmão – o Príncipe de Gales – como
Grão-Mestre dos Modernos.
Por
ocasião da fusão, tornou-se como Grão-Mestre da Grande Loja Unida da
Inglaterra, tendo seu irmão – o Duque de Kent, grão-mestre dos Antigos – como
Grão-Mestre Adjunto. Após a derrota de Napoleão, a monarquia inglesa unificou
sua maçonaria para melhor dominar o mundo de então.
O
duque de Sussex exerceu imensa influência sobre os destinos da maçonaria em seu
tempo de grão-mestrado e teve, como seu secretário particular, o ‘nosso’
Hipólito que também participou ativamente, até a sua morte em 1823, de todos os
mais íntimos segredos da fusão maçônica de 1813.
Foi,
também, membro da Loja de Promulgação (dos novos rituais) em 1809/1811, da Loja
de Reconciliação 1813/1816, do Corpo de Mestres Instalados que existia na
Grande Loja dos Antigos, mas inexistente nos Modernos. As mais recentes
pesquisas maçônicas inglesas descobriram manuscritos de HJC sobre a elaboração
dos novos rituais que resultaram na união das duas Grandes Lojas rivais.
John
Hammil chega a dizer que “H.J. da Costa, um homem de grande importância na
história da Independência e da cultura do Brasil, e como se descobriu
recentemente, de não menos importância no desenvolvimento de nossos rituais
imediatamente antes e depois da União de 1813”.
Estão
sendo encontrados diversos manuscritos de HJC sobre rituais pré e pós-União das
Grandes Lojas na Inglaterra. Existem ainda algumas raríssimas versões, editadas
e manuscritas, do Syllabus de William Preston. A mais antiga e a mais rara
pertenceu a HJC. Tais versões encontram-se guardadas na seção de obras raras da
biblioteca da Grande Loja Unida da Inglaterra.
Hipólito
era tão íntimo do duque que chegou a ser nomeado por ele, Secretário para
Assuntos Estrangeiros da Freemanson’s Hall, Presidente do Conselho de Finanças
da Grande Loja de 1813 até a sua morte em 1823 e Grão-Mestre Provincial de
Ruthland, apesar da inexistência de lojas nessa província.
O
duque foi padrinho de seu casamento em 1817 e liderou uma petição para a
construção de um monumento em sua homenagem a ser construído na Igreja de
Hurley em Maidenhead.
HJC
era membro ativo do Royal Arch e acredita-se que tenha sido exaltado numa loja
ligado aos Antigos. Assim, quando o duque foi instalado como First Grand
Principal em 1810, HJP era um dos dois nomeados para examiná-lo no Royal Arch.
Em
1819, o Supremo Conselho de França para o REAA conferiu, por patente, o grau 33
para ele e o duque.
Em
1955, Gastão Nothmann, a pedido do biógrafo de Hipólito, Carlos Rizzini,
descobriu o túmulo de HJC na Igreja de St. Mary, na paróquia de Hurley,
Berkshire, perto de Londres e onde existem duas lápides:
I) Com os seguintes dizeres da
autoria do duque de Sussex e mandada colocar pelo próprio: “À sagrada memória
do Comendador Hipólito José da Costa que faleceu no dia 11 de setembro de 1823
com a idade de 46 anos. Um homem distinto pelo vigor de sua inteligência e seu
conhecimento na ciência e na literatura quanto pela integridade de suas
maneiras e caráter.
Descendia
de uma nobre família no Brasil, e neste país residiu nos últimos 18 anos,
durante os quais produziu numerosos e valiosos escritos, que difundiu entre os
habitantes desse vasto Império pelo gosto de úteis conhecimentos, com amor
pelas artes que embelezam a vida e amor pelas liberdades constitucionais
fundadas na obediência às leis salutares e nos princípios de mútua benevolência
e boa vontade. Um amigo que conhecia e admirava suas virtudes e que as registra
para o bem da posteridade”;
II) a outra dos familiares: “Sob esta
lápide estão depositados os restos do corpo do Comendador Hipólito José da
Costa. Encarregado dos Negócios do Imperador do Brasil, que faleceu no dia 11
de setembro de 1823, com a idade de 46 anos”.
Tinha,
em seu exílio londrino, estreitas vinculações com maçons famosos, seja William
Preston, ex-Venerável da Antiquity e autor do clássico Ilustrações da Maçonaria
(Illustrations of Masonry) em que HJC é citado como plenipotenciário em Londres
para regularizar as Lojas portuguesas. Com o concurso de Hipólito, em 1812,
seria iniciado na Maçonaria o brasileiro Domingos José Martins, brasileiro com
firma comercial em Londres, que viria a ser o chefe da Revolução Pernambucana
de 1817.
Seu
exílio em Londres não o fez esquecer o Brasil e a luta pela Independência,
antes pelo contrário, acirrou o seu fervor de luta, tanto assim que a sua mais
importante obra, todavia, foi a criação, em 1808, do CORREIO BRASILIENSE, ou
ARMAZÉM LITERÁRIO, cuja publicação só seria interrompida em 1823 e que chegou a
ter uma tiragem de 1000 exemplares em média. Este jornal não foi, apenas, o
primeiro órgão da imprensa brasileira, ainda que publicado no Exterior, mas,
principalmente, o mais completo veículo de informação e análise da situação
política e social de Portugal e do Brasil, naquela época, com a preconização de
uma verdadeira reforma de base para o nosso país.
Bateu-se
pela necessidade da construção de uma rede de estradas, pela utilização de
matérias primas na fabricação de manufaturas – proporcionando formação e
expansão do mercado interno – pela abolição da escravatura, pela transferência
da Capital do país para o interior, perto de onde hoje se situa Brasília, e
pela adoção de uma política imigratória, que aproveitasse, de preferência,
artesãos e técnicos, ao invés da mão de obra não qualificada.
No
Correio Braziliense, batia não só os erros e abusos da administração portuguesa
na sua maior colônia como também em Portugal.
Atacava
com veemência a corrupção que grassava entre aqueles que dirigiam o Império
Português, com exceção de uma só pessoa: D. João VI.
Essa
exceção e a carta que o Duque de Sussex mandou ao monarca português serviram
para criar uma aura de simpatia do Rei para com seu súdito no exílio.
Apesar
disso, o Correio Braziliense teve uma fase em que entrava no Brasil como se
contrabando fosse, e era vendido na loja do comerciante inglês J. J. Dodsworth.
Graças
à saga do Correio Braziliense, HJC passou à História como“O PATRIARCA DA IMPRENSA BRASILEIRA” e
habita a memória nacional como uma de suas mais luzentes figuras.
As
três obras maçônicas raríssimas de HJC – Cartas sobre a Framaçonaria, Narrativa
da Perseguição de Hippolyto Joseph da Costa Pereira Furtado de Mendonça,
Natural da Colônia de Sacramento, Uruguai, no Rio da Prata, prezo e processado
em Lisboa pelo pretenso crime de Framaçon ou Pedreiro-Livre e Esboço para a
História dos Artífices Dionisíacos.
Nota: Debemos destacar a participação
do nosso querido Irmão José Paulo Alvim Costa, que em uma luta silenciosa de
anos, com cobranças constantes de nossas autoridades, até conseguir o objetivo;
a repatriação dos restos mortais de Hypólito José da Costa para o Brasil.
(*) Ir.'.William Almeida de Carvalho 33 QCCC MPS
Ex-Grande Secretario de Educação e Cultura do Grande Oriente do Distrito Federal, Grande Oriente do Brasil.
Loja Equidade e Justiça nº 2336 Or\ Brasilia DF
Fonte: http://www.freemasons-freemasonry.com
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