Da France Presse
Francisco abre espaço para questionamento sobre a liberdade em torno das publicações propostas pela revista francesa Charlie Hebdo |
Pontífice fez declaração em
seu primeiro discurso nas Filipinas. Ele também disse que matar em nome de Deus
é uma “aberração”
O Papa Francisco condenou,
ontem, os assassinatos realizados em nome de Deus, mas insistiu que a liberdade
de expressão não dá o direito de “insultar” o próximo, em referência aos
ataques realizados na semana passada na França, especialmente o contra o jornal
Charlie Hebdo, no qual 12 pessoas foram mortas. Os comentários do papa foram
feitos a bordo do avião que o levava do Sri Lanka às Filipinas.
O ataque contra o Charlie
Hebdo foi motivado pela publicação de charges do profeta Maomé, considerado
sagrado pelos muçulmanos. A representação gráfica do profeta é proibida, e os
muçulmanos consideraram ofensivos e uma provocação os desenhos de Maomé.
O pontífice disse que tanto a
liberdade de expressão como a liberdade religiosa “são direitos humanos
fundamentais”. “Temos a obrigação de falar abertamente, de ter esta liberdade,
mas sem ofender”, continuou. Sobre a liberdade religiosa, destacou que “cada um
tem o direito de praticar sua religião, mas sem ofender” e considerou uma
“aberração” matar em nome de Deus.
“Não se pode ofender, ou fazer
guerra, ou assassinar em nome da própria religião ou em nome de Deus”, afirmou.
O papa lembrou que no passado houve guerras nas quais a religião desempenhou um
papel determinante. “Também, nós fomos pecadores, mas não se pode assassinar em
nome de Deus”, insistiu.
“Acho que os dois são direitos
humanos fundamentais, tanto a liberdade religiosa, como a liberdade de
expressão”, completou. “É verdade que não se pode reagir violentamente, mas se
Gasbarri (ele se referiu a um de seus colaboradores junto com ele no avião),
grande amigo, diz uma palavra feia da minha mãe, pode esperar um murro. É
normal!”, assegurou.
Francisco lamentou que haja
“muita gente que fala mal de outras religiões ou das religiões (…), que
transforma em um brinquedo as religiões dos demais”. Para o pontífice, estas
pessoas “provocam” e foi quando estimou que “há um limite para a liberdade de expressão”.
“Não se pode ofender, ou fazer
guerra, ou assassinar em nome da própria religião ou em nome de Deus”
Papa Francisco
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