O CÉU NÃO PODE ESPERAR

*Por Laurindo Roberto Gutierrez
Outrora, a velhice era uma dignidade; hoje, ela é um peso. -  Francois Chateaubriand
Quando fui iniciado, a vida para mim, ganhou um novo sentido, pelas novas amizades e pelo ensinamento que recebia nas instruções  de meus preceptores. A sessão maçônica era  uma coisa extraordinariamente nova e reveladora. Jovem ainda, nos meus trinta anos contados, sonhava em crescer na Ordem, e ser como aqueles irmãos mais antigos, pois via neles tanto conhecimento e amizade,  eram na verdade, sábios inspiradores.

Os “velhinhos” daquele tempo, eram: Hercule, Alceno, Domicio, Dídimo,  Godoy, Ayres, Enoch, Lupércio, Dario, Job, Meronho, Nelsinho Batista,  entre outros.

 Para mim, eles viviam num mundo de felicidade,  e isso era uma herança, que levariam até os dias da velhice, pensava eu.  Esse sentimento inundava meu o espírito de paz e esperança, crendo numa vida futura plena de realizações maçônicas. Jamais poderia pensar que o caminhar dos anos trouxesse consigo mudanças tão importantes.

Parece que a juventude não conhece o segredo para a transmutação, e quando a idade avança, somos pegos por uma realidade surpreendente, às vezes desalentadora.

 A Ordem que servimos por décadas a fio, envidando os maiores esforços, nos abandonará na idade senil, justamente quando estaremos mais carentes e fragilizados.

Na America do Norte, os maçons idosos vão para o albergue da Ordem, onde vivem em paz e dignamente.

Abordo esse assunto, levando em conta apenas dois casos de irmãos que vivem no mais completo abandono maçônico. Um, vitimado por uma hemiplegia, não sai para lugar algum, o outro quase cego. Agora vivem ambos, confinados em suas casas.

Essa realidade é bem diferente dos Templos aconchegantes, e dos amplos salões de festas de suas Lojas, que um dia frequentaram.

Aquela alegria barulhenta e os abraços fraternos deram lugar ao abandono, ao ostracismo involuntário e ao silêncio cósmico que arrasa seu moral.

 Se tivessem a mão amiga de um irmão, poderiam ir à Loja, aos almoços, e de novo serem felizes, pela convivência fraterna entre os irmãos.

A maçonaria, pródiga em ajudar os velhinhos dos asilos profanos, vira a cara para seus próprios membros, que nem sempre precisam de apoio pecuniário, apenas de uma visita.

 A tentativa de levar irmãos à casa de um enfermo, sempre resulta em fracasso, pois ninguém se interessa. Os Veneráveis Mestres, alguns deles, quase nunca vão, preferindo “formar uma comissão”, para uma obrigação que é sua, que ele solenemente jurou cumprir, com a mão sobre a Bíblia.

O apelo das cunhadas e dos filhos, pedindo uma visita dos maçons, não faz eco. Alguns de nós, me incluo nisso, acham que maçom inativo não é mais irmão, e não é merecedor de nosso amor, nem de nossa visita, porque deixou a Loja há anos.

Se não mudar meu sentimento, renunciarei aos graus que alcancei, e pedirei para ser novamente iniciado. O tempo corre célere, e a vida escapa pelos dedos como o mercúrio, quando tentamos segura-lo. Irmãos, há tempo, ainda que curto, para amar e dar alguma alegria ao maçom, pois

 O Céu não pode esperar.

Por Laurindo Roberto Gutierrez
Loja de Pesquisa Maçônica Brasil -  Londrina-Pr
Loja de Pesquisa Maçônica Francisco Xavier Ferreira- Porto Alegre- RS

*NE: Esse texto foi publicado na edição de janeiro do jornal "O Malhete" omitindo o nome do verdadeiro autor que é o Irmão Laurindo Roberto Gutierrez ao qual pedimos desculpa pelo nosso erro.

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1 Comentários

  1. Bom dia, Sr. editor; antes de colaborar com o O Malhete enviando algumas linhas sem muito conteúdo, sou leitor constante e crítico da nosso periódico, que por sinal tem assunto suficiente para ser hebdomadário (tão na moda) e facultar assim ao povo maçônico textos magnìficamente realistas e orientadores como o que acabei de degustar na página 15, de autoria, a qual agradeço aqui do alto dos meus 65 de vida e 30 de ordem, do irmão JURACY VILELA DE SOUZA. Parabens, EM.´. IR.´. pois só a verdade é libertária

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