O grande filósofo grego Platão, 428 aC , disse:
“As coisas que são vistas não são pensadas,
enquanto a essência (das coisas) são
pensadas, mas não podem ser vistas”.
“ Os homens estão acorrentados dentro da caverna, de modo que somente
podem olhar para a parede situada no fundo. Próximo à entrada, há uma fogueira
e, entre ela e os homens, existe uma passarela ladeada por muros. Nessa
passarela, pessoas carregam sobre a cabeça esculturas de todas as coisas do
mundo, falando ou em silêncio. Como o muro lateral da passarela cobre as
pessoas que passam, a luz da fogueira projeta apenas a sombra dos objetos na
parede do fundo da caverna, formando as únicas imagens vistas pelas pessoas
acorrentadas.
As
pessoas nascem, crescem e morrem nessa situação.
Essas
sombras são as únicas coisas que elas enxergam, por isso acreditam que se trata
da única realidade existente. Em consequência, a sua vida se limita a
identificar e interpretar as diferentes imagens que se lhes apresentam.
O
que aconteceria se uma das pessoas, de índole mais inquieta, pudesse
libertar-se das correntes e, apesar das dificuldades, conseguisse arrastar-se
até a parte superior, perceber o clarão vermelho da fogueira e conseguisse
olhar para trás, além do muro?
Veria,
primeiro um grupo de pessoas não totalmente imobilizadas, responsáveis pela
manutenção da fogueira, pela programação do trabalho dos carregadores e
entenderia que as imagens projetadas na parede do fundo não eram a realidade,
mas a projeção das peças carregadas.
De
repente se daria conta de como funcionavam as coisas na caverna, mas ainda sem
reconhecer que se tratava de uma caverna.
Então,
após acostumar-se com a claridade da fogueira, ele percebe um clarão ainda mais
forte, de uma luz amarelada. Apesar do desconforto e da dor nos olhos que
aquela luz provoca, decide encaminhar-se para lá e, ao ultrapassar o umbral, se
vê diante da luminosidade intensa e ofuscante do Sol, sendo forçado a fechar os
olhos. Mas logo descobre que pode abri-los lentamente e aos poucos vai
descortinando: primeiro, vultos envoltos em névoa, depois, paulatinamente o
contorno e a forma de todas as coisas. Finalmente, as cores – a profusão e a
beleza das cores! Descobre toda a magnitude da natureza.
Finalmente,
com os olhos ajustados à luz matinal, consegue fitar o próprio Sol e percebe
que é ele, o Sol, o responsável pela vida e pela natureza exuberante que o
cerca e à noite vê as estrelas no firmamento.
Ele
se dá conta de que vivera numa caverna escura, sem cor, e, ao lembrar-se dos
amigos ainda presos lá dentro, volta para libertá-los. Ao entrar na caverna
enfrenta a transição: precisa acostumar novamente seus olhos à escuridão, mas
só o consegue em parte. Nunca mais terá a mesma eficiência de antes no escuro.
Conta aos amigos o que descobriu e convida-os a sair, garantindo conhecer o
caminho.
Qual a reação deles?
Criticam-no porque perdeu parte da visão e agilidade. Por
querer propor-lhes atitudes que certamente lhes trariam sofrimentos. Supõem que
o amigo quer acabar com a felicidade de que desfrutam ”.
“Não
demora a ser tachado de louco ou a ser morto para que se cale”.
As 12 correntes que prendem os homens na
plateia da caverna de Platão
Saliente-se
que os operadores do sistema mostram, no fundo da caverna, aquilo que alimenta
a inércia dos acorrentados, de tal forma que estes se mantêm presos acreditando
que aquela é a sua única realidade.
1
– A Corrente da Vaidade:
Esta
corrente prende os homens pela ânsia de se verem com o peito cheio de medalhas,
com a parede cheia de diplomas sem significado, de homenagens imerecidas, de
títulos honoríficos vazios. Enchem-se de prazer por lhes designarem lugar de
destaque na arquibancada, por lhe delegarem poder para vigiar seus colegas de
plateia.
A
mensagem é: Você é dos nossos. Precisamos de você onde você está. Você é
importante para nós. Cumpra nossas determinações e algum dia, lhe cobriremos de
louros.
2
– A corrente da Ganância:
Esta
é uma corrente de elos fortes. As figuras que são mostradas aos homens no fundo
da caverna representam tudo o que poderão alcançar se continuarem atrelados
àquela arquibancada. Alimentam seus sonhos de prosperidade, de esbanjamento, de
dinheiro e vida fácil e farta, de preferência sem lutas, sem trabalho, sem
mérito próprio. Jogam até algumas moedas ao seu redor para dar mais realismo à
cena.
A
mensagem é: Continuem na platéia e dividiremos com você tudo o que temos.
3
– A corrente do Fanatismo:
Mantém
muitos homens acorrentados a uma cartilha, cuidadosamente elaborada pelos
“grandes líderes”, do que imaginam possa ser uma grande causa. Os operadores do
sistema criam os mais altos ideais para que os fins justifiquem os meios e
tornem os homens capazes de grandes sacrifícios em prol do que cegamente acreditam
ser a verdade absoluta. Não analisam os fatos, pois não conseguem ver além das
lentes de seus mentores.
A
mensagem é: Só nós somos os certos, estamos com a verdade e temos que eliminar
os que não querem ver como nós.
4 –
A corrente do Conformismo:
Esta
é uma corrente com alguns elos distintos: O comodismo, a falta de opinião e
vontade próprias, a apatia, a preguiça e a disforia. Os
homens sempre encontram argumentos para justificar o “status quo”. Para que
mudar? Do jeito que está, está muito bom. Temos que nos resignar. Tudo que vier
está bom do jeito que veio.
A mensagem é: Tudo
está do melhor jeito que tem para estar.
5 – A
corrente da Covardia:
Esta é uma
corrente mais comum do que se imagina. Os operadores implantam o medo na plateia.
Demonstram o que acontece com aqueles que ousam discordar ou levantar a voz. Os
homens encavernados pensam assim: Eles nos sufocarão na primeira tentativa. Não
tenho nada a ganhar com isso, então para que comprar essa briga? Posso perder
tudo o que tenho, então vou ficar calado.
A mensagem é:
Vejam o que acontece com aqueles que não estão conosco.
6
– A corrente da Ignorância:
É uma corrente que prende aquele que não tem instrução, que
revela falta de saber,
desconhecimento e imperícia, alguém que não conhece uma coisa por
não ter estudado a respeito. Em outros casos, alguém que é inocente e ingênuo ou
que apresenta comportamentos incivilizados e rudes ou ainda que é estúpido,
tolo, inepto ou imbecil.
Para estes nem mensagem é necessário.
7
– A corrente dos Vícios:
Este
tipo de corrente prende os homens, extirpando-lhes o domínio sobre sua vontade
e respeito próprios. São presas fáceis, pois basta lhes oferecer o que não são capazes de resistir, para que
façam qualquer coisa para obtê-lo.
Não
necessitam de mensagens para se manterem acorrentados, basta alimentar seu
vício.
8
– A corrente da Desonestidade:
Há
uma tênue distinção entre as correntes da desonestidade e da esperteza. Muitos
acham que estão presos pela corrente da esperteza, mas na realidade a que os
prendem é a da desonestidade. Acham-se sagazes por tomarem a frente dos outros,
por falarem mais alto, por papaguearem regras, por enganarem os outros e
venderem gato por lebre. Se acham espertos e acham que estão por cima, por isso
não querem mudar, acham que, enquanto estiver do jeito que está, para eles está
bom.
A
mensagem é: Aqueles que permanecem onde estão são os mais espertos.
9
– A corrente do Orgulho:
Esta é a corrente da soberba, da arrogância, quando os próprios valores são superestimados,
acreditando ser melhor ou mais importante do que os outros. É quando a necessidade
de auto-afirmação fala mais alto.
Não dá o braço a torcer, por mais que os fatos lhe digam o contrário.
A mensagem é: Você é o maior, o mais brilhante, o mais
inteligente, o mais esperto, o mais bonito, etc..
10
– A Corrente da Culpa:
São
correntes ostensivas. O sentimento de culpa de erros passados condena os homens
e os operadores do sistema irão sempre acusá-los para os manterem acorrentados.
A
mensagem é: Todos os culpados estão eternamente condenados, não há perdão para
eles.
11
– A corrente do Egoísmo:
Para
os que estão presos com esta corrente, o que importa os outros? Se para mim
está bom, por que me preocupar com os outros? Mesmo sabendo que todos estão sendo
enganados, não vou me arriscar para salvá-los. Por que criar problemas para mim
para tentar alertá-los?
A
mensagem é: O certo é cada um cuidar de si e não se preocupar com os demais.
12
– A corrente da Cegueira:
Esta
corrente além de ser forte, está sempre conjugada com uma das anteriores o que
a torna uma das mais comuns. Não é uma simples corrente, originária de uma
deficiência visual adquirida ou de nascença. Trata-se da pior das cegueiras:
Aquela cujo portador não quer ver.
Sócrates (469-399 AC .), um dos maiores filósofos da humanidade, mestre de
Platão, afirmou: “Nenhuma lei deve ser obedecida se for injusta, nenhuma regra
deve ser obedecida se desprezar a virtude, nenhum regime político deve ser
obedecido se for tirânico e assassino.
Nestas condições, “o transgressor não é
um inimigo da ordem social, mas amigo da sabedoria e da verdade”. Portanto, aquele que transgride o que impede a
comunidade de viver bem está no caminho correto.
Dr. Ernesto Pereira – Rio de Janeiro-2014, Advogado -
Pós-graduado em Processo Civil, diz: “Ninguém
que tenha noção de democracia deseja um judiciário sob cabresto e sob o jugo
das influências nefastas da política e dos demais Poderes. Porém, também é bom saber que, pelos mesmos princípios democráticos, há
justiça contra as injustiças da Justiça”.
Alguém
disse que: “decisões judiciais não se discutem, se cumprem”; mas com a vênia
dos que são advogados, quero dizer que quem tem a obrigação de cumprir uma
decisão judicial é a parte a qual esta decisão obrigou. Por exemplo: Se a
justiça manda um patrão pagar a um empregado determinado valor, é aquele patrão
- e só ele - tem a obrigação de pagar. Os outros, nada temos a ver com isso.
Também
foi dito que “é bom manter a disciplina
para evitar o caos”, mas prefiro o conceito emitido pelo escritor americano Cullen Hightower, (1923-2008) - “Disciplina sem liberdade é tirania; e
liberdade sem disciplina é o caos”, ou seja: disciplina na medida certa
evita o caos, mas além desse limite é tirania e atentado contra a liberdade.
e pelo
filósofo francês Michel Foucault, (1926-1984):” A disciplina fixa os
limites do jogo de uma identidade que tem a forma de uma reatualização permanente
das regras.
O
maçon têm o dever de zelar pela transparência das ações dos poderes constituídos
e pela boa aplicação dos recursos da ordem, apontando desvios e demais
expedientes que lesem seus direitos e seus legítimos interesses. Não podemos
permitir que a maçonaria seja contaminada pelos maus exemplos da politicagem do
mundo profano, pelo contrário, devemos dar uma lição de como fazer política sem
sujar as mãos.
Os
operadores que passam as figuras no fundo da caverna também vivem sob uma
realidade forjada que eles próprios ajudam a fabricar. Até quando o resto vai
ficar assistindo as figuras que passam no fundo da caverna sem querer sair de
lá?
Marcílio Borges Profeta
CIM 182.073
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