Quando a Loja se Desvia do Caminho: Reflexões sobre o Verdadeiro Espírito Maçônico

 



Por Athaualpa Meireles

A Maçonaria, instituição milenar fundada sobre os princípios da fraternidade, da moral e da busca pela verdade, enfrenta, em alguns lugares, desafios internos que colocam em risco a sua essência. A nobre missão de formar homens melhores e promover o bem coletivo, às vezes, é comprometida por atitudes que distorcem seus valores e desviam as Lojas de sua verdadeira função.


Em certas oficinas, observa-se a figura do “irmão que se acha dono da Loja” — alguém que, movido por vaidade e autoritarismo, tenta transformar um espaço de fraternidade em feudo pessoal. Esquece-se de que a Maçonaria não tem donos, mas guardiões temporários de uma tradição que pertence à humanidade. Quando um irmão impõe sua vontade sobre os demais, o templo deixa de ser lugar de luz para se tornar palco de egos e interesses.

Outro problema que se tem notado é a falta de solidariedade real. Quando um irmão passa por dificuldades financeiras, em vez de receber apoio e compreensão, é muitas vezes pressionado a se afastar ou até mesmo a pedir seu “kit placê”. Tal atitude é contrária ao verdadeiro espírito fraternal. O auxílio mútuo — moral, espiritual ou material — é uma das colunas que sustentam a Ordem. Negar a mão ao irmão em necessidade é ferir o coração da Maçonaria.

As confraternizações, momentos que deveriam celebrar a união e o companheirismo, também têm sido motivo de preocupação. Há irmãos que, ao exagerarem no consumo de álcool, expõem comportamentos inadequados e posteriormente levam essa imprudência às redes sociais. Quando publicam conteúdos incompatíveis com os princípios maçônicos, acabam manchando não apenas sua própria imagem, mas também a da Instituição. O maçom é chamado a ser exemplo — dentro e fora do Templo — e suas atitudes devem refletir a sobriedade e a ética que jurou defender.

Talvez um dos erros mais graves seja a iníciação de profanos que não possuem o perfil adequado para a Maçonaria. Em alguns casos, a admissão é motivada não pela virtude, mas pelo poder aquisitivo. Essa prática corrompe o processo iniciático, que deve buscar almas sinceras e dispostas à lapidação moral, e não meros títulos ou recursos financeiros. Quando o critério de seleção se baseia no dinheiro e não no caráter, a Loja perde sua identidade e o ideal maçônico se dilui em superficialidades.

Esses desvios não são problemas da Maçonaria em si, mas de alguns maçons que se afastam de seus compromissos. A Instituição continua sendo, por natureza, uma força de bem, promotora do progresso espiritual e social. No entanto, para que essa luz não se apague, é preciso constante vigilância, humildade e autocrítica.

O verdadeiro maçom não busca poder, mas sabedoria; não julga o irmão caído, mas o ajuda a se reerguer; não se exibe nas redes, mas reflete em silêncio; não inicia por interesse, mas por amor à virtude.

A Maçonaria floresce quando cada um de seus membros compreende que o Templo mais importante a ser edificado é o interior — aquele que se constrói com retidão, fraternidade e luz.

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