Leon Trótski, Parvus e a Maçonaria: Entre a Revolução e o Mito da Conspiração


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Leon Trótski, Parvus e a Maçonaria: Entre a Revolução e o Mito da Conspiração

Da Redação

Como o pensamento revolucionário do início do século XX foi envolvido por mitos e teorias sobre a Maçonaria e o poder oculto.

Leon Trótski nasceu em 7 de novembro de 1879, segundo o calendário gregoriano, ou em 26 de outubro, conforme o calendário juliano utilizado na Rússia czarista. Intelectual marxista, jornalista e líder da Revolução de 1917, Trótski — cujo nome de nascimento era Lev Davidovich Bronstein — foi um dos fundadores do Exército Vermelho e o principal rival de Stalin na sucessão de Lênin.

Durante seus anos de exílio, Trótski conheceu o economista e teórico Alexander Parvus (Israel Lazarevich Gelfand), de quem recebeu grande influência. Ambos compartilharam uma visão crítica sobre o capitalismo e acreditavam na necessidade de uma revolução mundial.

Entretanto, foi justamente nesse ambiente de intensa efervescência ideológica que começaram a surgir narrativas conspiratórias associando os movimentos revolucionários, o judaísmo e até mesmo a Maçonaria a um suposto plano de dominação global.


 O mito da Maçonaria como força oculta

Após a Revolução Russa, círculos monarquistas e anticomunistas espalharam a ideia de que Trótski e Parvus teriam descoberto “o verdadeiro propósito” da Maçonaria: eliminar os Estados nacionais e suas culturas, instaurando um “Estado mundial judaizado”. Essa tese — sem qualquer comprovação histórica — foi posteriormente repetida por autores de literatura antimaçônica e antissemita.

Chegou-se até a citar uma falsa “iniciação secreta ao 33º grau”, segundo a qual a Maçonaria seria “a revolução em ação, a conspiração contínua”.

Tais afirmações, contudo, não aparecem em nenhum ritual autêntico ou documento maçônico reconhecido. Elas fazem parte de uma construção ideológica criada para desacreditar tanto os movimentos revolucionários quanto a própria Ordem Maçônica.

 O papel histórico da Maçonaria

Ao longo de sua história, a Maçonaria foi, de fato, um berço de ideias libertárias e iluministas, pregando a liberdade de pensamento, a fraternidade universal e o aperfeiçoamento moral do ser humano. Esses princípios, porém, foram interpretados por seus inimigos como indícios de uma “revolução permanente”.

No século XIX e início do XX, a Ordem foi frequentemente acusada de estar por trás de revoluções, reformas políticas e movimentos republicanos. Essas acusações se tornaram especialmente comuns em períodos de medo e incerteza, quando a figura do “poder oculto” servia como explicação simplista para transformações sociais complexas.

 Trótski, Parvus e a realidade histórica

Nem Trótski nem Parvus eram maçons. Suas convicções vinham do marxismo e do socialismo revolucionário, não de tradições esotéricas. A associação entre eles e a Maçonaria surgiu como parte de um discurso político e religioso destinado a culpar minorias — judeus, intelectuais, liberais e maçons — por mudanças sociais profundas.

Essa narrativa antimaçônica e antissemita ressurgiu com força em diferentes momentos do século XX, inclusive durante o nazismo e o stalinismo, ambos regimes que perseguiram maçons.

 Reflexão final

A história de Leon Trótski, um dos maiores pensadores revolucionários do século XX, revela como a verdade histórica e o mito conspiratório frequentemente se misturam nas narrativas políticas.

Para a Maçonaria, compreender essas distorções é essencial: elas mostram que o medo do desconhecido — o mesmo medo que alimenta o dogmatismo — sempre tenta destruir o pensamento livre e a razão iluminada.

A verdadeira Maçonaria não conspira nas sombras: ela trabalha à luz do conhecimento, pela liberdade e pela fraternidade universal.

 


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