Da Redação
Entre as expressões que mais causam desconforto
e reflexão no meio maçônico, poucas soam tão provocativas quanto “a venda de
avental”. A frase, que pode parecer apenas uma ironia, carrega em si uma
crítica moral profunda à transformação de um ideal iniciático em objeto de
comércio, e de um rito sagrado em simples formalidade burocrática.
O
Avental: Símbolo de Pureza e Trabalho
Desde as mais antigas tradições operativas, o avental
sempre foi o sinal do trabalho, da pureza e da humildade. O aprendiz, ao
recebê-lo, é lembrado de que ingressa em uma jornada de edificação interior — e
que cada fio daquele tecido representa o esforço pela perfeição moral.
O avental não é um adorno, mas um lembrete
constante de que a verdadeira obra do Maçom não se faz com ouro ou poder, mas
com virtude e retidão.
Do
Símbolo ao Produto
Com o passar do tempo, contudo, o cenário
maçônico passou a refletir certas distorções da sociedade profana. Em algumas
circunstâncias, o processo de ingresso na Ordem, que deveria ser marcado pelo
mérito, pela investigação moral e pelo desejo de aprimoramento, tornou-se
envolto em valores financeiros desproporcionais.
Daí nasceu a crítica à “venda de avental”: a
percepção de que, em certos ambientes, o avental — símbolo da iniciação —
passou a ser adquirido, e não conquistado.
Quando
o Templo se Confunde com o Mercado
Quando uma Loja deixa que o valor material se
sobreponha ao espiritual, ela perde o sentido de ser escola de virtude e passa
a imitar o mundo que deveria transformar.
Não se trata de negar a necessidade de
contribuições financeiras — afinal, a manutenção de um Templo exige custos
reais. A questão é a motivação: quando o candidato é aceito não pelo caráter,
mas pela capacidade de pagamento, o sagrado se profana.
O
Valor do Avental Não Está no Preço, Mas no Mérito
O verdadeiro Maçom não compra seu avental; ele
o merece. Cada fio branco deve ser tecido com atos de fraternidade, disciplina
e busca da Verdade.
O avental adquirido sem merecimento é apenas um
pano; o recebido com consciência é um emblema de luz.
“A venda de avental” deve servir como um
espelho para todos nós. Se há comércio onde deveria haver iniciação, é sinal de
que o Templo precisa ser purificado.
A Maçonaria não é uma empresa, mas uma escola da alma — e cada Irmão é chamado a zelar para que o avental continue sendo o símbolo da pureza, da humildade e do trabalho construtivo em prol da humanidade.


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