Por Rui Aurélio de Lacerda Badaró (*)
(Baseado em "Como se defender da estupidez dos humanos na
pós-humanidade", de Lenio Streck)
Já explorei, em
outros textos, o fenômeno da "néscionaria", uma fraternidade
amplamente praticada nas terras brasileiras. Agora, proponho um guia curto e
prático para identificar e se proteger da estupidez dentro da Maçonaria, um
problema que pode comprometer a própria essência da Ordem.
1.
Identificando um Tolo
Antes de se
defender, é preciso identificar. Como ensina a Tradição, no princípio era o
verbo. As coisas existem, mas precisam ser nomeadas. Assim, identificamos os
tolos e os denominamos como tal.
Sinais
Inconfundíveis de um Tolo Maçônico:
Apego a um
suposto direito de nascença. Aquele que insiste que sua linhagem, seja ela
europeia ou outra, lhe confere algum privilégio inato dentro da Ordem revela
sua própria limitação.
Dissonância
entre teoria e prática. O sujeito que proclama que "na teoria, a prática é
diferente" desconhece ambos os conceitos.
Desprezo pelo
conhecimento. Se o último livro que um irmão leu foi antes da iniciação,
prepare-se para uma longa batalha contra a ignorância.
Negacionismo
histórico. Qualquer negador do Holocausto é, por definição, um imbecil. Se
duvida, proponha-lhe um debate e observe o famoso "xadrez de pombos"
em ação: ele vai derrubar as peças, sujar o tabuleiro e sair cantando vitória.
Cancelamento do
passado. Quem deseja apagar do pensamento maçônico nomes como Lessing, Fichte
ou Voltaire está cometendo um crime contra a própria Tradição.
Colonialismo
imaginário. O que diz que "o Brasil só não deu certo porque não foi
colonizado por holandeses ou ingleses" não entende nada de história ou
maçonaria.
Disseminador de
fake news. O tolo compartilha inverdades e as defende como se fossem reveladas
pelo próprio G° A° D° U°. O "breviário de Rizzardo Da Camino", por
exemplo, virou referência para alguns maçons desavisados.
Se reconhecer
algum desses sinais, corra. Não olhe para trás, como a esposa de Ló ao sair de
Sodoma e Gomorra.
2. Como se
Proteger
Assim como as
vacinas protegem contra vírus, existem antídotos contra a estupidez:
Leia bons
livros. O conhecimento é o melhor escudo contra a ignorância.
Escolha bem
suas companhias. Redes sociais são um campo minado; selecione bem seus
contatos.
Evite grupos de
WhatsApp repletos de "neocavernas". Se, após sua mensagem, alguém
responder com a foto de um cachorro, entenda: você foi excluído.
Desconfie dos
fóruns digitais. Grupos de WhatsApp já são um problema por si só.
Aprenda a
tolerância cínica. Conviver com tolos pode ser um experimento empírico de
resiliência.
Leia mais
livros. Mas evite autoajuda e "literatura maçônica" de qualidade
duvidosa.
Se possui
livros de Rizzardo Da Camino, não os queime. Atos de censura podem fazer de
você um tolo também.
Conclusão
Nem todo homem
que parece tolo o é, mas todo tolo, mais cedo ou mais tarde, se revela. A
Maçonaria sempre enfrentou desafios internos e externos, mas nada é mais
perigoso do que a própria ignorância dentro de seus templos. O caminho para se
defender da estupidez é o conhecimento, a reflexão e a seleção criteriosa das
interações. Como dizem os antigos, "provar os espíritos" é essencial.
Afinal, como
ensinava o falecido professor Ercílio Antonio Denny: "Nem tudo o que
parece é necessariamente; mas se assim for, parece que sim."
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