Da Redação
A Polícia Metropolitana de Londres (Met) está
avaliando a possibilidade de obrigar seus agentes a declarar publicamente se
são membros da Maçonaria. A notícia, divulgada pela imprensa britânica,
reacende um debate histórico sobre transparência, imparcialidade e os limites
entre vida privada e dever público dentro das forças de segurança.
Transparência em foco
A Scotland Yard, sede da Met, manifestou
preocupação sobre o impacto que a filiação à Maçonaria pode ter em processos
internos, como promoções, investigações e situações de “má conduta” policial. O
receio é que a pertença a uma sociedade com fortes laços de fraternidade possa
gerar conflitos de interesse, dificultando a confiança do público no trabalho
da corporação.
Diante disso, a Met lançou uma consulta interna
que avalia incluir a Maçonaria na lista de associações que os agentes devem
declarar obrigatoriamente. Atualmente, essa lista já contempla indivíduos com
condenações criminais, investigadores privados e até agentes com ligações com o
jornalismo.
O
que diz a política oficial
Segundo o portal de transparência da Polícia
Metropolitana de Londres, os agentes não são obrigados a declarar vínculos com
nenhuma “sociedade secreta”, entre elas a Maçonaria. No entanto, existe a
obrigação de comunicar qualquer associação que possa configurar conflito de
interesses no exercício da função.
O possível endurecimento da política surge após
recomendações feitas em um relatório publicado em 2021 sobre o assassinato do
detetive privado Daniel Morgan, ocorrido em 1987. A investigação concluiu que a
participação de oficiais na Maçonaria foi, durante anos, “uma fonte recorrente
de suspeita e desconfiança nas investigações” relacionadas ao caso.
A
Maçonaria e sua presença histórica
Fundada entre o final do século XVII e início
do XVIII na Europa, a Maçonaria se define como uma instituição voltada para a
busca da verdade, o desenvolvimento social e moral, além do estudo das
ciências, das artes e da filosofia. Embora seja frequentemente associada ao
sigilo, a organização afirma ter como finalidade principal a elevação ética e
espiritual do ser humano.
O Reino Unido possui uma longa tradição
maçônica. Entre seus membros mais ilustres estiveram Winston Churchill,
ex-primeiro-ministro britânico, e os escritores Arthur Conan Doyle e Oscar
Wilde. Estima-se que, atualmente, existam cerca de seis milhões de maçons em
todo o mundo.
Debate entre privacidade e confiança pública
A possível medida da Polícia de Londres coloca
em debate duas questões sensíveis: de um lado, o direito de agentes manterem em
sigilo suas escolhas pessoais de associação; de outro, a necessidade de
garantir à sociedade a plena confiança na imparcialidade da corporação.
Se a proposta for implementada, poderá marcar
um passo inédito na relação entre as forças de segurança britânicas e a
Maçonaria — uma instituição histórica que, mesmo após séculos de existência,
continua cercada por mistério, influência e controvérsia.
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