No dia 5 de fevereiro de 1917, foi aprovada a Constituição do México, um documento profundamente reformista que permanece em vigor até os dias atuais. Elaborada no contexto da Revolução Mexicana (1910-1920), esta Constituição refletia a influência de ideias progressistas e maçônicas, impulsionadas pelo então presidente Venustiano Carranza, ele próprio maçom, assim como todos os presidentes eleitos no país desde então.
A Constituição de 1917 promoveu mudanças
radicais na sociedade mexicana, especialmente no que diz respeito à
secularização do Estado. Entre seus aspectos mais controversos estavam as
severas restrições à liberdade religiosa. O ensino religioso foi proibido nas
escolas, tornando-se crime sua prática em instituições públicas. A Igreja
Católica foi duramente atingida: seus bens foram desapropriados, sua
personalidade jurídica negada e sua atuação limitada influência aos templos
religiosos.
Além disso, a Constituição impõe diversas
limitações aos sacerdotes. Eles foram privados de direitos fundamentais, como
votar, ser votados, possuir bens ou herdar propriedades. Paradoxalmente, foram
obrigados a prestar serviço militar, algo impensável para qualquer outro grupo
clerical no mundo ocidental da época.
A forte presença maçônica na política mexicana
pode ser entendida como um reflexo do conflito histórico entre a Maçonaria e a
Igreja Católica. Desde o século XIX, o México viveu intensas disputas entre
liberais (muitos deles maçons) e conservadores, que buscavam manter os
privilégios do clero. A Constituição de 1917 consolidou o predomínio dos ideais
liberais e anticlericais, criando um Estado laico com medidas extremamente
rígidas contra qualquer interferência religiosa na vida pública.
Consequências e Impacto
As disposições anticlericais da Constituição
geraram forte resistência da Igreja e dos setores mais conservadores da
sociedade. Na década de 1920, essa tensão culminou na Guerra Cristera
(1926-1929), um conflito armado liderado por grupos católicos que se opunham às
políticas anticlericais do governo. Embora a repressão governamental tenha sido
brutal, resultando em milhares de mortes, o levante forçou algumas concessões
do Estado, que atenuaram certas restrições à Igreja ao longo dos anos
seguintes.
Atualmente, muitos dos dispositivos
anticlericais da Constituição de 1917 foram suavizados, mas sua essência
secular permanece. O México continua a ser um dos países com uma das
legislações mais rígidas em relação à separação entre Igreja e Estado.
Conclusão
A Constituição Mexicana de 1917 representou uma das maiores reformas políticas da América Latina, estabelecendo bases para um Estado laico e limitando a influência da Igreja Católica na sociedade. Influenciada pelos princípios maçônicos da laicidade e do republicanismo, ela moldou a política mexicana por mais de um século. Mesmo com modificações ao longo dos anos, sua estrutura fundamental ainda reflete os ideais dos revolucionários de 1917, deixando um legado marcante na história do México.


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