Por Hilquias Scardua
Lidamos cotidianamente com a
superficialidade das pessoas, é comum, massivo e redundante, numerosos, aqueles
que não obtiveram valores, não detiveram densidade nobre ao seu juízo, que,
visivelmente, se reflete em suas exposições comportamentais.
Muitos colhem do final do curso, as
águas contaminadas por sua longa trajetória até a exposição dos lagos prontos à
face, pelo simples exército do "menor esforço". Não são todos que
ousam percorrer distâncias para desfrutar da límpida e fresca água da fonte.
É nesse campo que abriga a conformidade
e impureza que convido a adentrarmos e, juntos, refletirmos.
E por base na frase, de autoria
desconhecida, a qual me amparo, expondo a angústia de permanecer entre os seres
rasos que se multiplicam disparadamente:
"Cansei de sofrer traumatismo
craniano por mergulhar em pessoas tão rasas".
E para ilustrar um pouco melhor a busca
por uma densidade nobre, uma profundidade atrativa, exponho a sugestão que fiz
a um grande amigo desenhista quando, ele em sua busca para alcançar melhor
resultado técnico, usou como referência alguém de seu meio, um desenhista capaz
e que atraía sua admiração:
Foi quando sugeri que ele estudasse um
Grande Mestre dos desenhos, Gustavo Doré, técnico muito além da referência da
qual havia me apresentado.
Ele, contrariado, disse que aquilo era
demais e nada tinha a ver com o nível do outro artista. Com isso, complementei
dizendo: - meu amigo, busque Doré, que no caminho, bem na metade desse caminho,
você já terá ultrapassado tecnicamente aquele ao qual você admira.
Essa busca nos tira da condição da
superficialidade, quando almejamos ofertar melhores coisas e vamos diretamente
à fonte, sem reservas e com a devida dedicação, não nos deixamos contaminar com
os manuais daqueles que oferecem o final do caminho, o espelho turvo da
superfície da água.
Criamos densidades quando mergulhamos
fundo na história da existência, nas fontes deixadas por aqueles que enobrecem
a genialidade humana.
Sim, temos que ir às fontes, aos
Mestres, à melhor referência e servir-nos disso. É na Lei da Correspondência:
"Tudo que está embaixo, é como tudo que está em cima". - “O que está
fora é o reflexo do que está dentro”.
E sobre essa razão, configuramos nossas
densidades para não ofertarmos águas rasas e superfícies turvas.
É fundamental compreender que essa busca
pela profundidade não apenas nos liberta da superficialidade, mas também
contribui para a riquíssima tapeçaria da sociedade. À medida que cada indivíduo
se empenha em mergulhar nas fontes do conhecimento, das artes e da sabedoria,
cria-se uma teia intricada de experiências enriquecedoras.
Essa profundidade pessoal, longe de ser um
empreendimento solitário, tece conexões que transcendem o indivíduo, impactando
positivamente a comunidade ao seu redor. É como se cada mergulho nas águas
profundas deixasse uma marca indelével, formando um legado que ecoa para além
das fronteiras da superfície.
Nesse processo, não apenas nos elevamos,
mas também elevamos o coletivo, compartilhando as riquezas que encontramos nas
profundezas da existência.
Hilquias Scardua,
Cavaleiro da Liberdade
T.F.A.
1 Comentários
Excelente peça de arquitetura valoroso irmão. Gratidão por compartilhar tão agregadora reflexão.
ResponderExcluirUm Tríplice e Fraternal Abraço do seu irmão,
Juliano Klen
ARLS RENASCIMENTO Nº8
Oriente de Cabo Frio-RJ