A maior organização
Protestante-Evangélica dos Estados Unidos da América, a Convenção Batista do
Sul, responsável através da Junta de Richmond pela implantação do trabalho
Batista no Brasil, possuía, naquela época, e, ainda hoje, possui um grande
número de membros Maçons.
Os emigrados dos
EUA que se estabeleceram em Santa Bárbara, São Paulo, fundaram, nessa cidade, a
primeira Igreja Batista em solo brasileiro, em 10 de setembro de 1871, pelo
Maçom e Pastor americano Richard Ratcliff (1831-1912); fundaram, também, em
1874, a Loja Maçônica “George Washington”, onde se encontravam oito Batistas,
sendo que, pelo menos, cinco deles foram também fundadores da Primeira Igreja
e, entre eles, o Maçom americano, Pastor Robert Porter Thomas (1825-1897).
O Pastor Thomas foi
interino, por diversas oportunidades, tanto na Primeira Igreja, quanto na
Igreja da Estação 2ª., fundada em 02 de novembro de 1879, pelo Maçom americano,
Pastor Elias Hoton Quillin (1822-1886). O pastorado, interino, do Pastor
Thomas, nas duas Igrejas, somou cerca de 30 anos de profícuo trabalho, sendo o
que mais tempo pastoreou tais Igrejas.
Em 12 de julho de
1880, a pedido da Igreja da Estação 2ª., foi formado um Concílio reunindo as
duas Igrejas, para Recepção e Consagração ao Ministério do Irmão Antonio
Teixeira de Albuquerque (1840-1887), tendo sido batizado pelo Pastor Thomas.
Foi moderador do Concílio, realizado no salão da Loja Maçônica, o Pastor
Quillin, conforme consta na carta, subscrita pelo moderador e o secretário do
Concílio, ao Foreign Mission Board of the Soufhern Baptist Convention
(Richmond, USA).
Destacamos o fato
curioso de que o Primeiro Pastor Batista Brasileiro, além de ter sido batizado
por um Pastor que era Maçom, foi ainda consagrado ao Ministério da Palavra no
salão de uma Loja Maçônica. É importante recordar que a Igreja em Santa Bárbara
era uma Igreja missionária. Foi ela que insistiu e conseguiu que a “Junta de
Richmond” nomeasse missionários para o Brasil, estabelecendo-se, então, em
Santa Bárbara, a “Missão Batista no Brasil”. O primeiro missionário foi o
Pastor Quillin, em 1878, com sustento próprio. Seguiram-se, sustentados pela
“Junta”, sendo todos Maçons: William Buck Bagby (1855-1939), em 1880; Zachary
Clay Taylor (1851-1919), em 1882; Edwin Herbert Soper (1859-1948), em 1885;
Edward Allen Puthuff (1850-1932), em 1885; e outros, sendo que Bagby, Soper e
Puthuff foram Pastores da Igreja em Santa Bárbara, que tinha, entre seus
membros, um expressivo grupo de Maçons.
A Maçonaria também
ajudou os Batistas brasileiros e ao Pastor Salomão Luiz Ginsburg, Missionário
da Junta de Missões Estrangeiras de Richmond e, também, Maçom, na construção do
Primeiro Templo Batista, em Campos de Goytacazes e da denominada “Egreja de
Christo”, chamada Batista, em São Fidélis, ambas no Estado do Rio de Janeiro.
Em 1921, Salomão Ginsburg publicou o seu livro “Um Judeu Errante no Brasil”,
sua autobiografia. Encontra-se, em algumas partes de seu relato, a descrição de
sua condição de Maçom.
Segundo nos informa
o Pastor Ebenezer Soares Ferreira, no Jornal Batista no 30, de 24 de julho de
1894, Ginsburg foi o fundador, na cidade de São Fidélis, no Estado do Rio de
Janeiro, da Loja Maçônica “Auxílio à Virtude”, em 02 de julho de 1894 e da
“Egreja de Christo”, Chamada Batista”, em 27 de julho de 1894, que foi a
primeira Igreja Batista em São Fidélis. Segundo o mesmo autor, o primeiro
Templo Batista, construído no Brasil, foi o da Primeira Igreja Batista de
Campos, edificado sob o pastorado de Salomão Ginsburg e com a colaboração
financeira dos Maçons.
Da imensa obra de
Ginsburg, desejamos destacar ainda três tópicos: foi Ginsburg o editor do
Cantor Cristão, hinário das Igrejas Batistas do Brasil, inicialmente, com 16
hinos, em 1891, e, na edição atual do referido Cantor, ele aparece como autor
ou tradutor de 102 hinos.
Ginsburg fundou, em
1902, o Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, e foi um porta-voz da
necessidade dos Batistas brasileiros organizarem-se em uma Convenção Nacional,
o que aconteceu em 1907, com a criação da centenária Convenção Batista
Brasileira.
O Missionário
Salomão Luiz Ginsburg foi membro de diversas Lojas maçônicas, as quais
destacamos; “Duke de Clarence Lodge”, na cidade de Salvador, BA; “Restauração
Pernambucana”, em Recife, PE; “Progresso”, em Campos, RJ; “Auxílio à Virtude”,
em São Fidélis, RJ, e, na jurisdição da Grande Loja Maçônica do Estado do
Espírito Santo, é patrono da Loja “Salomão Ginsburg” no 3.
MAÇONS PROTESTANTES NO BRASIL
Segundo David Mein
(Reitor do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, durante quarenta
anos; Pastor da Igreja Batista do Cordeiro; segunda Igreja Batista fundada na
Capital; Presidente da Convenção Batista Brasileira, em várias oportunidades e
Maçom atuante como membro da Loja “Cavaleiros da Cruz”) inúmeros outros Homens
de Fé, verdadeiros cristãos, inclusive Batistas de relevância na Denominação,
têm sido Maçons, sem encontrar incompatibilidades entre a Fé Cristã e a prática
Maçônica. Entre eles cita: o Pastor José de Souza Marques; o Pastor
Presbiteriano Jorge Buarque Lyra; Bruno de Bonis, Descartes de Souza Teixeira,
Athos Vieira de Andrade, etc.
JOSÉ DE SOUZA MARQUES
O Pastor José de
Souza Marques foi presidente da Convenção Batista Carioca e da Convenção
Batista Brasileira tendo, em 1940, na Convenção da Bahia, organizado a Aliança
dos Pastores Batistas Brasileiros, que, mais tarde, tomou o nome de Ordem dos
Ministros Batistas do Brasil, permanecendo em sua presidência até 1962, cujos
frutos todos conhecem. Exerceu cargos importantes na administração maçônica,
tendo sido, inclusive, presidente, por muito tempo, do Supremo Tribunal de
Justiça Maçônica. Ainda hoje, a única foto existente no salão do Conselho, no
Palácio Maçônico do Lavradio (ex-sede do Grande Oriente do Brasil, hoje sede do
Grande Oriente do Estado do Rio de Janeiro), é a do Pastor Souza Marques. No
mesmo Palácio, a sala do Tribunal de Justiça tem seu nome. Foi, também, membro
efetivo do Supremo Conselho do Brasil para o Rito Escocês Antigo e Aceito,
encontrando-se em sua sede, em exposição, seu retrato pintado a óleo.
JORGE BUARQUE LYRA
Jorge Buarque Lyra
foi Pastor da Igreja Presbiteriana do Riachuelo, no Rio de Janeiro, nas décadas
de 1930 a 50; Meritíssimo Inspetor Federal do Ensino Secundário do Rio de
Janeiro; escritor; poeta; jornalista militante por mais de 40 anos; membro das
Academias de Letras de São Paulo, Rio de Janeiro e do Cenáculo Fluminense de
História e Letras; e membro, ainda, da Associação Fluminense de Jornalistas.
Foi Maçom atuante do Grande Oriente do Brasil, tendo sido Iniciado em 27 de
setembro de 1938, na Loja “Propter Humanitaten”, no Oriente de
Manhumirim, Minas Gerais; e Grau 30 do Supremo Conselho do Brasil do Rito
Escocês Antigo e Aceito. Além disso, foi professor em vários colégios no Rio de
Janeiro e Niterói; escreveu mais de 50 livros e trabalhos, vários deles sobre o
Evangelho de Cristo, a Igreja Presibiteriana e sobre Maçonaria, tais como: “A
Bíblia e a Ciência Moderna”; “Movimento Pentecostal no Brasil”; “Maçonaria e
Religião”; “As Vigas Mestras da Maçonaria”; “A Maçonaria e o Cristianismo”; “A
Maçonaria e a Política no Brasil”, entre muitos outros. Foi um ardente defensor
da compatibilidade da Maçonaria com o Cristianismo e as Igrejas Cristãs; em
seus livros maçônicos, sempre apresentou magistrais respostas como réplicas aos
ataques inimigos à Maçonaria que tenham sido feito por parte de outros grupos
religiosos, ateus ou agnósticos, além de profunda filosofia maçônica. Seu livro
“As Vigas Mestras da Maçonaria” devia ser tratado como “livro de cabeceira” de
todo Maçom inteligente e estudioso.
BRUNO DE BONIS
Bruno de Bonis é
cristão evangélico, diácono da Igreja Batista do Méier, no Rio de Janeiro, e
membro ativo da Loja Maçônica “Trabalho e Liberdade” no 1391, filiada ao Grande
Oriente Estadual do Rio de Janeiro (GOB). Possui vários artigos e trabalhos
publicados sobre Maçonaria.
DESCARTES DE SOUZA TEIXEIRA
Descartes de Souza
Teixeira, Cristão Batista, Maçom ativo, membro da Grande Loja Maçônica de São
Paulo, na sua obra “Antimaçonaria e os Movimentos Fundamentalistas do Fim do
Século XX”, traça um perfil detalhado dos movimentos antimaçônicos entre os
evangélicos.
ATHOS VIEIRA DE ANDRADE
Athos Vieira de
Andrade é professor, promotor de justiça, advogado, deputado estadual e
federal, baluarte e expoente da Igreja Presbiteriana do Brasil e Maçom, desde 1952.
Escreveu, entre outros, o maravilhoso livro “O Evangelho e a Maçonaria – uma
parceria que deu certo”. Neste livro, entre muitos temas de fundamental
importância no relacionamento das Igrejas Protestantes e Evangélicas com a
Maçonaria, fez veementes réplicas a uma Resolução de 2003, do Supremo Concílio
da Igreja Presbiteriana do Brasil, órgão máximo da entidade, impedindo que
membros da Igreja, pertencentes à Maçonaria, sejam conduzidos ao oficialato
daquela.
Um dos
“considerando” dessa Resolução, diz que: “A participação do crente na Maçonaria
impede que ele seja transparente para com seu Conselho, devido ao caráter
secreto e místico de seus Ritos e Símbolos”.
No referido livro,
o Irmão Athos faz a seguinte réplica a esse “considerando”:
"Quanta
ingenuidade contida neste considerando. Se tivesse ele qualquer procedência ou
justificativa, o crente não poderia ser militar; não poderia trabalhar em
certos setores de um banco comercial; não poderia usar cartão de crédito, que
exige senha para a sua utilização; não poderia fazer parte de um Conselho de
Sentença, num julgamento pelo Tribunal do Júri Popular e, consequentemente, não
poder exercer muitas atividades profissionais que lhe exijam sigilo na palavra
e no comportamento. E mais: crente não poderia ser presbítero, pois, de acordo
com a Constituição da Igreja (art. 72): As Sessões dos Concílios serão abertas
e encerradas com oração e, EXCETUADAS AS DO CONSELHO, serão públicas, salvo em
casos excepcionais."
Está claro que a
Constituição da Igreja determina que as reuniões do Conselho “Não serão
públicas”. Este artigo da Constituição exige sigilo de todos os presbíteros que
não podem e não devem revelar fora do Conselho a maneira como os assuntos foram
tratados. Então, não é só a Maçonaria que tem segredos. A Igreja Presbiteriana
também os têm, da mesma maneira que o Governo, o Exército, os médicos, os
bancos e, muito mais que todos, os pastores presbiterianos.
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Bibliografia:
Oliveira Filho, Denizart
Silveira de.Palestras Maçônicas: para Loja de Estudos / Denizart Silveira de
Oliveira Filho – 1ª. Ed. – Londrina; Ed. Maçônica “A Trolha”, 2015 – pg. 118 a
125.
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