O
consagrado poeta Fernando Pessoa em vasto artigo publicado no Diário de Lisboa,
4/2/1935, faz uma consubstancial “defesa da maçonaria”, em que pondera: “Não sou Maçom, nem pertenço a qualquer ordem
semelhante ou diferente. Não sou porém antimaçom, pois o que sei do assunto me
leva a ter uma idéia absolutamente favorável à Ordem maçônica. E mais adiante acrescenta,
esclarecendo: As ordens iniciáticas
estão defendidas por condições e forças que as tornam indestrutíveis de fora ;
e completa: A Maçonaria compõe se de três elementos : o elemento iniciático,
pelo que é secreta, o elemento fraternal , e o elemento a que chamarei humano,
isto é, o que resulta de ser composta por diversas espécies de homens de
diferentes graus de inteligência e cultura” , conclui o poeta de Mensagem.
E
a propósito vem-nos à mente o pensamento expresso de Blaise Pascal (1623-1662):
O homem esta sempre disposto a negar o que ele desconhece.
A
transcrição acima de Fernando Pessoa, por vir ao encontro de nossos parcos
conhecimentos da Ordem dos Pedreiros Livres e Aceitos, nos remete aos
construtores da grande edificação humana que de sentido e configura o sólido
triângulo que compreende a divindade – o grande arquiteto: o homem - a
sensibilidade, e a natureza – o lar.
É
isso que, inclusive nos leva plenificar a simbologia da ópera a Flauta mágica,
de Wolfgang Amadeus Mozart, ele também maçom, em que o som (a musicalidade ) da
flauta mágica (Mágica = meiga ) conduz o herói, em demanda da sabedoria, para
atender a preceitos, ou provas no seu processo iniciatico, a destacar o
silêncio (cujo étimo está na mesma origem de mistério) . Mas não se trata
propriamente de segredo mas fundamento essencial e existencial, uma vez que o
que é de fora, não deve ter acesso ao que é de dentro, daí o mistério . “Eis a
sentença da prova, cantada pelos guardas do templo da referida ópera “ :
Aquele que avança pelos
caminhos cheios de perigo
será purificado pelo
fogo, pela água, pelo ar e pela
terra;
Se conseguir superar os
terrenos da morte,
Alçar-se-a da terra ao
céu.
Vindo a luz ele será enfim capaz
De por inteiro se consagrar ao mistério de
Ísis.
E
no bosque sagrado, como primeira manifestação , três templos, três portas,
(três esperanças de ...)
Et pour
cause, além de meros vocabulários doutrinários dos Pedreiros Livres<
Liberdade, Igualdade e Fraternidade, antecedendo, inclusive a divisa da
revolução Francesa, passam a ter uma conotação simbólica como verdadeiros
credos humanitários.
Repensemos
nossos credos em perspectivas de seres humanos interna e externamente ( endo- e exo-):
LIBERDADE,
a pureza da alma que faz o caminho –
ser
livre é condição essencial do homem e já um pensador antigo asseverava que
podem nos obrigar a ser escravos, mais nunca a sermos livres.
A
liberdade de um povo é dom que se perpetua transmite e se revela pela educação
que torna os filhos fortes, cônscios e senhores de si sem querer ser “senhor”
dos outros.
Liberdade,
fundamentalmente é responsabilidade com respeito, teoria e práxis no
procedimento do homem, pois só se é livre quando liberta, desapegados de coisas
materiais, e /ou devoções.
No
texto bíblico, antigo e novo testamento, a liberdade esta presente – nos
diferentes aspectos – na lei de Deus e na conduta do homem. O nosso poeta
Camões resume os sentidos e sentimentos humanos ao dizer que amar, “é estar preso por vontade “ sem
imposições, cobranças e desejo de posse.
Mais
do um princípio e postulado teórico, a liberdade constitui-se devoção e benção.
IGUALDADE
a luz da virtude, a metamorfose o
primeiro grande passo para compreendermos o dom da Fraternidade e ousarmos a
liberdade. A sabedoria chinesa já ensinava que por sermos iguais podemos ser
diferentes. Só cativa quem se identifica, não ofende – afasta - antes exalta .
caminhamos os nossos diferentes caminhos conciliados, senhores de nós, enquanto
parte de todos, e o grande amplexo sela a chegada. Os que se norteiam por
valores classificadores externos, mundanos
não querem ser iguais e não conseguem ser “diferentes”, por exemplo
nível social, intelectual, racial, origem, etc. O Cristo já proclamava “amai-vos uns aos
outros ( como eu vos amei ) “ ; Rousseau dizia
que somos por natureza bons a sociedade é que nos corrompe e Montesquieu esclarecia
o Amor à Democracia é a da Igualdade.
FRATERNIDADE,
manifestação ao amor divino
A convicção que
somos irmãos e convivemos com igualdade de espírito e matéria, de mãos dadas e
almas (anima) viva, doando nosso calor existencial, orando pelo mesmo oráculo,
em plena conjunção de sentimentos.
Mendigos (todos
somos) a compaixão divina repartindo os dons terrenos.
Trabalho
apresentado pelo IR.´. ALBERTO CESAR membro ativo da A.´.R.´.L.´.S.´. CARIDADE
E ESPERANÇA 2620/OR.´. JACARAÍPE/SERRA-ES
Baseado em texto
redigido pelo seu pai, Sr. ANTÔNIO BASÍLIO
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