Por Barbosa Nunes (*)
Mário Quintana |
Frase
é uma reunião de palavras que formam sentido completo, levando em síntese uma
mensagem que permite diversas interpretações. São disposições de idéias
expressivas de um falar ou de escrever. Muitas resistem a séculos. Outras
entram definitivamente na cultura popular. Uma frase bem feita carrega sentido
político, social, familiar, religioso, muito usadas em pronunciamentos,
conferências, sendo temas, inclusive para livros e filmes.
Mario
de Miranda Quintana (1906 - 1994) foi poeta, tradutor e jornalista brasileiro.
Considerado o "poeta das coisas simples" e um dos maiores poetas
brasileiros do século XX. Falou através de frases que permanecem vivas e
presentes em nossa literatura. É através de Mário Quintana e de suas frases,
que produzo este artigo, registrando muitas delas e convidando o amigo e amiga
de todos os sábados, para que juntos, façamos uma parada em cada uma meditando
sobre o que ele desejou alcançar. Com ironia e perspicácia fala de amizade,
vida, tristeza, mundo, Deus, criança, poemas, animais, remorso, dever,
esperança, sonho, amor, saudade e sorriso.
Vamos então a elas.
“A
vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis
horas! Quando de vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal... Quando se
vê, já terminou o ano... Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se
vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado... Se me fosse
dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em
frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está à minha frente e diria que eu o amo... E tem mais:
não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo. Não deixe de ter
pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. A única falta que terá será a
desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará”.
“Não
te abras com teu amigo que ele um outro amigo tem. E o amigo do teu amigo
possui amigos também...”
“A
arte de viver é simplesmente a arte de conviver... simplesmente, disse eu? Mas
como é difícil!”.
“Se
as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las... Que
tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!”
“Esses
padres conhecem mais pecados do que a gente...”
“Há
2 espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e os amigos, que são os
nossos chatos prediletos.”
“Maravilhas
nunca faltaram ao mundo; o que sempre falta é a capacidade de senti-las e
admirá-las.”
“Não
importa saber se a gente acredita em Deus: o importante é saber se Deus
acredita na gente...”
“O
que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso
passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro.”
“Os
verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem.”
“Quando
guri, eu tinha de me calar à mesa: só as pessoas grandes falavam. Agora, depois
de adulto, tenho de ficar calado para as crianças falarem.”
“Só
se deve beber por gosto: beber por desgosto é uma cretinice.”
“Todos
estes que aí estão atravancando o meu caminho, eles passarão. Eu passarinho!”
“Os
poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão. Eles não têm pouso
nem porto; alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas,
então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento
deles já estava em ti...”
“O
livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.”
“O
mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou
três gerações da minha família.”
“A
gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira
coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a
desconfiar que não foi propriamente dita.”
“Há
noites que eu não posso dormir de remorso por tudo o que eu deixei de cometer.”
“Despertador
é bom para a gente se virar para o outro lado e dormir de novo.”
“Era
um grande nome - ora que dúvida! Uma verdadeira glória. Um dia adoeceu, morreu,
virou rua... E continuaram a pisar em cima dele.”
“Uma vida não basta ser vivida. Ela precisa
ser sonhada.”
“Esta
vida é uma estranha hospedaria, de onde se parte quase sempre às tontas, pois
nunca as nossas malas estão prontas, e a nossa conta nunca está em dia”.
“Procure
me amar quando menos mereço, pois é quando mais preciso.”
“Lá
bem no alto do décimo segundo andar do ano vive uma louca chamada Esperança. E
ela pensa que quando todas as sirenas, todas as buzinas, todos os reco-recos
tocarem. Atira-se. E ó delicioso vôo! Ela será encontrada miraculosamente
incólume na calçada, outra vez criança... E em torno dela indagará o povo: —
Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes? E ela lhes dirá (É preciso
dizer-lhes tudo de novo!). Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não
esqueçam: — O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...”
“—
Eu queria propor-lhe uma troca de idéias... — Deus me livre!”
“A
saudade que dói mais fundo e irremediavelmente é a saudade que temos de nós.”
Aqui,
neste espaço do Caderno Opinião Pública, do Diário da Manhã, concluo este
artigo de número 280, o de número 1, em fevereiro de 2011, com esta homenagem a
Mário Quintana, enviando a todos, minha mensagem neste pensamento do poeta
gaúcho, que tem sido o meu esforço pessoal, para assim me conduzir na vida.
“Quero
sempre poder ter um sorriso estampado em meu rosto, mesmo quando a situação não
for muito alegre... E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que
estiverem ao meu redor.”
(*) Barbosa
Nunes, advogado, ex-radialista, membro da AGI, delegado de polícia aposentado,
professor e maçom do Grande Oriente do Brasil - barbosanunes@terra.com.br
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