A coruja é a ave soberana da
noite. Para muitos povos ela significa mistério, inteligência, sabedoria e
conhecimento. Ela tem a capacidade de enxergar através da escuridão,
conseguindo ver o que os outros não veem. A coruja simboliza a reflexão, o
conhecimento racional e intuitivo. Na mitologia grega, Atena, a deusa da
sabedoria e da guerra, tinha a coruja como símbolo. Atena ficou tão
impressionada com a aparência da coruja, que a tomou como sua ave favorita. Ela
é também escolhida como mascote dos escoteiros, cursos universitários de
Filosofia, Pedagogia e Letras.
Havia uma tradição que dizia
que quem come carne de coruja, adquire seus dons de previsão e clarividências,
mostrando poderes divinatórios. Enquanto todos dormem a coruja fica acordada,
com os olhos arregalados, vigilante e atenta aos barulhos da noite. Por isso,
representa para muitas culturas uma poderosa e profunda conhecedora do oculto.
A coruja tem a particularidade de conseguir girar o pescoço, quase atingindo um
ângulo de 360º, para observar algo ao seu redor, permanecendo com o resto do
corpo sem o menor movimento. O que amplia seu angulo de visão, muito superior
ao do ser humano. Sua grande capacidade de visão e audição as torna exímias
caçadoras.
Conta-se, que em uma língua
nórdica antiga, ela era chamada de “Ugla”, palavra que imita o som do seu
canto, e que daria origem ao termo “Ugly”, feio em inglês. É interessante que
ao identificar um animal para símbolo disso ou daquilo, a cultura universal
escolhe àqueles de aparência esquisitas. Como o sapo, símbolo da fartura e boa
sorte, e a águia símbolo da transformação do ser humano. Conforme a história,
diferentes civilizações adotaram estranhos animais para simbolizar a sabedoria.
Como a tartaruga para os chineses e um peixe para os Celtas.
No esoterismo que envolve
parte da simbologia da Coruja, encontramos uma sociedade secreta chamada
Bohemian Club, fundada em 1872, em São Francisco, EUA, onde os membros se
reúnem periodicamente. Anualmente, a sociedade convida para um grande encontro,
homens poderosos da elite, e o encontro é realizado em um grande bosque chamado
Bohemian Grove, onde há uma grande pedra em forma de coruja no centro. O termo
“coruja”, geralmente, também é usado para referir-se ao pai ou a mãe, que
ressaltam com certo exagero, as qualidades dos filhos, mas também é estendido a
outros familiares como tios, avós e outros.
A CORUJA NAS MAIS DIFERENTES CULTURAS
África do Sul: A coruja é a
mascote do feiticeiro zulu. E no xamanismo é reverenciada por enxergar a
totalidade.
Argélia: A crença diz que
colocar o olho direito de uma coruja na mão de uma mulher dormindo, fará com
que ela conte segredos.
Austrália: Os aborígenes
acreditam que a coruja representa o espírito da mulher. O espírito do homem é
representado pelo morcego.
Babilônia: Origem do mito de
Lilith, onde amuletos de coruja protegiam as mulheres durante o parto. O mito
foi citado pela primeira vez no épico Gilganesh, escrito em 2000 A.C. . Lilith
era uma linda jovem com pés de coruja, que denunciavam sua vida notívaga. Ela
era uma vampira da curiosidade, que dava aos homens o desejado leite dos
sonhos.
Brasil: Matita Perê é uma
velha vestida de preto, com os cabelos caídos pelo rosto. Diz a lenda, que ela
tinha poderes sobrenaturais e preferia aparecer nas noites sem luar, sob a
forma de uma coruja. Na tradição guarani, o espírito Nhamandu, o criador,
manifestou-se na forma de coruja para criar a sabedoria. No dicionário, o
adjetivo corujeiro é um elogio, e significa agradável e, o melhor, disposto a
tudo. No folclore brasileiro, diz que para que os seus filhotes não fossem
vítimas de predadores, ela avisava que seria fácil reconhecê-los, eles eram os
“mais bonitos” da floresta. Daí o dito popular: “Toda a coruja gaba-se do seu
toco”, referindo-se ao ninho de seus horríveis filhotes. Assim como uma mãe
elogia seus rebentos, mesmo sabendo que eles não têm nada de beleza.
China: A coruja está associada ao relâmpago. Usar imagens de coruja
em casa protege contra os raios.
Estados Unidos: A tradição dos índios norte-americanos, diz que a
coruja mora no Leste, lugar de iluminação. Assim como a humanidade teme a
escuridão, a coruja enxerga o breu da noite. Onde os humanos se iludem, ela
percebe com clareza, acreditavam os índios. Entre os índios americanos, a
coruja tinha muito poder: Para os apaches, sonhar com ela significava a morte.
Os dakotas viam a coruja como um espírito protetor. Os hopis tinham a coruja
como guardiã do fogo.
França: A coruja é o símbolo de Dijon, cidade francesa. Há uma
escultura de coruja na Catedral de Notre Dame, e quem passa a mão esquerda nela
ganhar sabedoria e felicidade.
Grécia: Os gregos consideravam a noite o momento propício para o
pensamento filosófico. Por sua característica noturna, era vista pelos gregos
como símbolo da busca pelo conhecimento. Elas faziam seus ninhos na Acrópole, e
os gregos achavam que sua visão noturna vinha de uma luz mágica. Ela era
símbolo de Atenas, ao lado dos exércitos, na guerra. As antigas moedas gregas
(dracmas) tinham uma coruja cunhada no verso.
Índia: Sua carne é considerada uma iguaria afrodisíaca. E também
serve para curar dores reumáticas.
Inglaterra: A coruja branca servia para que os ingleses pudessem
prever o tempo. Quando a ouviam guinchar, significava que iria esfriar, ou que
uma tempestade, estava vindo. Os curandeiros curavam a bebedeira e a ressaca,
com ovos de coruja crus. O costume britânico de pregar uma coruja na porta do celeiro
para espantar o mal, durou até o século XIX.
Marrocos: O olho de uma coruja, preso em um cordão no pescoço, é um
excelente talismã.
Peru: Cozido de coruja serve de remédio para quase tudo.
Roma Antiga: No Império romano, ela era tida como animal agourento.
Ouvir o seu pio era presságio de morte iminente. As mortes de Júlio César,
Augusto, Aurélio e Agripa, foram anunciadas por uma coruja.
Betty Ziade
0 Comentários