(*)
Por Ir.’. Sebastião Capdeville
Um
dos grandes desafios no trabalho filantrópico é distinguir o assistencialismo e
a assistência social, como ações distintas, e em alguns casos antagônicas. A
maneira mais clara de descrever essa equidade está no fato de que a primeira
não tem condições de transformar a realidade social de indivíduos, famílias e
comunidades, enquanto a última tem em seu objetivo principal a mudança de
paradigma social, e emancipação dos sujeitos, de forma que os recursos
necessários a sua vida digna e humana sejam alcançados por seus próprios
esforços e méritos.
Além
disso, a Assistência Social, em seu ideário ético político, visa garantir o
acesso da sociedade a direitos sejam eles tácitos ou expressos, em todas as
áreas que o advento da Constituição Federal de 1988, reuniu e classificou como
princípios fundamentais da pessoa humana.
Assistencialismo
e Assistência Social são conceitos totalmente antagônicos, haja vista que a
assistência social é regulamentada por lei em nosso país e dispõe de
metodologias específicas para tratamento e controle de políticas sociais para
àqueles que perderam, ou estão prestes a perder sua dignidade. Ao passo que o
assistencialismo é uma prática onerosa à cidadania e confrontante com os
anseios de crescimento de uma determinada comunidade.
Podemos
distinguir tais conceitos exemplificando algumas políticas sociais ou ações. Um
bom modelo de ação baseada na assistência social é o programa Bolsa – Família
do governo federal. Ressaltando aqui o programa em sua plenitude não admitindo
vícios de execução. Esse programa não só destina recursos financeiros para
pessoas carentes, mas nele estão previstos condicionantes como acompanhamento
escolar, atenção a saúde, participação de cursos e qualificações para o mercado
de trabalho, enfim mecanismos que alterem a situação familiar em busca a sua
autonomia.
Já
um exemplo clássico de assistencialismo são os corriqueiros amparos políticos,
levando pessoas a hospitais ou simplesmente “doando” cestas básicas, pagando
esporadicamente alguma conta de consumo, enfim sendo e ou não visando benefícios
eleitorais, essa prática mantém a classe desfavorecida nas mesmas condições de
dependência. Não transforma o ser nem a “Célula
Mater” que á a família.
Sendo
a Maçonaria uma entidade que estatutariamente tem como objetivo a defesa dos
direitos sociais, bem como aos princípios fraternos e de liberdade, itens
fundamentais para o processo democrático de qualquer nação, é substancial as
ações propostas e executadas por esta instituição, formada por homens
esclarecidos, direcione suas ações de forma a não reproduzir os reflexos da
questão social como a fome, a miséria, o desemprego como produtos naturais e
conjunturais da sociedade contemporânea.
É
de extrema importância que o potencial maçônico esteja consoante com uma
assistência social completamente desvinculada do assistencialismo, e aqui não
se resume a celebre frase “não basta dar o peixe, é preciso dar a vara e
ensinar a pescar”, é preciso ir além e conceber e mostrar ao cidadão que ele
tem o direito a pescar, a buscar os melhores caniços e anzóis e que esses itens
são garantidos legalmente. Esse direcionamento passa por uma reformulação de
conceitos e (pré)conceitos, referentes a relação maçonaria, estado e sociedade,
onde haveria a necessidade de uma salutar tecnização da ação da ordem, de forma
a fazer parte da rede socio-assistencial.
O
redirecionamento aqui proposto não exigiria a abertura da ordem para a
participação de leigos, uma vez que as engrenagens que operam os serviços
prestados por parte da ordem são ligadas, porém distintos, da mesma forma a
participação das arquidioceses nos diversos espaços do serviço social, difere
de sua concepção eclesial, ritualística e até mesmo filosófica.
É
preciso se profissionalizar na assistência sob pena de ficar preso ao
assistencialismo. É necessário estar presente nos espaços de controle social,
Conselhos e Fóruns setoriais, estar interligado numa rede eficaz cujo objetivo
é o progresso e o desenvolvimento da coletividade e a emancipação do cidadão da
tutela do estado e da classe dominante. As questões sociais são evidentes,
visíveis aos nossos olhares e sabemos que o poder público não dá conta deles, o
que transfere e exige que a sociedade trate delas, sendo que somente a
sociedade organizada pode fazer algo nesse sentido, através de seus líderes,
pessoas esclarecidas e, teoricamente, pessoas de bem a sua frente.
A
Maçonaria se insere nesse contexto, indo além, é nossa missão participar da
evolução social em todos os sentidos, político, cultural, humanístico, enfim,
onde o homem possa colaborar no progresso de seu desenvolvimento.
(*) Ir.’. Sebastião Capdeville
ARS Caridade e Esperança
Or.’. Jacaraipe - Serra-ES
Este
texto te ajudou? Então apoie “O Malhete”
Se
nossas pesquisas e nossos textos têm sido úteis para a sua vida e se você quer apoiar “O Malhete” a continuar gerando conteúdo de qualidade,
apoie a gente. Como? Fazendo uma doação,
Os
leitores, amigos e admiradores que quiserem colaborar financeiramente conosco
poderão fazê-lo com qualquer quantia, e com uma periodicidade compatível com
suas possibilidades clicando no botão abaixo.
0 Comentários