Estamos
sendo bombardeados dia a dia. Não há mais notícias positivas. Psicologicamente
estamos em momento de intranquilidade. Os escândalos viraram rotina. A
expectativa preocupa. Violência, imoralidade, corrupção, desgoverno. Muitos que
dirigiam ou ainda fazem parte de comissões de inquéritos, estão sendo
investigados, outros morando atrás das grades em Curitiba. Por este aspecto a
fase é positiva.
Os
poderes da nação estão funcionando e nunca se viu na história do Brasil,
"peixes tão grandes", envolvidos, acusados, réus e presos. Apenas
alguns das centenas de figurões, senadores Renan Calheiros, Gleisi Hoffmann,
Lindbergh Farias, Edson Lobão, Romero Jucá, Benedito de Lira, Antônio
Anastasia, Humberto Costa, Valdir Raupp, Ciro Nogueira, deputados federais
Eduardo Cunha, Agnaldo Ribeiro, Waldir Maranhão e empresários proprietários das
maiores empresas do país. Isto é muito bom. É preciso continuar. Em que
pudermos, nós devemos aplaudir, apoiar e fortalecer homens públicos como o juiz
Sérgio Moro, procurador da República Rodrigo Janot, Polícia Federal e estar
atentos para que a imprensa continue com seu grande papel investigativo.
Sendo
otimista, acreditando que haverá um fim, com os irresponsáveis pagando pelas
suas diabruras, o Brasil vai renascer, o povo brasileiro não tem mais condições
de suportar, aí eu me revolto e entristeço, perguntando: Aonde vamos parar?
O
governo é um senhor alinhado com roupas de marcas, sapatos caros, gravatas
importadas, perfumes franceses, neste momento trocando a frota de carros de
luxo, um para cada senador. Gastando mais que podia é um devedor insolvente.
Vem agora pedir um favor à população brasileira, assim falando: Povo
brasileiro, estou devendo muito, preciso que vocês me emprestem mais do que os
seus cinco meses de contribuição nos impostos recolhidos a cada ano. Vou lhes
taxar com mais alguns impostos, aumentando só sessenta centavos em cada litro
de gasolina e subindo o imposto de renda.
O
desemprego aumentando, a industria produzindo menos, o comércio em baixa,
imóveis as centenas com placas de "vende-se" e "aluga-se" e
os homens e a mulher lá de cima, "nem se tocam!"
No
que posso fazer, nos meus limites, tenho usado este espaço e me pronunciado na
minha instituição, Grande Oriente do Brasil. Meus irmãos do GOB, nosso
Grão-Mestre Geral, Marcos José da Silva, os 27 Grão-Mestres Estaduais, e os
poderes que integram a Suprema Congregação da Maçonaria Brasileira, estão nesta
semana, todos determinados em aumentar a nossa contribuição neste momento
difícil, como já fizemos em outras épocas históricas.
Mas
como disse no início, a tristeza e a revolta nos invadem. Na tristeza eu busco
Chico Buarque de Holanda, na música "Gente Humilde".
"Tem
certos dias que eu penso em minha gente, e sinto assim todo o meu peito se
apertar, porque parece que acontece de repente como um desejo de eu viver sem
me notar. Igual a como quando eu passo no subúrbio, eu muito bem, vindo de trem
de algum lugar, e aí me dá como uma inveja dessa gente que vai em frente sem
nem ter com quem contar.
São
essas coisas simples com cadeiras na calçada e na fachada escrito em cima que é
um lar. Pela varanda, flores tristes e baldias, como a alegria que não tem onde
encostar. E ai me dá uma tristeza no meu peito, feito um despeito de eu não ter
como lutar. E eu que não creio, peço a Deus por minha gente, é gente humilde,
que vontade de chorar".
A
tristeza nos invade. 95% da população brasileira é honesta, trabalhadora,
sofrida, mas 5% tomou para si o poder. Com as enganações eleitorais,
locupletou-se e levou a nação à situação em que nos encontramos. Estão pagando
e irão pagar muito mais, pois a justiça brasileira acordou. Vão pagar na
justiça que não se deixa ser contaminada, a justiça divina. Desta não se
livrarão e nem terão advogados para defendê-los. Estarão expostos, nus e
inteiros perante Deus, pelos atos que praticaram.
2015
está doloroso. Marcou-me profundamente e de uma forma que me abalou, o
acontecimento com o anjo Aylan Kurdi. Levado pelo seu pai, fugia da guerra,
lutando pela vida. Vi nele todas as crianças brasileiras que estão morrendo,
abandonadas ao léu das ruas e debaixo das pontes. Ao ler o artigo da jovem
escritora paulista, Tati Bernardi, 36 anos, publicado na Folha de São Paulo,
edição de 04 se setembro, intitulado "O menino morto", emocionei-me e
senti que do seu coração nasceu um sentimento de mulher, de filha, de mãe,
enfim, de um ser humano revelado neste escrito, como pessoa extraordinariamente
política, consciente e sensível. Assim ligando o menino morto às pessoas que
levaram o Brasil a este momento triste, transcrevo parte do belíssimo artigo.
"Nunca
mais seremos felizes em 2015. O menino sírio, de três anos, com sua camisetinha
vermelha, sua bermudinha azul, seus sapatinhos intactos, morto, encerrou
qualquer chance de sermos felizes este ano. Por que sua vida foi perdida se os
sapatinhos continuaram agarrados aos seus pés? Dava vontade de ajeitar a
camiseta tão pequena, vermelha, pra ele não se resfriar. Suas costas estavam
descobertas. Aquele mar tão gelado, aquela praia tão sem sol, aqueles homens
tão sérios e vestidos, aquela vida tão sem mãe e ele com as costas descobertas.
Ele
não era só uma criança morta e devolvida pelo mar, ele era todas as crianças
que sofrem, ele era todas as famílias despedaçadas por extremismos religiosos e
xenofobias gananciosas, ele era todas as desgraças do mundo, ele era todos os
refugiados que trocam a morte certa por uma morte provável. Sem saber e tão
pequeno. Sem ter conseguido e tão entregue àquela areia dura, Aylan Kurdi e
seus sapatinhos que não se perderam se tornou, ao lado daquela garotinha síria
que levantou suas mãozinhas "para se entregar" ao achar que a câmera
fotográfica do jornalista era uma arma, o símbolo maior desse terrível
2015".
Não
percamos a fé e a crença. O Brasil é maior que as dificuldades pelas quais passamos.
Barbosa
Nunes, advogado, ex-radialista, membro da AGI, delegado de polícia aposentado,
professor e maçom do Grande Oriente do Brasil - barbosanunes@terra.com.br.
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