Por Ir.'. João Anatalino
No
filme Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida, o que sobressai é o
movimento, a aventura. Indiana Jones (Harrison Ford) , o arqueólogo cheio de
truques, mais que um professor de
arqueologia, é um aventureiro que ganha a vida dando aulas para mocinhas
românticas e caçando tesouros arqueológicos pelo mundo afora. Nesse filme, sua
meta é encontrar a Arca da Aliança, artefato sagrado da religião hebraica,
perdido há mais de dois mil e quinhentos
anos. Só que seus principais concorrentes são os nazistas, que também estão
atrás desse fantástico tesouro arqueológico. Por que, só Deus imagina....
O
que nem todo mundo sabe é que existem registros históricos que provam que os
nazistas acreditavam realmente que a Arca da Aliança e o Santo Graal eram verdadeiras
realidades históricas e não mitos. E andaram fazendo muitas expedições pelos
países do Oriente Médio e África em busca desses artefatos. Eles achavam que
essas relíquias históricas poderiam lhes conferir poderes extraordinários.
Assim, o filme Indiana Jones é uma ficção, mas nem tanto....
A Arca da Aliança
Segundo
se lê em Êxodo, 25:10:22, o Senhor instruiu os hebreus para construírem a Arca
da Aliança do seguinte modo:
“Farão uma Arca de
madeira de acácia; seu comprimento será de 2 côvados e meio (1,11 m) e um
côvado e meio de largura (66,6 cm) e sua altura 1 côvado e meio (66,6 cm). Tu a
recobrirás de ouro puro por dentro, e o farás por fora; em volta dela porás uma
bordadura de ouro. Fundirás para a arca quatro argolas de ouro, que porás nos
seus quatro pés, duas de um lado e duas do outro. Farás 2 varais de madeira de
acácia, revestidos de ouro, que passarás nas argolas fixadas dos lados da arca
para se poder transportá-la. Uma vez passados os varais nas argolas, delas não
serão mais removidos. Porás na arca o testemunho que eu te der. Farás também
uma tampa de ouro puro, cujo comprimento será de dois côvados e meio e a
largura de um côvado e meio. Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro
batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado e o outro de outro,
fixado de modo a formar uma só peça com as extremidades da tampa. Terão estes
querubins as asas estendidas para o alto e protegerão com elas a tampa, sobre o
qual terão a face inclinada. Colocarás a tampa sobre a arca e porás dentro da
arca o testemunho que eu te der. Ali virei ter contigo. E é de cima da tampa,
do meio dos querubins que estão sobre a arca da aliança, que te darei todas as
minhas ordens para os israelitas."
Mistério
Porque
tantas estranhas e esotéricas instruções para a construção de um recipiente que
se destinava a guardar as instruções de Deus aos seus eleitos? Algum motivo
haveria de ter.
Em
primeiro lugar, é sabido que a Arca deveria servir para depósito de três
objetos de suma importância religiosa para os israelitas, porque representavam
manifestações divinas de primeiro grau junto aos seus eleitos. Esses objetos
eram as tábuas da Lei, contendo os Dez Mandamentos escritos diretamente pelas
mãos de Deus; o outro era um pote contendo o Maná (alimento que Deus fez cair
do céu para alimentar o faminto povo hebreu no deserto), e o terceiro objeto
era o cajado de Arão, um pedaço de pau que floresceu milagrosamente, como prova
de sua indicação para Sumo-Sacerdote da nascente religião hebraica. Esses três
objetos eram símbolos da graça de Deus, manifestada para organização (a lei), o
sustento (o maná) e o governo (o cajado) do povo de Israel.
Segredos Arcanos
Mas
tanto a Arca da Aliança quanto o Tabernáculo construído para hospedá-la são
claras alegorias que estão conectadas com ensinamentos iniciáticos do mais alto
significado.
Em
primeiro lugar os materiais de que ela era feita denotam um simbolismo
estreitamente ligado ao ensinamento arcano: ouro e madeira de acácia. O ouro,
desde as mais remotas eras é o metal sagrado por excelência. Considerado metal
incorruptível, ele é o símbolo da perfeição entre os elementos da natureza e o
corolário da mais fina obra universal. Dai a sua importância na arte da
alquimia, por exemplo, onde a transformação do metal comum em ouro significa
também o ideal do aperfeiçoamento espiritual no mais alto grau. Já a madeira de
acácia era o símbolo da regeneração. Consta que os faraós, ao sentirem a
aproximação da morte pediam para serem colocados aos pés de uma acácia para que
ela os encontrasse embaixo dessa árvore sagrada. Essa providência ajudava o
espírito a se libertar e encontrar o caminho da regeneração. Na Maçonaria a
acácia também é cultuada como símbolo da regeneração espiritual.(1)
Quanto
às características de tamanho da Arca, estas tinham a ver com a geometria
sagrada. Dois côvados e meio de comprimento por um côvado e meio de largura, e
a mesma medida da largura para a altura. Um côvado media aproximadamente 44,45
cm, o que perfaz cerca de 1,11cm para o comprimento e 66,6 cm para a largura e
a altura da Arca. Esses números, na tradição cabalística, são representativos
de verdades iniciáticas. Primeiro, os números ímpares são considerados divinos,
enquanto os números pares são humanos. Na simbologia do oriente eles são
positivos (Yin) e negativos (Yang). Na geometria sagrada o 1 é o número da
divindade, enquanto o 6 é “número de homem”.(2)
Um gerador de energia?
Assim,
as medidas pares e ímpares da Arca denotam a aliança entre o humano e o divino
e condensam o segredo da manifestação da energia universal. Sua disposição
geométrica, em termos arquitetônicos, foi especialmente planejada para servir
como uma espécie de “pilha”, onde a energia universal seria acumulada. Segundo
antigas tradições, esse era um artefato já conhecido pelos sacerdotes egípcios,
que costumavam construir equipamentos semelhantes em seus templos.
Uma
tradição egípcia muito antiga sustentava que esse tipo de artefato era
proveniente da cultura Atlântida, que o usava como sendo um equipamento capaz
de gerar a energia vital. Essa energia, chamada pelos Kahunas (indígenas da
Polinésia) de Mana (Maná) é a mesma que os hindus denominam prana, os japoneses
ki e os chineses chi. Ela é captada a partir das propriedades dos alimentos e
do ar que respiramos. Dai o desenvolvimento de práticas iogues destinadas a
captar essa energia através de exercícios apropriados. Dessa forma se entende a
alimentação dos hebreus no deserto com o maná que caia do céu como um exercício
por eles praticado para captar essa energia, capaz de mitigar inclusive a fome.
Jesus também se referiu a essa energia em uma passagem do seu Evangelho quando
ele diz aos seus discípulos: “eu para comer, tenho um manjar que vós não
conheceis.”(3)
Tradições
cabalistas também ensinam que as Tábuas da Lei, que Moisés guardou dentro da
Arca, não continha somente os Dez Mandamentos. Estes eram, na verdade, apenas
regras escritas acerca de comportamentos que Deus teria ditado aos hebreus. A
energia que fluía da Arca Sagrada, entretanto, não provinha diretamente das
pedras que continham a lei, mas sim do testemunho que Deus deu a Moisés, ou
seja, o ensinamento secreto que Ele lhe comunicou. Esse ensinamento seria a
correta interpretação e a utilização da Árvore da Vida, fórmulas sagradas que
lhe permitia invocar o Nome Sagrado de Deus para ativar a energia que essa
fórmula mágica encerrava. Daí a ênfase colocada nos comandos “porás na Arca o
testemunho que eu te dei”, que aparecem duas vezes no texto que ensina como a
Arca deve ser construída. (4)
Por
isso somente os sacerdotes levitas (consagrados) poderiam transportá-la ou
tocá-la. E apenas o Sumo-Sacerdote, uma vez por ano, no dia da expiação, quando
a Luz da Shekinah se manifestava, entrava no Altar do Santo dos Santos, onde
ela estava depositada, para invocar o Santo Nome.(4)
A história e o mito
O
Mito da Arca da Aliança sempre excitou a imaginação dos povos. Não é toa que
todos os inimigos de Israel, ao invadir Jerusalém, tinham em mente se apossar
desse glorioso artefato. Segundo a narrativa bíblica, a Arca da Aliança
desapareceu após a pilhagem do Templo de Jerusalém, feito pelos soldados de
Nabucodonosor, em 587 a.C. Alguns historiadores acreditam que os próprios
judeus a esconderam ou a destruíram para evitar que caísse em mãos inimigas.
Outros acham que ela foi levada para a Babilônia onde desapareceu entre os
tesouros capturados pelos caldeus .
Já
o segundo livro dos Macabeus informa que o profeta Jeremias teria ordenado que
a Arca fosse levada até o Monte Nebo, para ali ser escondida em uma caverna.
Esse lugar, segundo o profeta, deveria ficar desconhecido até que Deus reunisse
novamente seu povo e dele tivesse misericórdia. Mas segundo acredita a maioria
dos historiadores, a Arca foi capturada pelos egípcios por ocasião da guerra
travada entre o Egito do faraó Necao e o rei Josias, de Judá, no século VII a.
C. Nesse caso, ela teria sido levada para o Egito e depositada no templo de
Amon-Rá. Mais tarde, quando os persas conquistaram o Egito ela teria sido
levada para a Etiópia, onde até hoje estaria depositada, numa capela da cidade
de Aksum.(5)
O Arquétipo
Arca
da Aliança não era, como se pensa, uma criação originariamente israelita. Ela era
um artefato utilizado por muitas civilizações antigas como símbolo da Matriz
Natural, onde se guardava o Segredo da Criação. Nesse sentido, a Arca da
Aliança também é um símbolo compartilhado pelo inconsciente coletivo da
humanidade. Na mitologia grega ela simboliza a Caixa de Pandora, onde todas as
energias do Universo estavam encerradas na forma das virtudes e desejos
humanos. Na mitologia japonesa ela aparece na lenda de Urashima Taro, como o
invólucro que encerra o tempo. Em alquimia ela simboliza o athanor (recipiente
hermético) onde o “ovo filosófico” é chocado. Simbolicamente ela é o
inconsciente do homem, onde a sabedoria(a energia do universo) está depositada,
mas só é revelada a quem dela se faz merecedor. Dessa forma, a Arca da Aliança
é um dos mais fascinantes arquétipos que o inconsciente coletivo da humanidade
já desenvolveu.
Notas
1. Foi com um ramo de acácia que os mestres
marcaram o local onde o Arquiteto Hiram Abiff foi enterrado.
2.
Conforme se diz em Apocalipse, 13:18: Aqui há sabedoria: Quem tem inteligência
calcule o número da Besta. Porquanto é número de Homem: e seu número é 666. É
que o homem, na tradição cabalística, não foi feito por Deus à sua imagem, mas
sim pelos Arcanjos chamados Elohins, entre os quais, no início, antes da
Rebelião, se encontrava Lúcifer.
3.
João, 4:32
4.
Shekinah é a luz da manifestação divina na terra. Maria é Shekina cabalística
que "canalizou" a luz de Deus e deu ao mundo o filho divino, Jesus
Cristo.
5.
No filme em questão a Arca da Aliança foi encontrada na escavação de Mênfis,
antiga capital dpo Egito. A hipótese de a arca ter sido levada para a Etiópia
tem origem numa lenda que consta dos textos apócrifos do Kebra Negast, o
chamado Livro da Glória do Reis, crônicas que sustentam serem os antigos reis
etíopes descendentes do rei Salomão, através do filho que ele teria tido com a
Rainha de Sabá (chamada Makeda) . Esse filho, cujo nome era Menelik, se tornou
o primeiro rei da Etiópia. Por isso é que os egípcios, na iminência da
conquista persa, teriam confiado aos etíopes a guarda da Arca, que desde então
estaria guardada a sete chaves na cidade de Aksum. Na época, essa hoje pequena
vila era a capital da Etiópia.
ESTE
RESUMO FOI EXTRAÍDO DO LIVRO "MESTRES DO UNIVERSO", PUBLICADO PELA
ED. BIBLIOTECA 24X7, SÃO PAULO, 2010
1 Comentários
maçomaria
ResponderExcluir