14 de maio – A Perseguição da Maçonaria pela Inquisição Portuguesa: O Caso de John Coustos



Da Redação 

No ano de 1743, o Tribunal da Inquisição em Portugal protagonizou um dos episódios mais emblemáticos da repressão à Maçonaria em solo europeu. O alvo foi John Coustos, um maçom de origem suíça e comerciante estabelecido em Londres, que havia se instalado em Lisboa anos antes. Ele foi condenado a seis anos de trabalhos forçados nas galés, acusado de introduzir clandestinamente a “seita ou conjuração dos Pedreiros Livres” na Corte e na capital portuguesa.

A repressão não parou em Coustos. Outros três maçons portugueses também foram julgados e condenados à pena de morte, reforçando a severidade com que a Inquisição tratava qualquer organização que, aos seus olhos, desafiasse a ortodoxia religiosa e a autoridade eclesiástica. A Maçonaria, vista como uma sociedade secreta que promovia ideias iluministas e liberdade de pensamento, era considerada uma ameaça direta à hegemonia da Igreja Católica.

O destino de Coustos, no entanto, tomaria outro rumo. Graças à intercessão direta do rei Jorge II da Grã-Bretanha, que pressionou diplomaticamente o governo português, ele foi libertado em 1744. Esse gesto reforça não apenas a solidariedade maçônica internacional, mas também a crescente tensão entre estados absolutistas católicos e as potências protestantes mais abertas ao liberalismo e à liberdade de associação.

Após retornar à Inglaterra, John Coustos publicou um livro no qual relatou detalhadamente as torturas e os abusos sofridos durante sua prisão e interrogatórios pela Inquisição. A obra, intitulada “The Sufferings of John Coustos for Free-Masonry and for His Refusing to Turn Roman Catholic”, tornou-se um importante testemunho histórico dos horrores perpetrados pelo Santo Ofício contra os maçons e contribuiu para alimentar o espírito crítico e anticlerical que se fortaleceria no século XVIII.

O caso de John Coustos permanece, até hoje, como um símbolo da intolerância religiosa e da perseguição contra a liberdade de consciência, mas também como um marco da resistência maçônica diante da opressão.


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