Da Redação
O dia 12 de
maio carrega consigo marcos significativos para a história da Maçonaria. Ao
longo dos séculos, esta data testemunhou acontecimentos que refletem a evolução
do pensamento maçônico, sua interação com personalidades influentes, e os
desafios enfrentados em seu diálogo com instituições religiosas. A seguir,
destacamos os principais eventos maçônicos que ocorreram neste dia.
1725 – Primeira referência ao Grau de Mestre Maçom
A Ata da
associação londrina Philo-Musicae et Architectura Societas, datada de 12
de maio de 1725, registra a primeira referência documentada ao Grau de
Mestre Maçom. Este momento representa um marco fundamental na evolução da
estrutura ritualística da Maçonaria, indicando que já existia, à época, uma
diferenciação simbólica e hierárquica entre os graus, refletindo um
amadurecimento da Ordem em sua dimensão iniciática e filosófica.
1730 – Iniciação de Montesquieu na Maçonaria
Em 12 de
maio de 1730, Charles-Louis de Secondat, o célebre Barão de
Montesquieu, foi iniciado na Loja "Hom", em Westminster, na
Inglaterra. Nascido em 1689 no castelo de La Brède, França, Montesquieu viria a
se tornar uma das mentes mais brilhantes do Iluminismo. Sua obra mais
influente, O Espírito das Leis, fundamenta a teoria da separação dos
poderes, conceito hoje presente nas principais constituições democráticas
do mundo, incluindo a brasileira.
A iniciação
de Montesquieu demonstra a atração que a Maçonaria exercia sobre os grandes
pensadores do século XVIII, sendo espaço de liberdade, razão e debate
filosófico.
1837 – Morte de Evaristo da Veiga
Neste mesmo
dia, em 1837, faleceu no Rio de Janeiro o jornalista, poeta e político Evaristo
Ferreira da Veiga e Barros, aos 37 anos. Iniciado na Maçonaria em 1832 na
Loja Esperança de Nictheroy n.º 003, Evaristo da Veiga foi o autor da letra do Hino
à Independência, cuja música é de D. Pedro I. Foi também editor do jornal Aurora
Fluminense, importante veículo de ideias liberais e nacionalistas.
Considerado um dos precursores do Romantismo brasileiro, sua trajetória revela
a profunda intersecção entre ideais maçônicos, cultura e patriotismo.
1855 – Nascimento de Hermes da Fonseca
O dia 12 de
maio também marca, em 1855, o nascimento de Hermes Rodrigues da Fonseca,
em São Gabriel, RS. Maçom, militar e estadista, Hermes da Fonseca foi o 8º
Presidente da República do Brasil (1910–1914), sendo o primeiro gaúcho a
ocupar o cargo. Sua linhagem familiar estava profundamente ligada à
história militar e política do país, sendo sobrinho do marechal Deodoro da
Fonseca e filho do marechal Hermes Ernesto. Sua formação e atuação como maçom
refletem o papel da Maçonaria no pensamento republicano e nas estruturas de
poder no Brasil do início do século XX.
1980 – Declaração dos Bispos Alemães sobre Maçonaria
Em 12 de
maio de 1980, após anos de diálogo e tentativa de reconciliação, os bispos
da Alemanha publicaram um documento oficial afirmando a inconciliabilidade
entre a fé católica e a pertença à Maçonaria. Essa declaração veio em
resposta às tratativas conduzidas com boa vontade pelos maçons alemães desde a
Declaração de Lichtenau. O resultado, embora contrário às expectativas dos
irmãos, reforçou os desafios que a Ordem enfrenta em sua relação com o clero
católico, particularmente no campo da liberdade de consciência e do ecumenismo.
Conclusão
As
efemérides de 12 de maio revelam a riqueza e diversidade da história maçônica,
entrelaçando figuras icônicas do pensamento ocidental, estadistas, artistas e
debates religiosos. Elas convidam à reflexão sobre os caminhos trilhados pela
Maçonaria ao longo dos séculos e sua constante presença nas grandes
transformações políticas, filosóficas e culturais da humanidade.
A Maçonaria Latino-Americana: Um Mosaico de Realidades com o Chile em Destaque
Da Redação
Um olhar sobre o cenário maçônico na América Latina revela uma tapeçaria rica e complexa, marcada por contrastes tão acentuados, senão mais, do que aqueles observados na Europa. Longe de um bloco homogêneo, a Maçonaria latino-americana pulsa com identidades próprias, moldadas por histórias, culturas e dinâmicas regionais distintas.
Nesse panorama diversificado, três nações emergem como protagonistas na definição e disseminação de modelos maçônicos singulares: México, Brasil e Chile. Dotados de dimensões territoriais efervescentes o suficiente para engendrar suas próprias abordagens à Arte Real, esses países transcendem a mera recepção de influências externas. Seus modelos, forjados em solo latino-americano, ecoam em outras nações da região, onde as tradições maçônicas inglesas e francesas podem, por vezes, ser percebidas como vestígios de um colonialismo cultural.
Neste contexto fascinante, o foco se volta para a Maçonaria chilena, um exemplo notável de dinamismo e singularidade dentro do continente latino-americano.
O Chile e a Grande Loja: A História de uma Ruptura
O Chile, sob diversas perspectivas, apresenta-se como a nação sul-americana mais próxima da cultura francesa. Um estado de forte centralização, uma população predominantemente católica e aspirações seculares convergentes criaram um terreno fértil para a recepção e adaptação de ideias e modelos europeus.
Não surpreende, portanto, que os pensadores e os primeiros artífices da independência da América do Sul tenham encontrado refúgio e inspiração em sociedades secretas de cunho maçônico: as Lojas Lautarinas. Batizadas em homenagem a Lautaro, o valoroso líder indígena Mapuche que personificou a resistência contra a dominação espanhola, essas lojas representaram um crisol de ideias libertárias e um espaço para a articulação de projetos de nação.
A primeira loja maçônica a florescer em solo chileno foi a francesa "L'Étoile du Pacifique" ("A Estrela do Pacífico"). Sua fundação marcou o início de uma jornada maçônica que, ao longo do tempo, desenvolveria características próprias, afastando-se gradualmente da mera imitação de modelos estrangeiros e construindo uma identidade maçônica genuinamente chilena.
O dinamismo da Maçonaria chilena reside precisamente nessa capacidade de enraizar-se em seu contexto histórico e cultural, absorvendo influências externas, mas reelaborando-as de forma criativa e autônoma. A história da Grande Loja do Chile, certamente marcada por rupturas e adaptações, reflete essa busca constante por uma identidade maçônica que dialogue com as particularidades da nação, seus desafios e suas aspirações.
Ao observarmos a Maçonaria latino-americana através da lente da experiência chilena, desvendamos um panorama multifacetado onde a tradição se encontra com a inovação, e onde cada país, à sua maneira, contribui para a riqueza e a diversidade da Arte Real no continente. Longe de ser um apêndice de modelos europeus, a Maçonaria latino-americana floresce com cores e nuances próprias, tecendo uma história fascinante que merece ser explorada em sua totalidade.
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