Em 8 de setembro de 1588, William Schaw, Mestre de Obras do Rei James VI da Escócia (mais tarde James I do Reino Unido), lançou as bases do que hoje reconhecemos como a Maçonaria Moderna. Figura influente na transição entre a maçonaria operativa e a especulativa, Schaw ficou conhecido pelos dois Estatutos que levam seu nome, documentos que se tornaram referência para a organização das Lojas e o comportamento dos maçons no Reino Unido e além.
O Primeiro Estatuto de Schaw (1598)
Publicado em 28 de dezembro de 1598, o Primeiro Estatuto de Schaw estabeleceu normas para serem seguidas por todas as Lojas e maçons do reino. Este documento visava regular a prática da maçonaria operativa, introduzindo códigos de conduta, estrutura organizacional e deveres que ultrapassavam as técnicas de construção.
Entre os pontos mais notáveis deste
Estatuto estavam:
- A "Arte da Memória": Este
conceito, fundamental para o desenvolvimento pessoal dos maçons, incentivava o
uso de métodos mnemônicos para guardar e transmitir conhecimentos de forma
oral, uma tradição que ecoa até os dias atuais nos rituais e simbologias
maçônicas.
- Uso de Luvas: O uso de luvas pelos
maçons foi mencionado como símbolo de pureza e respeito, um elemento que
permanece nas práticas maçônicas contemporâneas.
- Banquetes Maçônicos: Os banquetes eram recomendados como forma de fomentar a união e o espírito fraterno entre os membros, consolidando a prática de ágapes e reuniões sociais em contextos maçônicos.
O Estatuto também delineou hierarquias, a importância de manter registros das reuniões e a necessidade de preservar os segredos da profissão, elementos que posteriormente foram integrados na Maçonaria Especulativa.
O Segundo Estatuto de Schaw (1599)
Exatamente um ano depois, em 28 de dezembro de 1599, Schaw publicou um segundo documento. Este Estatuto aprofundava e complementava o primeiro, introduzindo medidas mais específicas para a administração das Lojas e a conduta dos maçons.
O Segundo Estatuto enfatizava:
- A obrigação das Lojas de respeitar a
autoridade central e manter registros organizados.
- A necessidade de cada Loja designar um
“Guardião” responsável por supervisionar a prática da arte e a disciplina dos
aprendizes.
- A manutenção de um padrão moral elevado para que os maçons fossem exemplos de virtude em suas comunidades.
O Legado dos Estatutos de Schaw
Os Estatutos de Schaw são marcos fundamentais na história da Maçonaria, representando o momento em que a prática operativa começou a se organizar de forma sistemática, com preocupações não apenas técnicas, mas também éticas, sociais e espirituais.
O conceito de arte da memória, as tradições do uso de luvas e os banquetes maçônicos sobreviveram e foram adaptados pela Maçonaria Especulativa, passando a fazer parte dos rituais e práticas simbólicas. Além disso, os Estatutos destacam a importância da disciplina e da busca pelo aperfeiçoamento pessoal, valores que se tornaram centrais para a Ordem Maçônica.
William Schaw, por meio de sua visão e
liderança, desempenhou um papel crucial na evolução da maçonaria, conectando as
tradições operativas com a espiritualidade e simbolismo que definem a
fraternidade moderna. Seus Estatutos continuam a inspirar e guiar maçons ao
redor do mundo, reafirmando o compromisso com a construção de um templo ideal:
o da virtude, da sabedoria e da fraternidade universal.
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