Ir.'. Bruno Oliveira
O que te faz maçom além do avental que usas?
Discussões dantescas a respeito de quando nos
tornamos especulativos e deixamos de ser operativos são travadas por celebrados
escritores. Nas origens e etimologia da palavra “pedreiro”, em grego “tekton”
[1], é aquele profissional que se empenhava na transformação de materiais em
construções diversas com variados materiais, veja bem, não se limitando a
pedra.
Chamo a atenção pelo motivo de que às vezes
nos achamos pensadores especulativos e na verdade deveríamos estar trabalhando
em algo. Em quê?
A filosofia já cuida da mente. A ordem criado
por Baden-Powell, das medalhas que usa sobre vosso peito que me lembram mais
escoteiros que qualquer outra coisa. Os
Clubes de serviço, da caridade. A política dos cursos das nações. O que resta a você como maçom?
O quê foi construído desde que iniciaste,
além da evolução oriunda de qualquer ser humano que tem consciência cívica de
melhorar a cada dia?
Os ritos e rituais em seu cerne almejavam ser
o método do obreiro. E hoje se resume a ser discutido em termos e posições
geográficas ou disposição de artefatos, perdendo-se a essência e finalidade de
sua existência. Ou você acredita que foram criados para serem manuais de
procedimentos simplistas? O ritual é uma parte do laço místico. Como ou por que
o homem deve fazer rituais e aprendê-los, amá-los, preservá-los, é tão
misterioso quanto qualquer coisa na vida – mas sempre foi assim. Há algo
profundo dentro de nós que exige uma forma definida de expressão: podemos dizer
o pensamento de mil maneiras, mas nós o dizemos em uníssono e de uma maneira
especial. E isto é verdade seja a Maçonaria, a Igreja ou a vida cotidiana que é
preenchida com um ritual. [2]
A pedra somos nós mesmos. Mas tendemos a
cinzelar a pedra alheia. Isso é
demagogia se você não trabalha em sua própria pedra. Mudar de grau não é
evoluir, não passando de procedimento administrativo se não foi trabalhada a
lição que o traz, por mais pomposo e ornado que sejas o avental quer agora
usas.
Recentemente, em um grupo de comunicação
Maçônica e DeMolay, soltei um texto que tirava da zona de conforto e indagava a
todos sobre seus deveres, resultado? Silêncio por horas. Quando o assunto é o dever, o trabalho, todos
tendem a fingir que não é consigo mesmo, quando pensamos assim, de fato é
conosco mesmo o problema.
O filósofo Marcuse em seu Livro “Eros e
civilização “retrata essa gana da atual sociedade em satisfazer seus desejos às
vezes maquiados em boas intenções”. “O que você faz quando ninguém te vê
fazendo ou o que faria se ninguém pudesse te ver” diz uma música. Maquiavel é
ridiculamente estudado e utilizado como manual por jovens que creem aprender
politica com práticas traiçoeiras e vis.
O que a mão esquerda faz a direita não fique
sabendo é ignorado por publicidade desmedida.
O que te faz Maçom além do avental, são os “nãos” que você tem firmeza
pra dizer aos seus próprios impulsos e não o avental ou jóia que usa.
Uma vez me foi dito, rasgue a “procuração” de
quem faz mal. Indaguei sobre a indisposição criada. E me foi dito, se não tem
vergonha de fazer o mal será você a ter por dizer ?
Infelizmente constatamos que, atualmente,
adaptada aos novos tempos, a Ordem é uma sociedade iniciática, mas
social/recreativa/religiosa congregando seres humanos comuns que se ajudam
mutuamente. Concluindo, esta reflexão, inquirimos se, modernamente, em nossas
Lojas: Realmente erguemos templos as virtudes?! [3]
Uma máxima em engenharia diz que não
controlamos o quê não medimos. Além de suposições, qual o método que usas para
te nortear na mudança de si mesmo? Ter consciência dos defeitos e falhas não
passa mera reflexão feita por qualquer profano. Renascer para uma nova
realidade por si só já é conceito do batismo de varias religiões em variadas
culturas.
Um método interessante de trabalharmos em
nossa própria pedra, a cada semana escrevemos uma virtude em nossas anotações,
que queremos melhorar e intensificar, e ao findar o dia relatamos como nos
saímos, e oque dificultou de praticarmos a tal virtude. Isso é um exercício
fantástico, e nos estimula a ficarmos vigilantes como prega nossos rituais.
Alguns vão dizer, já faço isso de cabeça. Será ?
E você meu irmão qual método utiliza?
A corrupção não esta em Brasília no planalto,
mas nos nossos espíritos corrompidos que se calam…, o cantor Renato Russo
disse, “ vivemos entre monstros de nossa própria criação” mas não temos medo da
escuridão, o maçom hoje, teme a própria luz, por conta da aceitação social.
Discutir maçonaria é falar sobre as dificuldades da prática de alguma virtude e
por ae se aprofundar, e não erros de gráficas, datas de fundação ou algum fator
que qualquer historiador não iniciado poderia fazer e já fazem. Não que não
seja importante, mas isso é demasiadamente simplório se comparado ao que
realmente é a Arte Real.
Aos outros, a tolerância de serem como
quiserem. A nós, a obrigação de sermos cada dia melhores.
[1]
https://journal.eahn.org/articles/10.5334/ah.239/
[2]
https://www.lodge76.co.uk/lectures/index.html
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