Sinopse
No filme Indiana Jones e Os Caçadores da Arca
Perdida, o que sobressai é o movimento, a aventura. Indiana Jones (Harrison
Ford), o arqueólogo cheio de truques, mais que um professor de
arqueologia, é um aventureiro que ganha a vida dando aulas para mocinhas
românticas e caçando tesouros arqueológicos pelo mundo afora. Nesse
filme, sua meta é encontrar a Arca da Aliança, artefato sagrado da
religião hebraica, perdido há mais de dois mil e quinhentos
anos. Só que seus principais concorrentes são os nazistas, que também estão
atrás desse fantástico tesouro arqueológico. Por que, só Deus imagina....
O que nem todo mundo sabe sabe é
que existem registros históricos que provam que os nazistas acreditavam
realmente que a Arca da Aliança e o Santo Graal eram verdadeiras
realidades históricas e não mitos. E andaram fazendo muitas expedições pelos
países do Oriente Médio e África em busca desses artefatos.
Eles achavam que essas relíquias históricas poderiam lhes conferir poderes
exraordinários. Assim, o filme Indiana Jones é uma ficção, mas
nem tanto....
A Arca
da Aliança
Segundo se lê em Êxodo, 25:10:22, o Senhor
instruiu os hebreus para construírem a Arca da Aliança do seguinte modo:
“Farão uma Arca de madeira de acácia; seu
comprimento será de 2 côvados e meio (1,11 m) e um côvado e meio de largura
(66,6 cm) e sua altura 1 côvado e meio (66,6 cm). Tu a recobrirás de ouro puro
por dentro, e o farás por fora; em volta dela porás uma bordadura de ouro.
Fundirás para a arca quatro argolas de ouro, que porás nos seus quatro pés,
duas de um lado e duas do outro. Farás 2 varais de madeira de acácia,
revestidos de ouro, que passarás nas argolas fixadas dos lados da arca para se
poder transportá-la. Uma vez passados os varais nas argolas, delas não serão
mais removidos. Porás na arca o testemunho que eu te der. Farás também uma
tampa de ouro puro, cujo comprimento será de dois côvados e meio e a largura de
um côvado e meio. Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas
duas extremidades da tampa, um de um lado e o outro de outro, fixado de modo a
formar uma só peça com as extremidades da tampa. Terão estes querubins as asas
estendidas para o alto e protegerão com elas a tampa, sobre o qual terão a face
inclinada. Colocarás a tampa sobre a arca e porás dentro da arca o testemunho
que eu te der. Ali virei ter contigo. E é de cima da tampa, do meio dos
querubins que estão sobre a arca da aliança, que te darei todas as minhas
ordens para os israelitas."
Mistério
Porque tantas estranhas e esotéricas
instruções para a construção de um recipiente que se destinava a guardar as
instruções de Deus aos seus eleitos? Algum motivo haveria de ter.
Em primeiro lugar, é sabido que a Arca deveria
servir para depósito de três objetos de suma importância religiosa para os
israelitas, porque representavam manifestações divinas de primeiro grau junto
aos seus eleitos. Esses objetos eram as tábuas da Lei, contendo os Dez
Mandamentos escritos diretamente pelas mãos de Deus; o outro era um pote
contendo o Maná (alimento que Deus fez cair do céu para alimentar o faminto
povo hebreu no deserto), e o terceiro objeto era o cajado de Arão, um pedaço de
pau que floresceu milagrosamente, como prova de sua indicação para
Sumo-Sacerdote da nascente religião hebraica. Esses três objetos eram símbolos
da graça de Deus, manifestada para organização (a lei), o sustento (o maná) e o
governo (o cajado) do povo de Israel.
Segredos
Arcanos
Mas tanto a Arca da Aliança quanto o
Tabernáculo construído para hospedá-la são claras alegorias que estão
conectadas com ensinamentos iniciáticos do mais alto significado.
Em primeiro lugar os materiais de que ela era
feita denotam um simbolismo estreitamente ligado ao ensinamento arcano: ouro e
madeira de acácia. O ouro, desde as mais remotas eras é o metal sagrado por
excelência. Considerado metal incorruptível, ele é o símbolo da perfeição entre
os elementos da natureza e o corolário da mais fina obra universal. Dai a sua
importância na arte da alquimia, por exemplo, onde a transformação do metal
comum em ouro significa também o ideal do aperfeiçoamento espiritual no mais
alto grau. Já a madeira de acácia era o símbolo da regeneração. Consta que os
faraós, ao sentirem a aproximação da morte pediam para serem colocados aos pés
de uma acácia para que ela os encontrasse embaixo dessa árvore sagrada.
Essa providência ajudava o espírito a se libertar e encontrar o caminho da
regeneração. Na Maçonaria a acácia também é cultuada como símbolo da
regeneração espiritual.(1)
Quanto às características de tamanho da Arca,
estas tinham a ver com a geometria sagrada. Dois côvados e meio de comprimento
por um côvado e meio de largura, e a mesma medida da largura para a altura. Um
côvado media aproximadamente 44,45 cm, o que perfaz cerca de 1,11cm para o
comprimento e 66,6 cm para a largura e a altura da Arca. Esses números, na
tradição cabalística, são representativos de verdades iniciáticas. Primeiro, os
números ímpares são considerados divinos, enquanto os números pares são
humanos. Na simbologia do oriente eles são positivos (Yin) e negativos (Yang).
Na geometria sagrada o 1 é o número da divindade, enquanto o 6 é “número de
homem”.(2)
Um
gerador de energia?
Assim, as medidas pares e ímpares da Arca
denotam a aliança entre o humano e o divino e condensam o segredo da
manifestação da energia universal. Sua disposição geométrica, em termos
arquitetônicos, foi especialmente planejada para servir como uma espécie de
“pilha”, onde a energia universal seria acumulada. Segundo antigas tradições,
esse era um artefato já conhecido pelos sacerdotes egípcios, que costumavam
construir equipamentos semelhantes em seus templos.
Uma tradição egípcia muito antiga sustentava
que esse tipo de artefato era proveniente da cultura Atlântida, que o
usava como sendo um equipamento capaz de gerar a energia vital. Essa energia,
chamada pelos Kahunas (indígenas da Polinésia) de Mana (Maná) é a mesma que os
hindus denominam prana, os japoneses ki e os chineses chi. Ela é captada a
partir das propriedades dos alimentos e do ar que respiramos. Dai o
desenvolvimento de práticas iogues destinadas a captar essa energia através de
exercícios apropriados. Dessa forma se entende a alimentação dos hebreus no
deserto com o maná que caia do céu como um exercício por eles praticado para
captar essa energia, capaz de mitigar inclusive a fome. Jesus também se referiu
a essa energia em uma passagem do seu Evangelho quando ele diz aos seus
discípulos: “eu para comer, tenho um manjar que vós não conheceis.”(3)
Tradições cabalistas também ensinam que as
Tábuas da Lei, que Moisés guardou dentro da Arca, não continha somente os Dez
Mandamentos. Estes eram, na verdade, apenas regras escritas acerca de
comportamentos que Deus teria ditado aos hebreus. A energia que fluía da Arca
Sagrada, entretanto, não provinha diretamente das pedras que continham a lei,
mas sim do testemunho que Deus deu a Moisés, ou seja, o ensinamento secreto que
Ele lhe comunicou. Esse ensinamento seria a correta interpretação e a
utilização da Árvore da Vida, fórmulas sagradas que lhe permitia invocar o Nome
Sagrado de Deus para ativar a energia que essa fórmula mágica encerrava. Daí a
ênfase colocada nos comandos “porás na Arca o testemunho que eu te dei”, que
aparecem duas vezes no texto que ensina como a Arca deve ser construída. (4)
Por isso somente os sacerdotes levitas
(consagrados) poderiam transportá-la ou tocá-la. E apenas o Sumo-Sacerdote, uma
vez por ano, no dia da expiação, quando a Luz da Shekinah se
manifestava, entrava no Altar do Santo dos Santos, onde ela estava depositada,
para invocar o Santo Nome.(4)
A
história e o mito
O Mito da Arca da Aliança sempre excitou a
imaginação dos povos. Não é toa que todos os inimigos de Israel, ao invadir
Jerusalém, tinham em mente se apossar desse glorioso artefato. Segundo a
narrativa bíblica, a Arca da Aliança desapareceu após a pilhagem do Templo de
Jerusalém, feito pelos soldados de Nabucodonosor, em 587 a.C. Alguns
historiadores acreditam que os próprios judeus a esconderam ou a destruíram
para evitar que caísse em mãos inimigas. Outros acham que ela foi levada para a
Babilônia onde desapareceu entre os tesouros capturados pelos caldeus .
Já o segundo livro dos Macabeus informa que o
profeta Jeremias teria ordenado que a Arca fosse levada até o Monte Nebo, para
ali ser escondida em uma caverna. Esse lugar, segundo o profeta, deveria ficar
desconhecido até que Deus reunisse novamente seu povo e dele tivesse
misericórdia. Mas segundo acredita a maioria dos historiadores, a Arca foi
capturada pelos egípcios por ocasião da guerra travada entre o
Egito do faraó Necao e o rei Josias, de Judá, no século VII a. C. Nesse
caso, ela teria sido levada para o Egito e depositada no templo de Amon-Rá.
Mais tarde, quando os persas conquistaram o Egito ela teria sido levada para a
Etiópia, onde até hoje estaria depositada, numa capela da cidade de Aksum.(5)
O
Arquétipo
Arca da Aliança não era, como se pensa, uma
criação originariamente israelita. Ela era um artefato utilizado por muitas
civilizações antigas como símbolo da Matriz Natural, onde se guardava o Segredo
da Criação. Nesse sentido, a Arca da Aliança também é um símbolo compartilhado
pelo inconsciente coletivo da humanidade. Na mitologia grega ela simboliza a
Caixa de Pandora, onde todas as energias do Universo estavam encerradas na
forma das virtudes e desejos humanos. Na mitologia japonesa ela aparece na
lenda de Urashima Taro, como o invólucro que encerra o tempo. Em
alquimia ela simboliza o athanor (recipiente hermético) onde o “ovo filosófico”
é chocado. Simbolicamente ela é o inconsciente do homem, onde a sabedoria(a
energia do universo) está depositada, mas só é revelada a quem dela se faz
merecedor. Dessa forma, a Arca da Aliança é um dos mais fascinantes arquétipos
que o inconsciente coletivo da humanidade já desenvolveu.
Notas
1.
Foi
com um ramo de acácia que os mestres marcaram o local onde o Arquiteto Hiram
Abiff foi enterrado.
2. Conforme se diz em Apocalipse, 13:18: Aqui
há sabedoria: Quem tem inteligência calcule o número da Besta. Porquanto é
número de Homem: e seu número é 666. É que o homem, na tradição cabalística,
não foi feito por Deus à sua imagem, mas sim pelos Arcanjos chamados Elohins,
entre os quais, no início, antes da Rebelião, se encontrava Lúcifer.
3. João, 4:32
4. Shekinah é a luz da manifestação divina na
terra. Maria é Shekina cabalística que "canalizou" a luz de Deus e
deu ao mundo o filho divino, Jesus Cristo.
5. No filme em questão a Arca da Aliança foi
encontrada na escavação de Mênfis, antiga capital dpo Egito. A hipótese de
a arca ter sido levada para a Etiópia tem origem numa lenda que consta dos
textos apócrifos do Kebra Negast, o chamado Livro da Glória do Reis, crônicas
que sustentam serem os antigos reis etíopes descendentes do rei Salomão, através
do filho que ele teria tido com a Rainha de Sabá (chamada Makeda) . Esse filho,
cujo nome era Menelik, se tornou o primeiro rei da Etiópia. Por isso é que os
egípcios, na iminência da conquista persa, teriam confiado aos etíopes a guarda
da Arca, que desde então estaria guardada a sete chaves na cidade de Aksum. Na
época, essa hoje pequena vila era a capital da Etiópia.
ESTE RESUMO FOI EXTRAÍDO DO LIVRO
"MESTRES DO UNIVERSO", PUBLICADO PELA ED. BIBLIOTECA 24X7, SÃO
PAULO, 2010
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