Por Kennyo Ismail
As Lojas Acadêmicas ou Universitárias
floresceram no Brasil a partir da segunda metade da década de 90, ganhando
maior impulso nos primeiros anos deste século XXI, por incentivo do GOB, em
busca de um rejuvenescimento de seu quadro. Mas, ao contrário do que muitos
irmãos brasileiros imaginam, as Lojas Universitárias não são uma invenção
recente, algum tipo de modismo, e nem exclusividade do GOB.
O Eminente Irmão Lucas Francisco Galdeano,
autor do primeiro trabalho sério que tenho conhecimento sobre o assunto no
Brasil, relata a existência de Lojas Universitárias na Inglaterra desde o
Século XVIII e da presença das mesmas em diversos países anglófonos. Seu
trabalho pode ser acessado clicando aqui.
Por sinal, a Grande Loja Unida da Inglaterra,
após realizar uma série de estudos e pesquisas internas, tem, nos últimos anos,
acendido o alarme da necessidade de renovação de seus quadros, e focado,
principalmente, em um programa chamado “Programa Universidades”, que já existe
há mais de 10 anos e possui até website próprio.
O objetivo geral dessas Lojas é fomentar o
ingresso de jovens com intelecto e potencial na Maçonaria. Infelizmente, no
Brasil, muitas Lojas foram fundadas como Universitárias para usufruir dos
benefícios oferecidos a esse tipo de Loja, migrando para a classificação comum
de Loja após um certo período de tempo. Outras mantém o status de
Universitárias apenas no nome, não contando com um único estudante
universitário em seu quadro. Essas ocorrências têm gerado certo preconceito em
membros da ala mais conservadora da Ordem pelas Lojas
Acadêmicas/Universitárias.
Além disso, o fato de, no Brasil, as Lojas
Universitárias terem sido uma iniciativa do GOB, acabou restringindo suas
fundações a esse âmbito. É o velho preconceito velado que temos na Maçonaria
brasileira, que ninguém fala a respeito. Temos muitos exemplos disso, de ambos
os lados… o Supremo Conselho do Grau 33 (Jacarepaguá) é chamado de Supremo
Conselho “das Grandes Lojas”, mesmo aceitando membros do GOB e da COMAB. E
a Ordem DeMolay sofre o mesmo preconceito no meio gobiano, pela mesma razão.
Porém, acredito que esse preconceito velado vai diminuindo com a renovação da
maçonaria brasileira, contando cada dia mais com uma massa maçônica mais
esclarecida, que compreende que algumas iniciativas, programas e organizações
são “suprapotências”.
No caso da Maçonaria da América do Norte, há
alguns anos foi criado o Comitê de Renovação Maçônica do Canadá, Estados Unidos
e México, cujo objetivo é exatamente a organização, divulgação e suporte de
iniciativas para renovar a Maçonaria naquela região. E uma dessas iniciativas
promovidas pela comissão é o Programa de Lojas Acadêmicas.
Uma das Grandes Lojas norte-americanas que
tem abraçado essa ideia é a Grande Loja do Estado de New York, uma grande
parceira do Brasil, que inclusive cedeu seus rituais do Rito de York para
tradução e prática no território brasileiro, e estará realizando uma Convenção
Internacional de ritualística ao final deste mês de janeiro, com tradução para
várias línguas e com a participação das obediências de diversos países que
trabalham com seu ritual, incluindo muitas brasileiras.
A Grande Loja do Estado de New York criou uma
“Comissão pela Fraternidade no Campus”, presidida por ninguém menos do que Ted
Harrison, Past Grande Sumo Sacerdote Internacional do Real Arco Internacional e
grande entusiasta do Rito de York no Brasil. Sob a liderança do Ted, duas Lojas
Acadêmicas estão sendo criadas em New York: a “Columbia”, para atender a
comunidade da Columbia University; e a “Illumination” para a comunidade da City
University of New York (CUNY).
Enquanto a Grande Loja Unida da Inglaterra,
com seu Programa Universidades, já conta com 72 Lojas Acadêmicas, o Comitê de
Renovação Maçônica da América do Norte tem começado a apresentar resultados
recentemente, já contando com algumas em pleno funcionamento:
Loja “Harvard”, Cambridge MA
Loja “Boston University”, Boston MA
Loja “The Colonial” # 1821, George Washington
University, DC
Loja “The Patriot” # 1957, George Mason
University, Virginia
Loja “State College” # 770, North Carolina
State University, NC
Loja “Terrapin” # 241, University of Maryland
Loja “A Águia” # 1893, American University,
DC
Mas não precisamos esperar que nossa média de
idade torne-se ainda mais geriátrica ou nossos números de membros despenquem,
como nos EUA e na Inglaterra, para agirmos. Esperamos que todas as nossas
obediências, sem exceção, atentem-se para a iminente necessidade de renovação
dos quadros da maçonaria brasileira, desenvolvendo formas para que isso seja
possível, fomentando o ingresso, especialmente, de Seniores DeMolays e
universitários.
Fonte: No Esquadro
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