Pelo V.'.Ir.'. Ethiel Omar Cartes González (*)
“..., conduziram-no, ao cair da noite, para o
Monte Moriah, onde o enterraram, assinalando a sepultura com um ramo de
acácia.” (Ritual de Mest\).
“Quando,
extenuados, os exploradores chegaram ao local de encontro, seus semblantes
desencorajados só expressaram a inutilidade de seus esforços”.
....Caindo literalmente de fadiga, (um) ....
Mestre tentava agarrar-se a um ramo de acácia. Ora, “para sua grande surpresa,
o ramo soltou-se em sua mão, pois havia sido enterrado numa terra há pouco
removida.” (Oswald Wirth).
“Os
Mestres que foram na procura do Mestre Hiram Abif, encontraram um monte de
terra que parecia cobrir um cadáver, e terra recentemente removida; plantaram
ali um ramo de acácia para reconhecer o local. Conforme outra versão, a acácia
teria brotado do corpo do Respeitável Mestre morto, anunciando a ressurreição
de Hiram”.
(Manual de Instrução para o
Grau de M.'. M.'. da Gr.'.L.'. de Chile).
Mesmo
que a morte de Hiram Abif seja um dos fatos mais importantes dentro da
ritualística do 3º Grau, não resulta estranho que existam diferentes versões
derivadas de diferenças nas traduções tanto da Bíblia como de antigos Rituais
maçônicos. Mas todos eles coincidem com que na sua sepultura surge um ramo de
acácia.
A
ACÁCIA NA BOTÂNICA.
A
acácia é uma árvore leguminosa de madeira dura; muitas espécies produzem goma arábica
e outras fornecem caucho, guaxe (fruto comestível), tanino e madeiras de grande
valor. Todas as espécies produzem flores perfumadas brancas ou amarelas, sendo
muito usadas como adorno. A acácia, com suas quase 400 variedades, existem
praticamente no mundo todo: América do Norte, Ásia, Índia, Egito, Norte da
África, China, Austrália, etc. A acácia é universal. No Brasil a espécie acácia
negra constitui uma das riquezas de Rio Grande do Sul.
A
acácia de Egito tem a particularidade de ser uma árvore espinhosa e autores
maçônicos especulam que a coroa de espinhos colocada na cabeça de Jesus era de
este tipo de acácia. No hebraico antigo o termo shittah é usado para acácia
sendo seu plural shittin. No texto original grego do Novo Testamento o termo
usado é akanqwn (akanthon) que foi traduzido ao português tanto como acácia e
como acanto, e que também pode significar espinho, espinhoso, etc. Esta palavra
grega aparece em várias passagens da Bíblia mencionando a coroa de espinhos e
também a árvore shittah. O Irmão Olintho de Almeida declara que “a coroa de
acácia espinhosa na cabeça de Jesus, é símbolo de sabedoria”. Mas como devemos
interpretar o gesto dos soldados romanos quando coroam a Jesus com espinhos?
Podemos entender como mais um ato de crueldade com um sentido unicamente
burlesco ou será que, aparentemente, houve alguém que conhecendo a simbologia
encetada no ramo de acácia induziu à soldadesca a usar este tipo de coroa?
A
ACÁCIA NA ANTIGUIDADE
Os
povos antigos tiveram um respeito extremado pela acácia chegando a ser
considerado um emblema solar porque suas folhas se abrem com a luz do sol do
amanhecer e se fecham ao desaparecer o sol no fim do dia; sua flor imita o
disco solar. Para os egípcios era uma árvore sagrada como, igualmente para
antigas tribos árabes. O sentimento dos israelitas pela acácia começa com
Moisés, quando na construção dos elementos mais sagrados é utilizada á acácia
(Arca, Mesa, Altar) pelas suas características de resistência á putrefação.
A ACÁCIA NA BÍBLIA
“Plantarei no deserto o cedro, a árvore da
sita, e a murta e a oliveira...” (Isaias 41:19). Como já temos visto no
hebraico, shitat é o singular de acácia, mas na versão da Bíblia de João
Ferreira de Almeida é traduzido como sita. Aliás, sita não aparece no Dicionário
Brasileiro da Mirador.
“Também
farão uma arca de madeira de cetim...” (Êxodo 25:10)
“Também
farás uma mesa (dos pães da proposição) de madeira de cetim...” (Êxodo 25:23)
“Farás
estes varais (para transportar a mesa) de madeira de cetim...” (Êxodo 25:28)
“Farás
também as tábuas para o Tabernáculo de madeira de cetim...” (Êxodo 26:15)
“Farás
também cinco barras de madeira de cetim ...” (Êxodo 26:26)
“E
o porás sobre quatro colunas de madeira de cetim ...” Êxodo 26:31)
“E
farás para esta coberta (do Tabernáculo) cinco colunas de madeira de cetim ...”
(Êxodo 26:37)
“Farás
também o altar de madeira de cetim ...” (Êxodo 27:1)
“Farás
também varais para o altar, varais de madeira de cetim ...”(Êxodo 27:6)
Aqui
João Ferreira de Almeida usa a expressão madeira de cetim e, conforme o
Dicionário Brasileiro da Mirador cetim deriva do árabe zaituni e serve para
designar um tecido de seda ou algodão macio e lustroso. Considerando que os
estudiosos concordam que a Arca, a Mesa e o Tabernáculo foram construídos com
acácia que existia no deserto (Isaias) por ser imputrescível, incorruptível e
inatacável pelos predadores naturais, acreditamos que madeira de cetim é, no
significado correto, madeira de acácia. Não poderiam elementos de sustentação
ou de transporte serem construídos com seda.
“E
acamparam-se junto ao Jordão, desde Bete Jesimote até Abel-Sitim ...” (Números
33:49) Abel-Sitim no hebraico significa Vale das Acácias lugar que ficava 40
kms ao sul de Bete-Sita, mas não aparece nos Atlas modernos
“...
e o exército fugiu para Zererá, até BeteSita ...” (juízes 7:22)
Bete-Sita
no hebraico significa Lugar da Acácia que no Atlas moderno aparece localizado
no paralelo 32 e 30’ ao lado do rio Jordão.
A
Bíblia é rica em alusões da madeira de acácia dando para ela usos sagrados o
que, por sua vez, a converte em uma árvore sagrada.
A ACÁCIA NA
MAÇONARIA
Na
parte final da cerimônia de Exaltação, o Orador dirigindo-se ao novo Mestre
convida-o a “... não parar na senda do progresso e da perfeição, porque A A.'.M.'. É C.'.”.
Estas palavras lembram que a acácia tem sido consagrada como um importante símbolo
no 3º Grau, mantendo uma tradição dos tempos antigos porque por sua característica
de imputrescível simboliza a imortalidade da alma.
Também
quando o Resp.'. Mest.'. pergunta ao Ven\ Ir\ 1er
Vig\: “Sois M.'. M.'.” e o interpelado responde: “A A\ M\ É C\” ele
estabelece de imediato sua qualidade de M\ o que, conforme Oliver, equivale
a dizer “tendo estado na tomba, he triunfado levantando-me dentre os mortos e,
estando regenerado, tenho direto a vida eterna”.
A
interpretação simbólica e filosófica da planta sagrada é riquíssima e lembra a
parte espiritual que existe dentro de nós que, como uma emanação de Deus,
jamais pode morrer. A acácia é, simplesmente, a representação da alma e nos
leva a estudar seriamente nosso espírito, nosso eu interior e a parte imaterial
da nossa personalidade.
Outra
importante significação simbólica da acácia foi dada por Albert Gallatin Mackey
(1807 – 1881) e por Bernard E. Jones (falecido em 1965) e que ressalta a
Inocência; o grego akakia é usado para definir qualidade moral, inocência e
pureza de vida. E do maçom, que já conhece a acácia, é esperada uma conduta
pura e sem máculas.
Quando
a Mac adotou a acácia em seus rituais? Certos rituais do séc. XVIII não fazem
nenhuma alusão a ela e, menos ainda, a fórmula acima citada e tão conhecida de
todos nós. A obra “Regulateur du Maçom” (Heredom) de 1801 transcreve a fórmula
e em alguns rituais aparecem reproduções do quadro da Loja de Mestre, onde a
acácia pode estar representada sobre um montículo ou sobre o esquife do Mestre
Hiram Abif. É muito mais tarde que começam a aparecer explicações sobre a
acácia, por exemplo, no “Recueil Précieux de la Maçonnerie Adonhiramita” de
1787. Também na obra “L’Ordre dês FrancMaçons Trahi e Leur Sécret Revele” do
Abade Péréau (1742) a acácia é mencionada amplamente e reproduzida no Painel.
Resumindo, F. Chapius (1937) estima que a acácia nasce em nosso simbolismo
junto com a Maçonaria especulativa.
Para
terminar, das quase 600 espécies de acácia que existem a maçonaria tem
incorporado em seus rituais a Robinia (ou Robinier) mais conhecida como falsa
acácia, mas qualquer variedade que for usada não tira em absoluto o simbolismo
do ritual.
(*) Pelo V.'.Ir.'. Ethiel Omar Cartes González
Loja Guatimozín 66
Grande Loja
Maçônica do Estado de São Paulo (Brazil)
BIBLIOGRAFIA
Siete
e más .... Juan Agustín González M.(1955)
Manual
do Gr de M G L de Chile (1970)
Ritual
do Terc\ Gr\ Mac\Simb\ do
Brasil (1975)
Árvores
e seus simbolismos Descartes de Souza Teixeira (Revista A Verdade, GLESP,
Jan/Feb 1995)
2 Comentários
Fui exaltado recentemente, portanto, este texto veio em boa hora!
ResponderExcluirComo fazer os ∴ três pontos
ResponderExcluirAos IIr ∴ deste blog, Saudações fraternas !
Com a intenção de compartilhar com os irmãos, escrevo neste espaço reservado para comentários a forma de como fazer os três pontos.
• Você não fará assim .’.
• Fará assim ∴
Como faço? No Word você digita 2 2 3 4 Alt X Resultado ∴
Ir∴ Manoel Dias
T∴F∴A∴