Por Ir.'. Nuno Raimundo (*)
Há
alguns tempos atrás o Paulo M. elaborou através da sua pena dois textos em
formato de “mini-seriado” que me motivaram a reflexão que partilho convosco
hoje e cuja questão central figurava na seguinte pergunta “No século XXI fará sentido ser-se
Maçom?” e que é uma questão bastante pertinente para todos os Maçons,
independentemente do seu Grau ou Qualidade, ou seja, independentemente do grau
que detenham na sua caminhada maçônica e do cargo que ocupem nas estruturas maçônicas
(Respeitáveis Lojas ou na Obediência Maçônica em si).
Esta
pergunta que serve de tema para o texto de hoje é uma reflexão e questionamento
que faço a mim próprio diariamente.
Será
que valerá a pena nos dias de hoje, que em pleno século XXI, num tempo tão
avançado tecnologicamente, midiaticamente etc etc etc… continuar a existir uma
instituição como a Maçonaria e mesmo assim existir quem queira fazer parte
integrante dela, nomeadamente eu inclusive?!
Será
que existe qualquer mais valia para a Sociedade existirem pessoas que integrem
Ordens de cariz iniciático e fraternal como a Maçonaria?
Com
que interesse essas pessoas, nos tempos que correm, ambicionam entrar numa
Obediência Maçônica?
Estas
questões com que me deparo no meu dia-a-dia encerram elas próprias as suas
respostas, a meu ver.
Poderá
aparentar alguma estranheza responder a uma única questão (tema central) com
outras três dúvidas/questões. Mas de facto elas fazem todo e qualquer sentido!
À
primeira questão que se me apresenta, posso afirmar que sim!
Faz
todo o sentido existir uma Ordem como a Maçonaria, uma vez que a Maçonaria é
uma Ordem iniciática e ritualística, universal e fraterna, filosófica e
progressista, firmada no livre-pensamento e na tolerância entre as pessoas,
tendo por objetivo o desenvolvimento espiritual do homem com vista à construção
de uma sociedade mais livre, justa e igualitária. Ordem esta que se preocupa em
formar os seus membros para além de lhes propiciar as “ferramentas filosóficas
e intelectuais” de forma a que possam potenciar as suas melhores qualidades
pessoais, polindo o seu comportamento, de maneira a evitar a prática de
atitudes desviantes ou consideradas como
erráticas ou indignas pela sociedade vigente.
Com
esta última afirmação, posso eu responder também à minha segunda dúvida.
Não
obstante o desenvolvimento intelectual e tecnológico da sociedade atual, a
Maçonaria terá sempre lugar no tempo e na história, ou não fosse ela também uma
instituição secular. As instituições vivem de pessoas e da sua comunhão e
contato entre si, partilhando o que se sabe, aprendendo e obtendo conhecimentos
que não se detinham, por forma a formar-se uma cadeia de partilha que se
funcionando em pleno poderá fomentar o progresso da Sociedade no geral e das
pessoas no singular. E existe algo que nem a própria tecnologia nem o
mediatismo e consumismo atual poderá fazer.
Esse
“algo” apenas poderá ser encontrado na vivência e prática espiritual de cada um
de nós. E poderá ser aí que residirá a importância da existência de
instituições que se interessem por esse “lado”.
A
espiritualidade de cada um depende da sua cultura, educação e da sua
experiência de vida. Uma prática espiritual pessoal dependerá sempre do que se
ambiciona e se pretende da vida e do que já se obteve até então. E a maioria
das vezes o problema será no que já se obteve ou não, e o que se fazer para se
obter tal. Alguns sentem que necessitam de muito para viver, outros nem tanto
assim… O que poderá levar a comportamentos e práticas incorretas na procura e
obtenção daquilo que se poderá considerar como aquilo que fará falta para
completar ou complementar a sua vida.
Se
na sua vivência mundana, alguém denotar em si mesmo uma atitude ou
comportamento errado, se decidir retornar ao “caminho certo”, com certeza tal
será benéfico para todos; mas para o próprio será o reconhecimento das suas
falhas e um sinal de humildade em querer mudar para “melhor”. Para os
restantes, que o acompanham na sua vida, será a demonstração de um altruísmo e
nobreza que o ajudarão, por certo, no futuro, a ter uma prática social que será
digna de alguém que se considera livre, mas principalmente de bons costumes. E
isso será reconhecido por quem o tiver que o fazer!
Saber
o que está correto, certo ou errado e escolher sabiamente o caminho a seguir
não está ao alcance de todos, e é gente assim que, por norma, interessa à
Maçonaria. Gente que não é perfeita no sentido estrito da palavra, mas que
procura aperfeiçoar-se a si mesmo, através do trabalho, do estudo, do
relacionamento fraternal com os restantes membros, mas fundamentalmente através
de um processo de autoconhecimento, ou seja, do “conhecer-se a si próprio”.
Isto tudo (é) feito através de uma via espiritual.
No
entanto, a observação da boa conduta e boas práticas de maçons reconhecidos na
sociedade poderá também a suscitar a vontade de profanos a entrar na Maçonaria,
uma vez que tal poderá despontar o interesse destes em elevarem também a sua
conduta e forma de estar na vida pela simples observação da ação da Maçonaria e
dos seus membros na sociedade de que fazem parte integral.
Todavia,
certamente que quem deseja fazer bem, “praticar o Bem”, não necessita de ser
maçom para o fazer. Tal depende exclusivamente da vontade de cada um! Mas sendo
maçom, tal não é exceção, mas sim uma das regras que o deverão nortear nas suas
práticas e condutas sociais.
A
Maçonaria não é um clube social, benemerente ou filantrópico em exclusivo. - Não é apenas isso e é muito mais!-
Se
alguém desejar entrar na Maçonaria para socializar, exercer a sua caridade ou
filantropia, aumentar a sua lista de contatos pessoais e/ou fazer amigos, para
isso já existem outras instituições para tal. Instituições que cuidam em
exclusivo desses assuntos. Quem vier ou desejar entrar para a Maçonaria para
isso somente, irá perder o seu tempo e fará perder tempo à Ordem e aos seus
membros.
A
Maçonaria apesar de ter estas preocupações – que tem!- tem também outras que
estão para além do que é mensurável e visível. E tal encontrar-se-á na
componente espiritual e iniciática que a Ordem encerra em si e que propicia aos
seus filiados. E isto apenas estará ao alcance daqueles que compreenderem a
Ordem, percebam os seus fins e desígnios. Ou não fosse por isso também que a
formação é gradual e exponencial, para que o conhecimento seja obtido
integralmente, mas passo a passo…
Concluindo,
ao efetuar o somatório de toda estas reflexões que fiz, chego à conclusão que
sim, vale a pena ser Maçom no século XXI e possivelmente também nos séculos
vindouros...
(*) O Ir.'. Nuno Raimundo é membro da RL Mestre Affonso Domingues - Portugal
Fonte: A Partir Pedra
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(*) O Ir.'. Nuno Raimundo é membro da RL Mestre Affonso Domingues - Portugal
Fonte: A Partir Pedra
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5 Comentários
Ser Maçom pelos seus Princípios!
ResponderExcluirpara praticar o bem, e exercer a filantropia, ser correto em suas atitudes, não precisar ser Maçom, é obrigação de todo cidadão, ser Maçom é muito mais do que isto. aprendi com a minha Mãe ser honesto, e ajudar o semelhante, desde que me entendo por gente, e fui ingressar na ordem somente em 19/11/1984. sempre preocupei mais com próximo do que comigo mesmo, vim ao mundo para servir.
ResponderExcluirpara praticar o bem, e exercer a filantropia, ser correto em suas atitudes, não precisar ser Maçom, é obrigação de todo cidadão, ser Maçom é muito mais do que isto. aprendi com a minha Mãe ser honesto, e ajudar o semelhante, desde que me entendo por gente, e fui ingressar na ordem somente em 19/11/1984. sempre preocupei mais com próximo do que comigo mesmo, vim ao mundo para servir.
ResponderExcluirO GOB HOJE FAZ UMA PSEUDO MAÇONARIA
ResponderExcluirComo alguém almejando ingressar na Maçonaria te pergunto: Por que pensa isso?
ExcluirCrê que as Grandes Lojas fazem melhor que o GOB?
Obrigado