Ir∴ Adílio Jorge Marques
O
objetivo deste trabalho é discorrer sobre o PARAMENTA e o simbolismo inerente
do fogo. Veremos mais uma vez que a Maçonaria é depositária de antiquíssimas
Tradições místicas e espirituais que remontam aos primórdios de nossa atual
humanidade. A Lenda de Prometeu também será aqui abordada, assim como a de
Agni, deus védico.
Temos
no Grau de Cavaleiro R+C a menção de que no primeiro degrau do Altar, no
Oriente, repousa o “Pramanta”. Mas, o que é afinal tal objeto? Podemos supor
ser uma palavra de origem sânscrita, mas, para que possamos responder a esta
pergunta faz-se necessário voltarmos na história da humanidade, onde
encontramos religiões unicamente baseadas em fenômenos da natureza. E, entre elas,
a religião dos árias era eminentemente naturalista, pois os seus deuses não
somente representavam e personificavam os fenômenos da natureza, mas também os
próprios elementos do sacrifício: o fogo e os rituais que ajudam a acendê-lo e
a preservá-lo nos Templos e/ou cavernas.
Tão
vagos eram os deuses védicos e tantas vezes se confundiam que muitas vezes se
perguntou aos estudiosos da Tradição Primordial se eles não seriam mais que
adjetivos aplicados, segundo as circunstâncias, às várias manifestações de um
deus único, muitas vezes personificação do fogo ou do Sol, pois são geradores
de vida, calor e luz.
E
não havendo imagens ou Templos nesta antiga religião, os altares eram
improvisados a cada sacrifício, como na Pérsia de Zoroastro, elevando-se o fogo
aos céus como oferenda dos fiéis. Praticamente todas as antigas civilizações
tinham no fogo a representação na Terra da energia dos deuses e particularmente
do astro-rei. Seu conhecimento de Astronomia (que naquela época se confundia
como Astrologia) lhes dava a devida curiosidade para pesquisar os céus em busca
da melhor explicação para o que observavam na natureza. Tampouco tinham os
árias corpo sacerdotal, pois todos eram iguais, segundo muitas fontes
tradicionais. Era o pai de família, o senhor da casa, o grisastha que,
assistido por sua mulher, filhos e servos, celebrava os ritos e sacrifícios
obrigatórios em benefício de todos. Havia, porém, pessoas exercitadas nas
diversas fases do sacrifício, como compositores de hinos, etc. que, aos poucos,
foram se transformando em castas de sacerdotes.
O
culto védico era exclusivamente constituído pelo sacrifício do fogo, sendo
celebrado todas as manhãs, ao nascer do Sol. Consistia em acender o fogo
sagrado por meio da fricção de dois pedaços de madeira, depois de embebidos em
soma ou manteiga clarificada, sendo tudo acompanhado de recitações ou de canto
de hinos e de ofertas de cereais.
O
fogo era aceso no meio de um terreno capinado, dentro de um círculo coberto de
relva sagrada. Um homem segurava o vaso de manteiga clarificada ou de soma. A
soma, bebida sagrada dos vedas, era produzida pelo sumo fermentado da planta
chamada soma. Era uma bebida alcoólica lançada pelo sacrificador sobre o fogo
sagrado e que servia para animá-lo. A manteiga líquida tinha as mesmas
finalidades. Assim vemos que o uso do álcool em nossos rituais não foge a esta
antiga tradição. Continuando, outro homem fazia girar rapidamente um bastão no
buraco do recipiente de madeira da qual iria brotar a chama sagrada.
A
palavra Paramenta ou Pramantha, definida como sendo de origem sânscrita,
designa um aparelho pirogênico composto então de duas peças: um bastão redondo,
de comprimento variado, e um recipiente de madeira, cilíndrico, ou em forma de
bacia, tigela ou gral, tendo um buraco no centro onde se encaixa o bastão.
Geralmente,
o nome de Pramantha é dado ao bastão, ao passo que a tigela de madeira que o
recebe é chamada rani, havendo mesmo autores que denominam o conjunto das duas
peças de os aranis.
Quando
queriam obter fogo, faziam girar rapidamente o bastão dentro do buraco feito no
recipiente de madeira, não em uma rotação contínua, mas em uma série de voltas
em sentido alternado. O operador valia-se para isso de uma corda, da qual
mantinha presa nas mãos os dois extremos, puxando-os sucessiva e fortemente. A
fricção desenvolvia calor intenso, e no fim a chama acendia os elementos
lenhosos colocados no fundo do recipiente. Por analogia os hinos védicos
confirmam que o Pramanta tem um poder masculino e o Arani um poder feminino,
receptor.
Lembremos
que o principal deus védico era Agni – o fogo. Agni era deus do fogo terrestre
e também do fogo celeste e atmosférico, logo um tríplice Agni, que representava
o fogo, o Sol e o relâmpago, respectivamente, associados à chama sagrada que
protegia o lar familiar, sendo também a chama da vida e dos espíritos do mundo.
Representavam-no com o corpo vermelho, e com 3 pernas, 7 braços e montado num
bode (!) ou carneiro. Empunhava em uma das mãos o machado, que cortava a lenha
que o alimentava e, na outra, a colher das libações; 7 línguas saíam de sua
boca e 7 raios de seu corpo. Estes são símbolos significativos em nossa
Tradição, assim como os animais aqui citados.
Os
Vedas, livros sagrados dos árias, estão repletos de hinos ao fogo divinizado em
Agni. Como em todas as religiões primitivas, o ato sexual era divinizado e a
produção do fogo era comparada entre os árias a um ato de geração, onde o
Pramanta era o instrumento macho e a arani a fêmea. Foi assim constituído o
mito de Agni, nascendo da fricção sagrada, e Agni lançou-se a conquista do céu.
Este
grau 18 nos coloca em contato com grande número de personagens. Entre eles tem
logicamente maior destaque para Jesus, do qual se comemora a ceia derradeira.
Existem muitas analogias entre o deus Agni, tradição oriental menos conhecida,
mas aqui transcrita brevemente, e Jesus, o Cristo, do povo cristão e já
conhecido por nós do ocidente.
Por
causa do uso do soma ou manteiga que se usava para avivar o fogo sagrado, o
deus Agni passou a ser chamado de o ungido, palavra que se traduz em grego por
Christós.
Na
lenda védica, Agni era filho de Sawistri, o pai celestial. Fez-se homem,
nascendo de uma virgem e tendo por pai terrestre a Twasti, que foi, como José,
carpinteiro. Nos tempos mais primitivos, quando o aparelho para produzir o fogo
era improvisado, ele era formado apenas de dois pedaços de madeira, de
essências diferentes que eram colocados em cruz, na forma do Tau invertido. E a
cruz, como sabemos, também em forma de Tau, é o símbolo do cristianismo, onde
Jesus foi crucificado.
Assim
como Jesus, Mitra, Osíris, Tamus, Adônis, Baco, Apolo, Manu, Buda, Agni nasce
em 25 de dezembro ou próximo do solstício de inverno para o hemisfério norte.
E, como os demais é com efeito, uma personificação do deus Sol, nasce numa gruta
e tem como mãe uma virgem.
Todos
estes elementos atribuídos aos deuses solares formam um conjunto e constituem
um simbolismo que se perde na noite dos tempos. Chegou até nós através do
cristianismo, síntese e sincretismo de todas as religiões que o antecederam.
Penetrando em tais símbolos arquetipais, como nos diz Jung, o homem alcança a
libertação da mente e a própria redenção. Não há aqui a menor intenção em
descrer historicamente na existência das personagens acima listadas. Mas,
contrariamente e antes de tudo, em enaltecer a missão de cada uma delas, entre
nós, tendo sido Jesus sua máxima expressão de Luz e Amor entre os homens,
mostrando que o GADU sempre nos envia seus redentores quando a humanidade mais
necessita.
Relembremos
também o mito de Prometeu, o qual, tal como Agni e Jesus, acha-se ligado ao
fogo. O Fogo, IGNE para os romanos, com efeito, está relacionado com a Palavra
Sagrada deste grau e do cristianismo, INRI, a qual se traduz pela expressão
IGNE NATURA RENOVATUR INTEGRA.
Segundo
a mitologia grega, Prometeu era o deus do fogo, mas era também a personificação
do gênio do homem, o inventor por excelência e o criador da raça humana. Assim,
segundo refere Ovídio em suas “Metamorfoses”, após o dilúvio Prometeu modelara
o primeiro homem com o limo sedimentado das águas. E, de acordo com uma
variante da lenda, Prometeu animara a sua estátua com o fogo divino. Minerva,
que o auxiliara na obra, deu ao homem o temor da lebre, a sutileza da raposa, a
vaidade do pavão, a ferocidade do tigre e a força do leão.
Ainda
em outra variante da mesma lenda, diz-se que admirada pela beleza de sua obra,
Minerva oferecera a seu autor tudo que pudesse contribuir para aperfeiçoá-la. E
então Prometeu respondeu que precisava ver as regiões celestiais para escolher
o que mais conviria ao homem que havia plasmado. Atendendo a este pedido,
Minerva fez Prometeu subir ao céu. O herói verificou que seria o fogo que
animava os corpos imortais. E, no seu desejo de servir ao homem ele roubou uma
pequena parte do fogo.
Muitas
teorias foram arquitetadas sobre tal lenda, algumas das quais o ritual do 18º
grau menciona em sua leitura. Mas a tradição mais geralmente aceita diz que o
herói, decidido a roubar a chispa desse fogo divino sem o qual as artes eram
impossíveis, que permitiria a forja do ferro e pelo qual os homens poderiam
cozinhar seus alimentos, dirigiu-se à ilha de Lemnos, onde estavam situadas as
forjas de Vulcano. Prometeu tomou uma das chamas, escondendo-a no interior de
um narthex que lhe servia de bastão. O narthex é uma espécie de caniço em cujas
divisões existe uma penugem parecida com o algodão e facilmente inflamável.
Em
Atenas eram celebradas as prometheas, festas anuais em honra de Prometeu e que
compreendiam sobretudo corridas a pé e a cavalo, executadas por jovens com
archotes. A tradição atribuía o estabelecimento das festas ao próprio Prometeu.
Este deus também era conhecido por ser um Gênio do fogo, e era chamado muitas
vezes de porta-fogo em memória da conquista do fogo divino.
Os
povos primitivos achavam que, no meio das nuvens, deuses provindos de Pramantas
davam nascimento ao raio e ao relâmpago. Não podemos esquecer que alguns povos
antigos usavam o sílex ou pederneiras para produzir fogo e imitar os deuses. Os
polinésios o faziam deslizando rapidamente, por movimentos de vaivém, a ponta
de um ramo macho na fenda de um ramo fêmea.
Alguns
mitólogos acham que o Pramanta esteja etimologicamente ligado ao deus Prometeu
como o primeiro produtor de fogo para os homens por meio de um Pramanta animado
e divino. O verbo manthanô, que encerra o elemento verbal significativo de
Pramanta, é uma forma da raiz math, meth. Tal raiz está entre os vedas, mas
também entre os gregos, onde nestes em linguagem primitiva queria dizer
“girar”, “acender o fogo”. Com o tempo passou a ser relacionada a “idear”,
“meditar”, “saber”.
Assim,
o termo que designava o humilde agente do sacrifício passou de geração em
geração na figura de Prometeu, o benfeitor dos homens. Passou a se perpetuar
então através do fogo, indispensável ao homem. Talvez a maior descoberta até
hoje feita pelo homem foi a do domínio do fogo. E isso nos chega brilhantemente
através do simbolismo do Paramenta.
REFERÊNCIAS
Instruções
para Capítulos; Nicola Aslan; Ed. Maçônica.
Dicionário
Ilustrado de Maçonaria; Sebastião Dodel dos Santos; Vol.1; Ed. Essinger.
Grande
Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia; Nicola Aslan; Volumes I ao
IV; Ed. Artenova.
Maçonaria
e Astrologia; José Castelani; Ed. Landmark.
FONTE: MAÇONARIA UNIVERSAL
DOAÇÃO
3 Comentários
Como dizia Papus e outros mestres maiores, há mais pura maçonaria está restritas em seus três graus primordiais: Aprendiz, Companheiro e Mestre. E este último grau estabelece o ápice maçônico.
ResponderExcluirOutros, afirmam ser a mais pura maçonaria a concebida nos seus primórdios que eram Aprendiz e Mestre Maçom.
Dito, ou escrito isto, é muito mais claro afirmar-se que em lugar de ser a Maçonaria uma depositaria de antiquíssimas tradições, por ser ela eclética desde sua criação em 1717, está mais para um “repositório adotivo” de tradições antigas, que incluem símbolos, alegorias parábolas mitos. Etc.
EfeGueiros - Mestre Maçom.
"Assim como Jesus, Mitra, Osíris, Tamus, Adônis, Baco, Apolo, Manu, Buda, Agni nasce em 25 de dezembro ou próximo do solstício de inverno para o hemisfério norte. E, como os demais é com efeito, uma personificação do deus Sol, nasce numa gruta e tem como mãe uma virgem".
ResponderExcluirNeste parágrafo há um equivoco. Pois segundo o L.'.S.'. Jesus não nasceu em dezembro. Evangelho de Lucas Cap. 1;v26ss, diz que no sexto mês Deus (GADU) enviou o Anjo Gabriel ... a Maria e este afirmou que ela ficaria grávida, e no versículo 36 o anjo afirma que Isabel, prima de Maria estava grávida de (6) seis meses, ora, então, que nasceu em dezembro foi João o primo de Jesus. Sexto mês calendário judaíco é Elul, mais ou menos o nosso mês de setembro (Neemias.6:15), logo, Jesus provavelmente nasceu entre a último semana de maio e primeiro de junho. Isto é, se contar noves meses a partir de setembro, dás-se em maio, - e se contar a partir de outubro , dá-se em junho. Todos os teólogos e exegetas concordam com essa informação. Portanto, Jesus não nasceu em dezembro de hipótese alguma. E Jesus Cristo, não é uma personificação do deus Sol, ele é Deus, o Verbo encarnado conforme o L.'.S.'. de São João Cap. 1: 1-5 "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens; e a luz resplandece em trevas, e as trevas não a compreenderam."
Tr.'.Fr.'.A.'.
José Lopes.'. de Oliveira
APr.'.M.'. - Teólogo - Téc. em Seg. Trab. - Pedagogo - Psicopedagogo - Me em Ciência da Educação
"Assim como Jesus, Mitra, Osíris, Tamus, Adônis, Baco, Apolo, Manu, Buda, Agni nasce em 25 de dezembro ou próximo do solstício de inverno para o hemisfério norte. E, como os demais é com efeito, uma personificação do deus Sol, nasce numa gruta e tem como mãe uma virgem".
ResponderExcluirNeste parágrafo há um equivoco. Pois segundo o L.'.S.'. Jesus não nasceu em dezembro. Evangelho de Lucas Cap. 1;v26ss, diz que no sexto mês Deus (GADU) enviou o Anjo Gabriel ... a Maria e este afirmou que ela ficaria grávida, e no versículo 36 o anjo afirma que Isabel, prima de Maria estava grávida de (6) seis meses, ora, então, que nasceu em dezembro foi João o primo de Jesus. Sexto mês calendário judaíco é Elul, mais ou menos o nosso mês de setembro (Neemias.6:15), logo, Jesus provavelmente nasceu entre a último semana de maio e primeiro de junho. Isto é, se contar noves meses a partir de setembro, dás-se em maio, - e se contar a partir de outubro , dá-se em junho. Todos os teólogos e exegetas concordam com essa informação. Portanto, Jesus não nasceu em dezembro de hipótese alguma. E Jesus Cristo, não é uma personificação do deus Sol, ele é Deus, o Verbo encarnado conforme o L.'.S.'. de São João Cap. 1: 1-5 "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens; e a luz resplandece em trevas, e as trevas não a compreenderam."
Tr.'.Fr.'.A.'.
José Lopes.'. de Oliveira
APr.'.M.'. - Teólogo - Téc. em Seg. Trab. - Pedagogo - Psicopedagogo - Me em Ciência da Educação