Deste
importante instrumento simbólico no Rito Escocês Antigo e Aceito, extrairemos
as duas principais lições práticas, que são as seguintes.
PRIMEIRA LIÇÃO
A
origem da palavra régua é francesa (règle) e significa “lei ou regra”. Trata-se
de um instrumento cuja primeira ideia que nos impõe é a do traçado reto e de
medida. Junto ao Malho e o Cinzel, a Régua completa os instrumentos de trabalho
do aprendiz maçom. Elá servirá para medir e traçar sobre a pedra bruta o corte
a ser efetuado. De nada nos serve o Cinzel, símbolo da razão e discernimento, e
do Malho, símbolo da vontade, determinação e força executiva, sem as
propriedades diretivas da régua. Sem diretrizes podemos fazer com que nossa
pedra bruta torne-se mais irregular ainda.
O
traço de retidão é visto de uma maneira muita rígida nos ensinos orientais. No
budismo, o Iluminado traçou aos seus discípulos os Oito Caminhos Nobres.
“Compreensão correta, Pensamento correto, Linguagem correta, Comportamento
correto, Modo de vida correto, Esforço correto, Desígnio correto, Meditação
correta”. Buda traçou com sua régua o código para que seus seguidores evitassem
dissabores e tristezas no caminho da vida.
Analogamente,
todo credo, nação ou instituição depende de regras para sua identidade e
funcionamento. Sem critérios, a vida seria por demais defeituosa e complicada.
Daí a necessidade que o homem teve em estabelecer leis e padrões de conduta que
norteassem suas ambições. Isso nos faz lembrar da maior lição sobre a régua já
registrada pela história.
Após
400 anos escravizados pelos egípcios, o povo judeu foi libertado por Moisés que
prometeu guiá-los de volta à terra prometida (palestina). Moisés, homem educado
na corte egípcia, entendia que depois de 400 anos como escravos, os israelitas
haviam perdido sua identidade como nação. O judeu era simplesmente um povo sem
lei. Moisés receava o efeito catastrófico que seria adentrar a palestina com um
grupo de mais de dois milhões de pessoas desorganizadas, sem regras e
princípios. O resultado óbvio seria a auto-aniquilação daquele povo em disputas
por terras e sucessão do poder. Revelando-se um grande estrategista, ao sair do
Egito, Moisés acampou com todo o povo ao pé do Monte Sinai e fez o uso da
régua. Criou o código civil, o código penal, o direito de família, leis
ambientais e de uso da terra, leis religiosas, código sanitário, realizou o
censo, dividiu o povo em tribos, instituiu hierarquia de comando, criou um
exército de 605.550 homens e para coroar sua gestão, entregou os Dez
Mandamentos, supostamente escrito pelo próprio Deus, que equivaleria hoje à
nossa constituição.
Moisés
havia feito o uso da régua, mais sabia que faltava o uso do cinzel e do malho.
Por isso ainda não permitiu que o povo entrasse na palestina logo após a
criação das leis, mas obrigou-os a viver como nômades durante 40 anos, pela
orla do deserto na Península do Sinai, até que entendessem as regras criadas.
Esses 40 anos foi o período necessário para se lapidar a pedra bruta desta
nação, antes que finalmente entrassem na terra há tanto tempo prometida.
Hoje
vivemos em uma sociedade com excesso de regulamentação, um emaranhado de leis
que vai do direito internacional às regras de trânsito. No entanto presenciamos
constantemente nosso governo, grandes corporações e até simples funcionários
usando as leis existentes para cometer injustiças através de manobras jurídicas
e “Litigâncias de Má Fé”.
Nem
tudo que e legal é justo. Por este motivo o maçom tem como responsabilidade
traçar para si padrões ou “standards” não apenas baseados nas leis, mais
principalmente na justiça irrestrita.
Sobre
a primeira lição, ficam algumas perguntas para reflexão:
Estou
traçando critérios para meu o aperfeiçoamento pessoal? Para o aperfeiçoamento
de meus filhos, Subordinados e pessoas pelas quais tenho alguma
responsabilidade?
Esses
critérios são baseados na justiça irrestrita ou nas minhas ambições pessoais?
Como
maçom, seria capaz de abrir mão de um direito garantido por lei, uma vez que
entendesse que esse causaria dano ou injustiça ao meu próximo?
SEGUNDA LIÇÃO
A
segunda lição prática do nosso estudo é sobre as 24 polegadas da régua que
representa o total de horas de um dia. Lembra que o dia deve ser vivido com
critério dividido entre o trabalho, laser, espiritualidade e o descanso físico
e mental.
O
filósofo grego Demócrito, do século V a.C, escreveu, - “Ocupe-se de pouco para
ser feliz”. Demócrito não pregava a ociosidade, mas sim a administração do
tempo. Dizia que uma única coisa deveria ser feita por vez. Hoje vivemos na era da hiperatividade e da
multitarefa. A dinâmica do trabalho na vida moderna nos exige cada vez mais
padrões de eficiência e resultado.
Em
nome da competitividade, somos obrigados ainda a consumir enormes quantidades
de informações. Política, mercado, informações técnicas, MBA´s, segundas
línguas, cursos de especialização, seminários, etc. Uma única edição de domingo
da “Folha de São Paulo” contém mais informação do que um leitor médio
encontraria durante toda a vida no século XVII.
As
novas tecnologias de informação como celular, e-mail, internet, palm-top e
outros, ao invés de proporcionar mais tempo livre, nos tornam escravos em tempo
integral. Somem-se ao trabalho todos os outros papeis que temos que cumprir.
Somos filhos, pais, cônjuges, irmãos, amigos, membros de uma igreja e maçons.
Como reagir diante deste caos de demandas simultâneas?
A
Dra. Yuhong Jiang, pesquisadora da Universidade de Harvard – E.U.A. vem
reafirmar hoje o ensinamento feito por Demócrito 2.500 anos atrás. Seu trabalho
científico mostra que o cérebro humano é incapaz de processar duas coisas ao
mesmo tempo. O cérebro é capaz de receber estímulos simultâneos, mas não é
capaz de tomar decisões simultâneas. Ao receber múltiplas demandas, o cérebro
sofre alterações orgânicas e entra em exaustão. Por tempo prolongado, os danos
são catastróficos: Estresse, depressão, síndrome do pânico, psicoses, insônia,
mialgias, doenças gastrintestinais, alteração de pressão arterial, etc.
A
administração do tempo expressa na lição das 24 polegadas nunca foi tão
necessária como hoje em nossos dias. Para sermos felizes temos que reconhecer e
aceitar nossos limites, aprender a dizer não. Eliminar atividades
desperdiçadoras de tempo. Estabelecer metas para vida e realizá-las em ordem de
prioridade.
Para
finalizar este estudo, sito as palavras do Reis Salomão, uma das figuras mais
estudadas pela maçonaria. Em uma época quando ainda não havia televisões,
celulares, computadores nem flutuações de câmbio, este filósofo escreveu:
Existe
um tempo próprio para tudo,
E
há uma época para cada coisa debaixo do céu:
Um
tempo para nascer e um tempo para morrer;
Um
tempo para plantar e um tempo para colher o que se semeou;
Um
tempo para matar, um tempo para curar as feridas;
Um
tempo para destruir e outro para reconstruir;
Um
tempo para chorar e um tempo para rir;
Um
tempo para se lamentar e outro para dançar de alegria;
Um
tempo para espalhar pedras, um tempo para juntá-las;
Um
tempo para abraçar, e um tempo para afastar-se;
Um
tempo para procurar e outro para perder;
Um
tempo para armazenar e um para distribuir;
Um
tempo para rasgar e outro para coser;
Um
tempo para estar calado e outro tempo para falar;
Um
tempo para amar, e um tempo para odiar;
Um
tempo para a guerra, e um tempo para a paz.
POR IR.’. ÁLVARO BOTELHO REIS
ARLS Deus, Justiça e Amor - Sumaré/SP, Brasil
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