Na Cripta dos Grandes
Filósofos iremos encontrar oito colunas, sobre as quais oito bustos,
representando os fundadores das grandes religiões que orientam o espírito
humano foram colocados.
Numa nona coluna, o resultado
final dos ensinamentos desses grandes construtores do espírito universal é
demonstrado pelo aparecimento da Estrela, que é Gnose, Iluminação, Sabedoria,
como a demonstrar que tudo que procuramos, seja qual for à religião que
adotemos, é simplesmente a Verdade.
Confúcio
A verdade pode assumir muitas
faces e pode ser buscada por variados caminhos. Assim, ela pode ser atingida
através da doutrina de Confúcio, cujo núcleo fundamental era o respeito à
hierarquia, à ordem estabelecida, à cultura dos ancestrais, como verdadeiro
caminho para se possa obter a retidão do caráter e o aprimoramento do espírito.
Confúcio (Kung-fu-tzu), nasceu
provavelmente em 551 a.C., no antigo principado de Lu, na moderna Xantum, nobre
descendente do clã dos Kong. Mesmo sendo de origem nobre, parece que a sua
família era bastante humilde.
Era conhecido como sendo um
homem educado, cortês e justo. Casou-se muito jovem e entrou para a
administração pública. Por sua rematada sabedoria, logo alcançou o cargo de
ministro da justiça.
Mas logo se cansou da vida de
Ministro e por não concordar com algumas das práticas utilizadas pelo Imperador
na distribuição da Justiça logo abandonou o cargo. Trocou a vida política pelo
ensino, tornando-se famoso como professor.
Com 35 anos de idade se viu
forçado a voltar para as lides políticas em consequência de uma guerra civil.
Chamado pelo novo Imperador para seu ser conselheiro, Confúcio começou aí a sua
carreira de filósofo, divulgando os seus pensamentos acerca de moral e
política, reunindo muito discípulos em volta de si.
Viajou por toda a China divulgando
sua doutrina. Todos se admiravam com a sua sabedoria e a sua moral inatacável.
Não obstante, as disputas políticas e as rivalidades intelectuais acabaram por
envolvê-lo em inúmeras querelas. Por isso foi preso várias vezes e submetido
inclusive a duras torturas físicas e morais. No entanto, suas ideias
expandiram-se por toda a China e fora dela. Sua doutrina serviu de fundamento
para diversos sistemas políticos e morais durante todo o período imperial
chinês. Por isso Confúcio é saudado, ainda hoje, como um dos grandes
construtores do espírito universal. Morreu em 479 a C.
Zoroastro ou Zaratustra
Zoroastro, ou Zaratustra,
segundo a tradição, nasceu de uma
virgem. Dizem que a natureza ficou tão feliz com sua vinda ao mundo que durante
três dias o sol não se pôs. Dizem que desde a mais tenra idade ele possuía uma sabedoria
extraordinária que se manifestava em sua conversação e em sua maneira de ser.
Aos sete anos descobriu que no cultivo do silêncio estava o principio da
sabedoria. Vários sábios profetizaram a sua vinda para o cumprimento de uma
missão divina. Ficou conhecido pela bondade com que tratava a todos,
indistintamente, fossem eles pobres, ricos, jovens, nobres, plebeus, anciãos,
enfermos e animais.
Aos 20 anos retirou-se para
uma montanha e passou a viver em uma caverna. Conta-se que foi várias vezes
tentado pelo demônio e o venceu. Depois de sete anos de solidão e vida ascética
voltou para a cidade, onde começou a ensinar ao povo a doutrina das sete ideias.
Essas ideias, que comportavam os sete passos para se atingir a luz da
iluminação, seriam o cerne da nova religião que os persas adotariam no futuro.
Essa religião era o Mazdeísmo, cuja doutrina se centrava na eterna luta entre
dois princípios contrários, a luz e as trevas, representadas por dois deuses, o
do mal, Arimã, e o do bem, Ormuz.
A doutrina de Zaratustra ensina que antes de o
mundo existir, reinavam dois espíritos ou princípios antagônicos: os espíritos
do Bem (Ahura Mazda, ou Ormuz) e do Mal (Arimã). Abaixo deles uma pleiade de
divindades menores formavam contingentes do bem e contingentes do mal. Vários
gênios e espíritos ajudavam Ormuz a governar o mundo e a combater Arimã e a
legião do mal, da mesma forma que outros tantos ajudavam Arimã na sua luta para
fazer triunfar o mal. Entre essas divindades auxiliares, a mais importante era
Mithra, um deus benéfico que exercia funções de juiz das almas.
O culto a Mithra, já no final
do século III d.C, tornou-se um dos cultos mais importantes do Império Romano.
Por sua semelhança com o Cristianismo, o Mitraísmo muitas vezes com ele foi
confundido, provocando a ira da Igreja Católica.
O deus do mal, Arimã, é
representado como uma serpente, criador de tudo que há de ruim no mundo. Crime,
mentira, dor, secas, trevas, doenças, pecados, entre outros malefícios, é
produto de Arimã. Ele é o espírito hostil, destruidor, que vive no deserto
entre sombras eternas. Ormuz, no entanto, é o Criador original, organizador do
mundo de modo perfeito. No plano cosmológico, ele é o criador do universo e da
raça humana, com poderes para sustentar e prover todos os seres, na luz e na
glória supremas.
Na doutrina de Zoroastro, Bem
e Mal não são apenas valores morais, que existem para regular a vida cotidiana
dos seres humanos. Eles são, antes disso, verdadeiros princípios cósmicos, que
estão em perpétua discórdia. A luta entre Bem e Mal originam os fenômenos da
vida do universo e da humanidade. A vitória definitiva de Ormuz sobre Arimã só
poderia ocorrer se os homens conseguissem formar uma legião de seguidores e
servidores, forte o bastante para vencer o Espírito Hostil e expurgar o Mal do
universo. Essa era missão de Zoroastro.
De acordo com os ensinamentos
de Zoroastro, o mundo duraria doze mil anos. No fim de nove mil anos, ele viria
outra vez ao mundo como um sinal e uma promessa de redenção final para aqueles
que professassem a verdadeira doutrina. Mas antes da sua vinda, um precursor o
precederia para preparar-lhe o caminho.
A ideia de um julgamento
final, com a condenação dos maus e a salvação dos bons já está presente na
doutrina de Zoroastro. Nela também está presente a noção da ressurreição.
No final dos tempos haveria o
julgamento derradeiro de todas as almas e a ressurreição dos mortos. Não fica
claro se o inferno tem duração eterna, se os maus se agitarão eternamente
"nas trevas". Nos Gathas, cantos de Zaratustra, consta também que o
mal poderia ser banido para sempre do universo, com o nascimento de um novo
mundo, física e espiritualmente perfeito, aqui na Terra.
Não seria possível, assim, a
coexistência de um mundo físico degradado e um mundo hiper-físico
perfeito.
A doutrina de Zoroastro
propugna por um equilíbrio perfeito entre o homem e a natureza. Aconselha que
tenhamos o devido respeito para com a terra, a água, o ar, o fogo e a
comunidade. O cultivo de uma boa mente, através das palavras e ações boas é de
livre escolha do homem: o indivíduo tem livre arbítrio para decidir o que deve
fazer em face das circunstâncias que se apresentam para ele. O bom resultado é
consequência de uma adequada reflexão a respeito de cada ação que devemos
fazer.
E isso faz surgir uma
responsabilidade social que nos torna colaboradores de Deus no projeto que Ele
se propôs desenvolver para o mundo. Por isso, os principais mandamentos para
que se possa ter uma vida correta são: falar a verdade, cumprir com o prometido
e não contrair dívidas. O homem deve tratar o outro da mesma forma que deseja
ser tratado. Daí a regra de ouro do Mazdeísmo: "Age com os outros como
gostarias que agissem contigo".
O Mazdeísmo, como se pode perceber, foi o precursor
do Cristianismo. Nele encontraremos a maioria dos pressupostos doutrinários que
Jesus ensinou aos seus discípulos. Nos primeiros anos do Cristianismo, quando a
doutrina de Zoroastro competia com o Cristianismo, muitos foram os conflitos
entre os adeptos de uma e de outra religião. A vitória final dos bispos de Roma
empurrou para o rol das heresias a maior parte desses ensinamentos, omitindo o
fato de que as doutrinas que eles estavam defendendo eram, em sua grande
maioria, oriundas do Zoroastrismo.
E para quem percorreu conosco
o labirinto das tradições maçônicas, não será difícil entender a razão de
alguns setores dessa mesma Igreja olharem com desconfiança a Maçonaria, pois
ela tem muito do Zoroastrismo.
A doutrina de Zoroastro está
contida no compêndio conhecido como Zend Avesta, conjunto de cinco livros que
significam “comentários sobre o conhecimento”.
Sidarta Gautama, o Buda
Não menos correto estava em
seu caminho o grande Sidarta Gautama, príncipe indiano que se despiu da
importância que tinha como Brâmane e renunciou a todo o conforto da sua alta
estirpe para se tornar um monge mendicante.
Assim fez por que entendia que
a iluminação procurada pelo espírito humano só poderia ser alcançada se ele se
despisse de todos os desejos da carne, responsáveis pelo seu apego à matéria.
Sidarta Gautama alcançou,
ainda em vida, o Nirvana, que é o estado do completo esvaziamento do Ego. Fez
isso através de uma vida de meditação e prática ascética, criando uma doutrina
e um modo de viver que é seguido hoje por um quarto da população do mundo.
Sidarta nasceu de família
nobre, provavelmente no ano de 560 a C. Era filho de um rei do povo Sakhya
(razão pela qual seu nome verdadeiro era Sakhya Muni). Esse povo habitava a
região da fronteira entre a Índia e o Nepal. Foi contemporâneo de grandes nomes
da filosofia tais como Heráclito, Pitágoras, Zoroastro, Confúcio e Lao-Tsé.
Sidarta viveu confortavelmente em seu
palácio até os trinta anos de idade. Casou-se, teve um filho e nada prenunciava
que não viesse a ser rei de seu povo. Criado de forma reclusa, como era
tradição naqueles tempos e lugares, Sidarta tinha pouco contato com o mundo. Um
dia, andando pela cidade, fugindo da rotina do palácio, ele viu três coisas que
mudaram a sua visão do mundo: a primeira foi um ancião encurvado que não
conseguia andar e se apoiava num bastão; a segunda um indivíduo que agonizava
em meio a terríveis dores devido a uma doença, e por último um cadáver
envolvido numa mortalha.
Foram esses três eventos que o fizeram ver a
triste realidade em que o ser humano está envolvido: a velhice, a doença e a
morte. A essas três realidades ele chamou de “as três marcas da
impermanência".
Essa visão o abalou
profundamente e ele passou a ver a vida de outra maneira. Pensando nessas
coisas teve uma visão. Viu um Sadhu (monge eremita errante) pedindo esmolas.
Seu rosto irradiava uma paz profunda e ele mantinha uma dignidade
impressionante. Isso o impressionou de tal modo que ele decidiu renunciar à sua
vida de príncipe e dedicar – se à busca da verdade.
Sidarta Gautama abandonou o
palácio e tornou-se um asceta mendicante. E assim viveu durante sete anos
tentando entender a razão dos sofrimentos humanos. Um dia, cansado de suas peregrinações, sentou
ao pé de uma figueira e resolveu que não sairia de lá enquanto não tivesse
alcançado a iluminação. Lá ficou durante 49 dias, meditando, amortecendo todos
os sentidos, até encontrar o nada psíquico, onde todos os desejos desaparecem.
Assim ficou até atingir a Iluminação, estado chamado de Nirvana, aniquilamento
total do Eu.
A partir dessa conquista e da
descrição do que ela significava, Sidarta foi chamado de Buda (o que despertou)
ou Shakyamuni (o sábio dos shakyas). A doutrina que nasceu de suas experiências
ficou conhecida como o Caminho do Meio, ou simplesmente o Dharma (a lei).
Depois disso Sidarta, agora conhecido como Buda, O Iluminado, dedicou-se a
ensinar os seus discípulos o caminho da Iluminação.
Moisés
Saudemos a Moisés, pois com o
caminho que ele abriu para os judeus e para os povos que adotaram a religião
mosaica, um novo conceito de viver e honrar o Grande Arquiteto do Universo foi
ensinado à humanidade.
Pois foi ele que intuiu o
conceito da unidade morfológica do universo e o manifestou através da ideia de
um Deus universal e único. O espírito humano, fragmentado e disperso, torna-se
escravo da ignorância e da tirania, e é exatamente isso o que a grande saga dos
hebreus, libertos por Moisés do cativeiro egípcio, está a nos inspirar.
Ela é uma grande jornada em
busca da unificação espiritual. Esse é o grande Mistério contido no Inefável
Nome de Deus, e é por isso também que o magistério maçônico tanto se vale das
fontes bíblicas como inspiração desses ensinamentos.[1]
Hermes Trismegistus
Em seguida temos o lendário
Hermes Trismegistos, tido como fundador das primeiras civilizações instaladas
na terra. Hermes é associado também ao deus Toth e Osíris, sendo crença geral
dos antigos egípcios que eram todos a mesma entidade, vinda ao mundo em
diferentes etapas da humanidade e para diferentes propósitos.
Hermes teria ensinado aos
seres humanos não só os rudimentos das suas ciências, mas também uma sabedoria
secreta que somente alguns iniciados poderiam conhecer. Por isso essa ciência
ficou conhecida como hermética e a Maçonaria, dada a sua própria característica
de doutrina iniciativa, contém um forte apelo a esse tipo de doutrina.
Hermes Trismegisto (Hermes Trismegistus em
latim), significa três vezes grande. Esse é o nome dado pelos filósofos
neoplatônicos, e também pelos gnósticos e alquimistas, ao deus egípcio Thoth,
que na Grécia foi identifi-cado com o deus grego Hermes. Tanto no Egito como na
Grécia esses deuses eram identificados com a escrita e a magia.
Na cultura egípcia Toth simbolizava a lógica
organizada do universo. Por isso os sacerdotes egípcios o identificavam aos
ciclos lunares, cujas fases expressavam a harmonia universal. Nos escritos
egípcios ele é referido como sendo "três vezes grande". Patrocinava a
escrita e a filosofia, sendo naturalmente identificado com o Hermes grego, que
também tinha essa prerrogativa.
Na hagiografia greco-romana,
Hermes tornou-se "escriba e mensageiro dos deuses", enquanto no
Egito, na época helênica, era tido como o autor de um conjunto de textos
sagrados, chamados "herméticos", contendo ensinamentos esotéricos
sobre artes, ciências, religião e filosofia. Esse conjunto de ensinamentos
ficou conhecido como Corpus Hermeticum, e quem os adquirisse alcançaria a
chamada iluminação, obtida através do conhecimento das coisas divinas.
Os escritos herméticos foram a
base para a doutrina que viria depois, com o advento do Cristianismo, chamada
Gnose. É evidente que o conjunto de livros denominado Corpus Herméticum foram
escritos por várias pessoas, mas como representam um corpo doutrinário único,
eles foram atribuídos ao grande deus da sabedoria.
O Corpus Hermeticum foi escrito provavelmente
entre os séculos I, II e III, da nossa
era. E como já dissemos, foi a fonte de inspiração do pensamento hermético e
neoplatônico renascentista que se se convencionou chamar de Gnose. Na época
veiculou-se a ideia de o Corpus Herméticum seria mais antigo que a Biblia
Sagrada, anterior inclusive a Moisés e que nele estivesse contido também as
raízes do Cristianismo.
Clemente de Alexandria, um mais famosos
bispos da Igreja Romana, que viveu nos primeiros séculos do Cristianismo,
afirmava que o Corpus Herméticum era composto originalmente de 42 livros
subdivididos em seis conjuntos.
O primeiro conjunto tratava da
educação dos sacerdotes; o segundo, dos rituais do templo; o terceiro falava de
geologia, geografia botânica e agricultura; o quarto, tratava de astronomia,
astrologia, matemática e arquitetura; o quinto era dedicado aos hinos que
louvavam aos deuses e era também um guia de ação política para aqueles que
detinham autoridade; o sexto tratava de medicina.
Costumava-se creditar também a
Hermes Trismegisto o Livro dos Mortos, tratado egípcio que ensina como as almas
devem se portar perante o julgamento no Tribunal de Osíris. Além disso, Hermes
teria sido também o fundador da alquimia, através do famoso texto alquímico
conhecido como "A Tábua de Esmeralda".
Platão
Entre os filósofos da Cripta
encontraremos também o grego Platão. Ao contrário dos demais, Platão não fundou
uma religião e sua inclusão nesse seleto rol seria injustificada não fosse ele
o organizador das ideias do grande Sócrates. Este, embora também não tenha
fundado nenhuma religião, foi o pioneiro entre os pesquisadores da psique
humana. Seu trabalho abriu caminho para o entendimento de como a mente humana
funciona e como ela pode ser construída a partir de certo modo de pensar e agir.
Entendendo a verdadeira natureza das entidades ontológicas que influenciam o
espírito humano, entidades essas que exprimimos através de conceitos (bom, mau,
belo, feio, justo, injusto, verdadeiro, falso, etc.), e vivendo de forma
adequada com esses conceitos, é possível chegar ao conhecimento da Verdade.
Platão nasceu em Atenas, em 428 ou 427 a.C.,
filho de pais aristocráticos e abastados, de antiga e nobre família. Tinha um
temperamento educado para as artes e para a filosofia, característica dos gregos
bem educados. Na sua mocidade, cultivou a poesia e a retórica, atividades que
nunca abandonou durante a vida toda, e que muito o ajudou na expressão estética
que deu aos seus escritos.
Aos vinte anos, Platão tornou-se discípulo de
Sócrates – então já com quase sessenta anos. Por oito anos estudou com o grande
mestre. Estudou também os outros filósofos, anteriores a Sócrates, e depois da
morte deste, Platão foi estudar com Euclides, que então mantinha uma famosa
academia em Mégara.
De volta a Atenas, em 387 a C, Platão fundou a
sua famosa escola nos jardins de Academo, razão pela ela ficou famosa com o
nome de Academia.
Platão nos legou uma vasta obra literária. A
parte mais importante dessa obra é representada pelos diálogos, composição
discursiva em que ele mostra a evolução do seu pensamento, desde os tempos em
que era discípulo de Sócrates, passando por sua fase com Euclides, até chegar
ao início do aristotelismo.
A filosofia de Sócrates, absorvida por
Platão, tem um fim prático e se destina a desenvolver a moral do ser humano.
Todavia, Platão amplia o campo
de investigação de Sócrates, limitado a mera pesquisa filosófica, conceptual, e
a leva para campo antropológico e moral. Mais ainda, estende-a para o campo
metafísico e cosmológico, abrangendo toda a realidade fenomênica do mundo.
O pensamento de Platão parte do conhecimento
empírico, sensível, integrando a opinião do povo e as conclusões dos sofistas,
para chegar a um conhecimento intelectual, conceptual, universal e imutável das
realidades universais. Chama a isso gnosiologia. Mas, diferentemente dos
gnósticos, que mais tarde utilizariam suas conclusões para justificar seus
postulados, a Gnose de Platão tem caráter científico, lógico, fundamentada mais
em axiomas deduzidos de raciocínios silogísticos, bem à moda de Aristóteles e
os sofistas.
Platão, e depois dele, Aristóteles, lançaram
as bases do pensamento científico, que após esses dois espíritos luminares, só
viriam a ser confrontados por Descartes. Esse pensamento corresponde à noção,
bastante objetiva, de que o conhecimento só pode ser entendido como tal se
corresponder à realidade. Ou seja, conhecimento que não pode ser comprovado
empiricamente corresponde ao mundo das ideias, ou conceitos abstratos e
imperfeitos que não podem ser materializados, e por isso mesmo impossíveis de
serem conhecidos verdadeiramente.
Ainda assim, Platão não descarta a existência
de um mundo sobrenatural que se sobrepõe ao mundo das ideias e das substâncias
prováveis e cognoscíveis através da razão. Esse mundo situa-se num território
entre o mundo das ideias e a matéria manifestada. Nesse território
intermediário estão o Demiurgo e as almas, através dos quais tudo no mundo se
manifesta.
O sistema platônico se unifica na ideia do
Bem. O Bem é a realidade suprema, da qual dependem todas as demais ideias e
todos os valores cultivados pelo homem, (valores éticos, lógicos e estéticos)
que constituem o conjunto que formata o “ser”.
A filosofia de Platão, como se pode perceber,
encontra eco profundo na filosofia maçônica, no sentido de que não se formata
um “ser” sem que se cultive de um lado as qualidades morais e de outro os
atributos espirituais. Um e outro são componentes da natureza humana e não
podem ser desenvolvidos separadamente. Dai o mundo platônico ser constituído
por dois princípios que parecem opostos, como a ideia e a matéria, mas isso é
só uma ilusão dos nossos sentidos. Aprender a unificar a realidade é construir
o universo. Isso é o que se propõem fazer os Obreiros do Universo, que são os
maçons.
Jesus de Nazaré
Em seguida vem o nosso Mestre
Jesus de Nazaré. Deste, que deu contornos universais ao conceito do Deus Único
expresso por Moisés, pouco precisamos falar nesse resumo. O magistério maçônico
é essencialmente um magistério cristão, ainda que em muitas das suas alegorias
os antigos conceitos defendidos pelas religiões solares estejam presentes. Mas
Jesus de Nazaré condensa em sua figura ímpar todas as virtudes dos deuses
antigos e ele mesmo resume a Verdade procurada pelo Espírito Humano: a
aquisição da Luz pela prática do Amor. Sua história e sua obra são por demais
conhecidas e não vemos necessidade de comentá-la aqui. [2]
Maomé
Por fim, temos o grande
profeta árabe, fundador da religião dos muçulmanos, praticada por milhões de
pessoas no mundo inteiro. Para Maomé o mundo é Islam, o mundo de Deus,
universal e único, e deve, ao final, unir-se num único pensamento e num único
gesto, realizando a doutrina da comunhão universal intuída por Moisés e pregada
por Jesus de Nazaré.
Maomé nasceu em Meca, Arábia
Saudita, no ano de 570 era Cristã. Sua família pertencia ao clã dos Hachemitas,
da tribo dos Coraixitas. Como era costume da terra naqueles dias, foi entregue
a uma família beduína para aprender a viver no deserto e se tornar um
verdadeiro árabe. Maomé foi então criado por beduínos.
Em Meca existia o santuário da religião árabe
daquele época, denominado Caaba (Cubo). A Caaba era o santuário venerado por
todas as tribos árabes, que a ela faziam uma peregrinação anual. Dentro da
Caaba se encontrava a Pedra Negra (um meteorito) e uma série de ídolos,
representando uma série de deusas e de deuses adorados pelas diversas tribos
árabes. Os patrícios de Maomé, da tribo dos coraixitas, acreditavam no Deus
único dos judeus, o qual tinham por
fundador da Caaba.
Durante a adolescência Maomé foi pastor e
também mercador, acompanhando o seu tio em expedições comerciais à Síria,
Palestina e outros países do Oriente Médio. Segundo a tradição, quando Maomé
regressava de uma de suas viagens encontrou no caminho um eremita cristão
chamado Bahira que profetizou ser ele o enviado de Deus que os árabes
aguardavam. E foi então que ele começou a pregar a doutrina do Islam, e se
tornou o profeta de Alá.
Eis, portanto, nesse resumo, o
que significa a Gruta dos Grandes Filósofos. Nela também poderiam estar
Lao-Tsé, fundador do Taoísmo, e outros grandes filósofos que com suas teorias e
doutrinas ajudaram a construir o espírito humano. Essas doutrinas e ideias
foram evocadas e discutidas ao longo dos graus pelos quais o Irmão passou para
chegar até aqui.
Quem bem compreendeu esse
ensinamento sabe a razão dessas alegorias. E se devidamente as compreendeu sabe
agora o que verdadeiramente significa ser um maçom, e pode, finalmente, saber o
verdadeiro significado da Estrela.
[1] A história de Moisés e sua
conexão simbólica e iniciática com a Maçonaria já foi tratada no contexto desta
obra, razão pela qual, a biografia do grande líder dos hebreus e iniciador da
verdadeira Maçonaria não será desenvolvida com mais pormenores aqui.
[2] Recomendamos a leitura da
nossa obra “O Filho do Homem”, São Paulo, Ed. Scortecci, 2009
DO LIVRO ",MESTRES DO
UNIVERSO"- ED. 24X7- 2010
1 Comentários
Excelente,magnifico,peofundamente esclarecedor
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