Por Ir.'. João Anatalino
Giordano
Bruno, o Gnóstico.
Giordano
Bruno (1548-1600) foi o grande mago da Renascença. Seu trabalho tinha em mente
a criação de um vasto sistema de pensamento, com o objetivo de revalorizar as
religiões solares, cuja metafísica ele julgava superior á do Cristianismo. Em
muitos aspectos, ele foi o precursor do movimento rosa-cruz que encantou a
intelectualidade europeia na segunda metade do século XVI e começos do século
XVII.
No começo do ano 1583 de Giordano Bruno 1583 visitou a Inglaterra para
realizar, na Universidade de Oxford, uma série de conferências. Do grupo que
participou dos debates faziam parte dois outros notáveis hermetistas, tidos
como magos e alquimistas, chamados Jonh Dee e Philip Sidney. Estes dois respeitados
senhores faziam parte de um círculo de intelectuais que exercia notável
influência na cultura e na política inglesa. John Dee, especialmente, era o
conselheiro particular da Rainha Elisabeth I.
Eles ouviram o famoso mago italiano dissertar sobre a excelência e a
superioridade da antiga religião egípcia e por certo devem ter ficado
fascinados. Ali estava um intelectual, doutor em filosofia, professor dos mais
respeitados em toda Europa, naquele santuário da ortodoxia religiosa que era
Oxford, em pleno desenvolvimento da Contra Reforma Religiosa, pregando a
superioridade de uma religião pagã, fundamentada sobre um panteísmo obscuro,
sobre as excelências da religião de Cristo!
E mais: dizendo que nenhuma fé podia superar, na salvação da alma, o conhecimento
das realidades divinas, conhecimento esse que só podia ser obtido através da Gnose,
ou da iniciação nos mistérios de uma religião pagã!
Assim, o que Bruno estava pregando era nada mais nada menos do que
uma nova Gnose. Ou seja, um tipo de doutrina que a Igreja de Roma havia
condenado no Concílio de Nicéia em 365 da Era Cristã. E por conta disso já
havia condenado milhares de almas á fogueira por ousarem contrariar o Credo de
Nicéia, única e verdadeira doutrina que no entender de Roma, devia ser seguida.
Bruno,
o panteísta
Contrastando
tudo isso, aparece o Nolano, como Bruno era chamado, dizendo que as religiões
pagãs da antiguidade eram muito mais espiritualizadas que o cristianismo
pregado pelo Vaticano. O Deus de Bruno era o “Deus das coisas”. A
presença divina estava em tudo, como manifestação, mas não como essência, pois
a essência divina não podia ser separada da sua fonte primordial. Quer dizer:
Deus não existia como “entidade”, na forma como as doutrina judaico-cristã o
apresentava. Ela era uma espécie de energia que integrava o “espirito” de todas
as coisas, fossem elas orgânicas ou inorgânicas, e as animava, fazendo de cada
coisa, por mais ínfima que fosse, uma presença ativa e necessária ao universo,
que como dizia o grande Hermes, era um “animal único”, um corpo onde todas as
partes eram necessárias e cumpriam uma função essencial.
A
presença divina nas coisas era atributo intrínseco delas desde a sua criação e
só podia ser “despertada” por ritos de natureza mágica como os que eram
praticados no antigo Egito. Nas próprias palavras de Bruno “diversas coisas
vivas representam diversos espíritos e forças, que, além do ser absoluto que
possuem, obtém um ser comunicado a todas as coisas, segundo a sua capacidade e
medida. Por essa razão, Deus, como um todo (embora não totalmente, mas em
alguns mais, e em outros menos excelentemente), está em todas as coisas. Pois
Marte está mais eficazmente em vestígios naturais e em modos de substância,
numa víbora ou escorpião, e não menos numa cebola ou num alho, do
que em qualquer quadro ou estátua inanimada”[1]
Nesse discurso, muito á moda dos herméticos, o mago da Renascença está a dizer,
nada mais, nada menos que todas as coisas existentes no universo, cada átomo,
cada grão de poeira, cada célula dos corpos orgânicos e inorgânicos tem uma
característica individual que as identifica e as fazem necessárias na
composição do todo. O universo, na doutrina de Bruno, é uma espécie de jogo de
quebra-cabeças onde todas as peças tem um lugar específico que lhes está
destinado e a falta de qualquer uma delas, por mais insignificante que pareça
ser, torna o desenho que ele forma, incompleto.
Essa era a razão pela qual as antigas religiões, como a egípcia, via a essência
de Rá em todas as coisas, num girassol, num narciso, num galo, num leão, e
concebiam cada um de seus deuses em espécies agrupadas em gêneros de luz, pois
era graças à luz que brilhava nas coisas, ao grau de luminosidade que cada
coisa irradiava, que elas subiam mais ou menos á divindade que as presidia.
Assim se justificava a existências de tantas divindades no panteão de deuses
egípcios, pois cada um presidia uma esfera de luz.
Por isso, dizia Bruno : “ E, na verdade, eu vejo de que modo o sábio,
por esses meios, obtém o poder de fazer os deuses familiares, afáveis e
domésticos, que através das vozes saídas das estátuas enunciam conselhos,
doutrinas, adivinhações e ensinamentos sobre-humanos. Por essa razão, por ritos
mágicos e divinos, eles ascendem as alturas da divindade pela mesma escada da
natureza, graças a qual a divindade desce ás menores coisas por uma comunicação
de si mesma”[2].
Ritos, cerimônias, liturgias, eram nada mais, nada menos que fórmulas
desenvolvidas pelo espírito humano para se comunicar com essas esferas de
energia, onde cada divindade exercia seu domínio e sua influência. Por isso
Bruno dizia que os sábios, para se comunicarem com a divindade que estava
latente em todas as coisas, prestavam-lhes culto através de determinadas
cerimônias mágicas. Tais cerimônias estavam longe de ser “vãs fantasias, mas
sim, eram vozes vivas que chegavam aos próprios ouvidos dos deuses”: “Assim,”
escreve ele, “os crocodilos, os galos, as cebolas e os nabos jamais
foram adorados por si mesmos, mas sim pelos deuses e divindades que existem nos
crocodilos, nos galos e nas outras coisas, cuja divindade era, é e será
encontrada em diversos sujeitos, na medida em que são mortais, em certos tempos
e lugares, sucessivamente ou de uma só vez, o que vale dizer: a divindade que
corresponde á proximidade e familiaridade dessas coisas, não a divindade que é
altíssima, absoluta em si mesma e sem relação com as coisas que produz”[3].
Quer dizer, os animais, as coisas, os poderes da natureza, não são adorados por
eles mesmos, mas pela associação que eles tem com as divindades que as
presidem. Portanto, quem chamava as antigas religiões solares de politeístas
nada sabiam, pois os antigos não estavam adorando diversos deuses, mas
sim um único princípio que se espalhava, em diferentes medidas, por todas
aquelas representações que eles pareciam adorar.
Eis a essência do pensamento religioso desse estranho mago, um panteísmo muito
próximo da visão hinduísta da divindade. Com efeito, para a doutrina dos Vedas,
Deus está em todas as coisas como manifestação, mas está fora delas como “ser”.
Não se realiza no homem um deus como “ser”, porque este é absoluto em si mesmo
e embora tenha conferido divindade a todas as coisas em diferentes graus,
tempos e lugares, Ele não interfere no destino de sua criação, porque esta tem
suas próprias leis de desenvolvimento e integração ao todo universal.[4]
O que confere diferentes graus de divindade ás coisas é a presença de “luz”
nelas. Os dois corpos luminosos mais relevantes e próximos á terra são o sol e
a lua. Neles se refletem a luminosidade da qual todas as coisas na terra se
nutrem. Segundo suas próprias palavras “ nos dois corpos que estão mais
próximos do nosso globo e divina mãe, o Sol e a Lua, eles(os deuses) concebem o
que é a vida e o que informa as coisas segundo as duas razões principais. E
entendem a vida segundo sete outras razões, distribuindo-as á sete outras
estrelas errantes, que, como no principio original e na causa fecunda, reduzem
as diferenças em espécie em cada gênero, dizendo das plantas, animais, pedras,
influências e outras coisas, que umas pertencem a Saturno, outras a Júpiter,
outras ainda, a Marte e assim por diante.[5]
Bruno adota aqui a simbologia hermética para dizer que todas as coisas
presentes no universo são feita de luz e suas diferenças, em termos de presença
divina, está na quantidade de luz que elas retém. Esses quocientes de
luminosidade estão simbolizados por deuses do panteão greco-romano, porque cada
grupo de coisas está sob a influência de um deus. Por isso se diz que certas
coisas são de Marte, outras de Vênus, outras de Saturno, outras de Netuno,
plutão e assim por diante.
Uma
reforma religiosa
Essa era, portanto, a cosmogonia de Bruno e o fundamento da reforma religiosa
da qual ele pretendia ser o arauto. Era uma reforma que devolveria a antiga
religião egípcia ao lugar de proeminência que nunca deveria ter perdido, pela
sua substituição pelo Cristianismo. A religião egípcia era a religião do
intelecto, da inteligência, da sensibilidade, já que havia evoluído, com Hermes
Trismegisto, para além do culto solar, para penetrar numa divina “mens”. Essa
religião, que era a verdadeira Gnose, seria a única capaz de unir o
profano ao sagrado e tinha sido, no seu entender, suprimida pelos “falsos
mercúrios” (os teólogos cristãos), em proveito de um pobre hermetismo cristão,
que nada mais representava que uma grosseira degeneração de uma religião
superior.
Foram sem duvida, afirmações como essas que o levaram á fogueira. Ele
acreditava que a antiga religião egípcia, por se fundamentar na adoração da
verdadeira divindade através de suas manifestações nas coisas, proporcionava um
estado ideal de ordem, harmonia e felicidade na terra, pois permitia ao homem
uma verdadeira simbiose com tudo que havia na criação. Se o elo entre tudo era
a luz, se tudo era luz, e tudo estava em tudo, então havia uma
verdadeira unidade no universo como reflexo daquele que era a Luz. Por
isso a sua melhor representação era o Sol, sendo o Sol a fonte da energia que
proporcionava a existência da vida.
A
influência na Maçonaria
Esse pensamento permitia o desenvolvimento de um governo baseado no principio
da Maat, a deusa da Justiça, pois num universo unificado não
haveria lugar para estratificações. Por outro lado, restabelecia o culto por
meio dos símbolos, tradição que a liturgia cristã havia banido, em proveito de
uma doutrina vazia de conteúdo místico, e pobre em interesse esotérico, que
constitui a essência de toda religião.
Para a Maçonaria, o interesse nas ideias de Giordano Bruno reside
principalmente no fato de que sua reforma religiosa consiste num sistema onde
os vícios são expulsos pela virtude. Isso se dá naturalmente através da atuação
dos deuses em suas respectivas áreas de influência. Bruno explica sua
cosmogonia com uma interessante metáfora. Ele diz que o movimento vicio-virtude
vai povoando o espaço á medida que os deuses reformam os céus. Por isso, a
vitória final da antiga religião, por ser uma religião baseada na virtude,
seria o corolário dessa reforma.
A reforma religiosa de Bruno é um verdadeiro discurso iniciático. Nele os
deuses, (Júpiter, Apollo, Saturno, Netuno, Isis, Marte, etc), são todos representantes
de virtudes e poderes da alma. Como o homem é uma representação do universo, (um
holom, conforme os novos gnósticos), a “ reforma dos céus”, feita
pelos deuses, reflete também no seu psiquismo. À medida que um deus, (ou uma
virtude), ocupa um dos “céus”, o universo divino se recompõe e isso ressoa
também na alma humana. Assim as diferentes personalidades na terra vão sendo
produzidas. E quando a “reforma nos céus estiver completa, o homem também será
um homem novo, reformado segundo o movimento dos deuses nos céus”.
A personalidade boa é a personalidade solar. Quando o sol ocupa o centro do
universo, isto é, quando a luz está no centro, ela se irradia por todos os
lados. Por isso, quando o universo estiver transbordando de luz, o reino da
ordem, da harmonia, da justiça e felicidade será finalmente instalado.
Bruno trabalha magistralmente os símbolos. Para explicar seu sistema moral,
inspirado no principio da Maat, as imagens das constelações no céu
representam vícios e virtudes que se digladiam para ocupar lugar no espaço. Na
época em que ele vivia ─ acreditava ele ─ os vícios estavam sendo expulsos pela
personalidade cósmica reformada. Assim, os homens deviam ajudar os deuses
repetindo esse processo aqui na terra.[6]
É possível imaginar um Jonh Dee, ou um Philip Sidney, ouvindo tais discursos e
comparando as teses de Bruno com suas próprias crenças e simbolismos ligados á
tradição alquímica. Havia muitas analogias, como o principio da transmutação,
que era o mesmo para Bruno e os alquimistas. Nada morre, nada desaparece. Tudo
se transforma. Esse era também o discurso do Corpus Hermeticum. Os
próprios homens estão sujeitos a essa lei da transformação. Por isso a
necessidade da reforma. E daí Bruno define a personalidade do novo homem
que resultaria dessa “reforma”: “serão homens necessários á comunidade,
hábeis nas ciências especulativas, cautelosos na moralidade, solícitos no zelo
e no auxílio de um ao outro, mantendo a sociedade (para a qual são
prescritas todas as leis) pela proposição de certas recompensas aos benfeitores
e pela ameaça aos criminosos de certas punições “[7]
Veja-se que a descrição do homem novo de Bruno se encaixa
perfeitamente nos moldes maçônicos. Num dos mais importantes graus do Rito
Escocês, o Grau Sete, serão exatamente essas características que serão
destacadas. E em todos os graus da Loja Simbólica e nos graus filosóficos,
principalmente, serão encarecidos aos maçons a prática de um comportamento
associado ás virtudes associadas do modelo proposto por Bruno. Serão
solicitados aos Irmãos que se dediquem ao estudo, que zelem pela moral, que
pratiquem a lealdade recíproca, e que, principalmente, tenham um grande anelo
pela prática da Justiça.
É difícil não pensar que tais influências não tenham sido pescadas diretamente
no fértil rio do pensamento bruniano. Então, prossegue o mago,”Hércules
descerá a terra para realizar as boas obras.” Quando se sabe que um
dos mais importantes graus maçônicos fundamenta seus ensinamentos nos Doze
Trabalhos de Hércules, é difícil imaginar que tal inspiração não
tenha nada a ver com essa simbologia.
Com base nas teorias de Copérnico, Bruno também recupera o valor das antigos
ritos dos caldeus, as iniciações órficas e pitagóricas; propõe a construção de
um templo da sabedoria universal, fundamentado em ideias desenvolvidas por
Galileu, Alberto Magno, Nicolau de Cusa e outros filósofos, porém sem desprezar
o esoterismo, como fizeram aqueles pensadores.
As
ideias de Giordano Bruno representaram uma grande abertura para o pensamento
místico-liberal que encantou muitas gerações de intelectuais. Até o século XIX
os liberais o adoravam. Por isso é que advogamos a influência desse grande
pensador sobre os homens que deram a Maçonaria a conformação que ela adquiriu a
partir do século XVII, quando o pensamento rosacruciano tomou de assalto as
antigas Lojas de Companheiros e as transformaram no movimento
hoje conhecido como Maçonaria moderna.
Como
se pode perceber, as correspondências simbólicas eram as mesmas. O Templo da
Sabedoria, (O Templo de Salomão), dizia Bruno, “fora construído primeiro entre
os egípcios e os caldeus, de onde os hebreus foram buscar as bases de sua
cosmogonia. Depois essa tradição passa pelos persas de Zoroastro e pelos
ginnofisistas indianos. Depois pelos trácios com Orfeu, entre os gregos com
Tales de Mileto, entre os italianos com Lucrécio, pelos alemães com Copérnico e
Alberto Magno etc.” O recurso á geometria como demonstração dos atributos da
divindade é uma das suas ferramentas. “Deus é uma esfera cujo centro está em
toda parte e cuja circunferência está em parte alguma” diz ele.
Nesse pressuposto está a definição do templo maçônico,
que corresponde a todo universo. Deus é o Uno, o Perfeito, o Número que
contém todos os números. O contato entre o profano e o divino se dá através dos
ritos apropriados que elevam o homem as alturas; ao mesmo tempo faz a divindade
descer ao mundo. A iniciação é parte desse processo; só o iniciado pode
pretender essa elevação. A Cabala é a ciência das combinações
divinas. Por ela se pode chegar ao conhecimento do Nome Inefável,
fonte da Gnosedivina. [8]
Ás
três virtudes teologais, amor esperança e caridade, que os católicos
consideravam as virtudes guias da religião, Bruno somou a mathesis e
amagia, como essenciais a esse conjunto. [9]
Eis
aí, na filosofia do mago renascentista, todo o estofo do que viria a ser, dois
séculos mais tarde, a Maçonaria, tal como a conhecemos hoje.
[1] Francês Yates- Giordano Bruno e
a Tradição Hermética pg. 238
[2] Idem
pg. 239
[3] Ibidem
pg. 240
[4] Na
filosofia aristotélica esse conceito de livre arbítrio e leis de
autodesenvolvimento é conhecido pelo termo Enteléquia.
[5] Francês
Yates, op citado, pg. 241
[6] Era
a época da Reforma Religiosa, em que o pensamento humano estava se libertando
das amarras que um credo religioso, que o havia aprisionado durante séculos,
dizia, ele. Maat é a deusa egípcia da justiça. Ela presidia a aplicação da
justiça na terra e servia como intermediária entre os deuses e homens, levando
para o céu as manifestações dos espíritos humanos e trazendo para a terra as
benesses divinas.
[7] Francês
Yates- op citado pg. 255
[8] De
acordo com a Cabala , o Inefável Nome de Deus (Tetragrammaton),
tinha quatro letras e sua luz era portada por setenta e dois anjos
(Semhamaphores) . A multidão celeste,, a partir desses portadores da luz
divina, se expandiam progressivamente a uma razão aritmética de quatro por doze
formando uma multidão inumerável. A Cabala, combinando, números e
letras, davam ao iniciado em seus mistérios todos os nomes de Deus a partir
dessa inumerável multidão, até o primeiro e Inefável Nome, geratriz
de todos os outros.
[9] Mathesis
é a ciência da contemplação.
3 Comentários
Cumprimento a Luiz Sergio Castro pela publicação e o conclamo a permanecer nesse mister de nos trazer conhecimento.
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ResponderExcluirParabéns pelo texto, o meu ex prof de filosofia da educação estuda suas obras em extensa pesquisa, abraço fraterno!
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