*Por Barbosa Nunes
Sorvete tem gosto de infância, traz saudade do tempo de criança, sabor
puro que se consome lambuzando o passado faz presença no picolé, infância tem
gosto de picolé e sorvete. Que delícia um sorvete com este calor, seguramente
um grande prazer, sensação dos nossos melhores dias.
Em nosso país tropical, a cada ano com as temperaturas aumentando, sorvete
e picolé proporcionam o prazer de se refrescar, inclusive fazendo bem para a
saúde, sendo nutritivos e alimentos completos, compostos de cálcio, proteínas, vitaminas
e gorduras.
A indústria do setor cresce em grande proporção e a todo vapor, sem
nenhuma crise, gerando milhares de empregos. A Associação Brasileira das
Indústrias e do Setor de Sorvetes – ABIS, informa que no Brasil o mercado de
sorvete em 2013, chegou a 885 milhões de litros e de picolés, mais de 200 toneladas produzidas e consumidas.
A projeção é de que estes números dobrem nos próximos 10 anos. Isto sem contar
as produções artesanais e especializadíssimo em equipamentos que disponibilizam
mais de 50 sabores.
Há seis anos, o dia 23 de setembro não é mais somente o
início da primavera, é o Dia Nacional do Sorvete, data instituída pela ABIS, com o objetivo de estimular o consumo, valorizar a composição nutricional e os seus
benefícios, marcando o inicio das
temperaturas mais quentes em nosso país.
A palavra sorvete deriva do vocábulo persa sharbat, que significa
“bebida com suco de fruta, açúcar e gelo”. No dicionário da língua portuguesa é
designação comum a várias iguarias doces, feitas de suco de frutas, leite, ovos,
chocolate e outros ingredientes congelados até adquirirem consistência
semelhante à da neve.
Nós que somos permanentes consumidores de sorvete e picolé e
com eles nos deliciamos, o fazemos nem sempre conhecendo suas origens e
histórias ao longo do tempo. Alguns historiadores atribuem a Marco Polo a
introdução do sorvete na Europa, no século XIII, quando o leite foi incorporado
nas receitas. Mas foi nos Estados Unidos que o produto se popularizou, com a
instalação da primeira sorveteria, em 1851, tornando-se sucesso e provocando
uma expansão rápida do comércio do segmento, dando assim inicio a produção.
Mas o primeiro relato vem do Oriente, contando que há mais de
três mil anos os chineses costumavam preparar uma pasta de leite de arroz
misturada a neve das geladas montanhas daquele país, provavelmente com suco de
frutas e mel. Afirmações dizem que o Imperador Nero, há cerca de 1900 anos
atrás, ordenava que seus escravos também buscassem neve, para na mistura produzir algo parecido com as
famosas raspadinhas, aqui no Brasil. Há
relatos que o verdadeiro introdutor do sorvete na Europa, foi Alexandre, o Grande, que viveu entre 356 a 323 a.C.
Com o tempo, as receitas foram sofisticando-se e com isso
surgiram na França formas especiais para congelar sorvete, chamadas
“sorbetieres”, que eram giradas até o conteúdo congelar. Em 1846 surge em Nova
Jersey, o primeiro freezer a manivela e em 1848 um outro já sendo denominado
“congelador de sorvete”.
A ideia de colocar o sorvete em casquinhas em formato de cone
e os demais, como Sundays, Banana splits, e Milk shakes, vieram dos Estados
Unidos, democratizando o produto e colocando-o ao alcance de todos.
A caminhada histórica do sorvete é de país para país, conquistando
a todos pelo seu sabor, chegando ao Brasil através dos americanos, quando um
navio daquele país aportou no Rio de Janeiro com 270 toneladas de gelo, nascendo
naquela oportunidade a possível primeira sorveteria brasileira, através de dois comerciantes que compraram o
tal carregamento de gelo e passaram a vender sorvetes de frutas, que eram
adquiridos em hora marcada.
Em 1941, o sorvete passou a ser produzido no Brasil na cidade
do Rio de Janeiro, com o selo Kibon, distribuição em 1942, com seus carrinhos
espalhando-se pelo Rio e logo depois pelo país inteiro. Antigamente, em razão
de sua difícil manipulação, era considerado privilégio o consumo de sorvetes, só
para ricos e nobres.
E o picolé? Guloseima com sabor infantil, amado por crianças e
adultos do mundo inteiro. Foi inventado justamente por uma criança. Frank
Epperson, que viveu entre 1894 a 1983. Aos 11 anos de idade, esqueceu um copo
de suco com uma colher no quintal de casa, numa noite excepcionalmente fria, em
São Francisco, em 1905. Quando acordou na manhã seguinte descobriu que o suco
havia congelado junto com a colher, que havia ficado presa, criando gelo com
sabor de frutas, ou seja, o picolé.
O suco espetado agradou aos amigos do menino, mas ele não seguiu carreira como sorveteiro, tempos depois vendo o sucesso do invento, decidiu explorar seu potencial comercial, batizando-o de “eppsicle”, um trocadilho com o nome do seu criador e a
palavra “icicle” (pingente de gelo). Depois o nome foi mudado por influência
dos seus filhos, que chamavam o picolé de “pop’s cicle” (geladinho do papai).
Epperson patenteou o “pop’s cicle” em 1924, vendendo os direitos um ano depois
para uma companhia nova-iorquina, mudando de dono outras vezes, mas sempre como uma das mais populares
produções no mundo.
O picolé ganhou o mercado depois da instalação em 1941, da
primeira fábrica de sorvete dos Estados Unidos, “U.S Harkson”, que mais tarde mudaria seu nome para “Kibon”.
O picolé é conhecido também regionalmente por sacolé, sacolete,
geladinho, gelinho, apolo, dindim, chup-chup, laranjinha e sorvete no palito. Algumas frases
divertidas sobre o picolé e sorvete :
“A vida nem sempre é doce. Mas quando é, vem no palito.”
“Não existe caminho para a felicidade. Mas o atalho é feito
de sorvete.”
“Dinheiro não compra a felicidade, mas compra sorvete, que é
quase a mesma coisa.”
Sorvete e picolé fazem bem para a saúde e podem ser
consumidos em todas as estações. Além do prazer de se refrescar com um sorvete
ou picolé, contém proteína, açúcares, gordura vegetal ou animal, vitaminas, cálcio,
fósforo e outros minerais essenciais numa nutrição balanceada. Um sorvete
possui menos calorias que um ovo frito ou um pão francês.100 gramas de sorvete de
creme possui 208 calorias, a mesma medida do pão francês tem 269 e um ovo frito
216 calorias. Estando ainda provado que o consumidor do picolé sempre faz uma
reflexão saudosa quando ele está acabando, aparecendo o palito de madeira.
Lembrem-se de mim, amigas e amigos de todos os sábados, quando
estiverem consumindo sorvete e picolé, pois eu também me lembrarei de vocês, quando estiver me deliciando, buscando
refrescar do tempo quente que estamos vivendo.
*Barbosa Nunes é Grão-Mestre Geral Adjunto do Grande Oriente do Brasil
Texto publicado originalmente no jornal Diário da Manhã de Goiânia-GO em 24/01/2015
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