Por Ir.'. Paulo Roberto - Fonte: JB News
Para
que seja bem compreendido o simbolismo maçônico, necessário se torna buscar-lhe
as fontes e encontrar-lhe as origens. Para um símbolo tão complexo como o das
Colunas B e J, seria pueril procurá-lo simplesmente na Bíblia. É mais do que
certo, então, chegar o pesquisador a conclusões erradas.
O
simbolismo maçônico formou-se, de um lado, com tudo aquilo que os Maçons
Operativos, construtores de catedrais e outros monumentos medievais, legaram
aos Maçons Especulativos. Outros símbolos foram introduzidos em nossa
Instituição por cabalistas, alquimistas, hermetistas, rosacrucianos e outros
amadores de ciências ocultas, Maçons Aceitos que pertenceram às primitivas Lojas
Especulativas.
Estes
ocultistas, dos quais existem numerosos traços nos primórdios da Maçonaria
Especulativa, transferiram para a Instituição parte do seu cerimonial e de seus
símbolos. As espadas, as velas, a câmara de reflexão, o painel da Loja, são
vestígios cabalísticos, como também as Colunas B e J. Os cabalistas
estabeleciam uma ligação entre as duas colunas e o nome de Deus. As duas
colunas eram à base de um triângulo, cujo vértice era o Altar colocado no
centro do Templo Sagrado, “como o coração é o centro do homem”. Consideravam a
Nome Divino como o “coração” do Templo. Os alquimistas legaram à Maçonaria a
sua interpretação das colunas B e J; o Sol e a Lua; o Enxofre, o Mercúrio e o
Sal, que são os três princípios da Natureza; os quatro elementos herméticos:
Ar, Água, Terra e Fogo, o VITRIOL etc. Para os alquimistas, efetivamente, as Colunas
B e J, profusamente usadas em sua iconografia, representavam os princípios
Fêmea e Macho, respectivamente, o que está de acordo com as explicações
fornecidas pelo Ir.: Adolfo Terrones Benitez. O Sol e a Lua tinham o mesmo
sentido, mas representavam também o ouro e a prata. Para os hermetistas, o
Enxofre era o princípio macho, o Mercúrio, o princípio fêmea e o Sal
representava o princípio neutro.
As
Colunas B e J representavam para os ocultistas, que impregnaram a Maçonaria com
as suas doutrinas, os princípios masculino e feminino, considerados base da
criação. Em seu “Livre Du Compagnon”, Oswald Wirth escreveu um parágrafo que
nos permitiremos reproduzir: “Nunca
houve contestações sobre o sexo simbólico dessas duas colunas, a primeira sendo
suficientemente caracterizada como masculina pelo Iod inicial que a designa
habitualmente. Este caráter hebraico corresponde, com efeito, à masculinidade
por excelência, Beth, a segunda letra do alfabeto hebraico, é considerada, por
outro lado, como essencialmente feminina, visto que o seu nome significa casa,
habitação, de onde surge a ideia de receptáculo, de caverna, de útero etc. A Coluna
J é, portanto masculina-ativa e a Coluna B feminina-passiva. O Simbolismo das
cores exige, em consequência, que a primeira seja vermelha, e a segunda branca
ou preta.”
Pronunciamentos
muito interessantes foram feitos por Maçons eruditos, dos quais reproduziremos alguns
a título ilustrativo. O simbolista Mackey escreve, por exemplo, em sua
“Encyclopaedia of Freemasonry”:
“Na verdade,
a coluna circular e monolítica, quando solitária, representava para as mentes
dos mais antigos o falo, símbolo da fecundidade da natureza e da energia
criadora e geradora da Divindade, e é nas colunas fálicas que devemos procurar
a verdadeira origem do culto das colunas, que foi realmente o culto
predominante entre os antigos.”
Os
povos primitivos, muito mais próximos da natureza que os modernos, e sem muitas
preocupações de ética e pudor, consideravam o falo como um símbolo religioso
que representava a fecundidade da Natureza, adorando-o sem preconceitos ou
preocupações de lascívia. Este culto foi universal e constatado não somente na
Europa e na Ásia, mas ainda no antigo México e até no próprio Taiti. Na Grécia
e em Roma, o falo era levado em procissões e, por toda a parte, era considerado
como signo protetor, sendo representado na fachada das casas e das próprias
igrejas ou trazido como amuleto. A figa é uma reminiscência destas superstições
que se perdem na noite dos tempos.
Também
Elifas Levi escreve em seu “Dogma e Ritual de Alta Magia” um parágrafo que consideramos
uma joia para os estudiosos:
“Adão é
o tetragrama humano, que se resume no Iod misterioso, imagem do falo cabalístico.
Ajuntai a este Iod o nome ternário de Eva, e formareis o nome de Jehovah, o
tetragrama divino, que é a palavra cabalística e mágica por excelência: Iod,
he, vau, he, que o sumo sacerdote, no templo, pronunciava Iodcheva.”
Não
menos importante para a compreensão do símbolo é uma nota de Jules Boucher, em
“La Symbolique Maçonnique”, sobre o significado oculto das palavras IAKIN e
BOAZ, que reproduziremos por inteiro. Diz ele: “Parece-nos útil dar aqui uma opinião etimológica que diz respeito à
IaKiN e a BoaZ, opinião proveniente de uma tradição semítica muito segura.
Lendo-se os dois nomes IaKiN e BoaZ e invertendo-os (regra habitual,
essencialmente tradicional e nitidamente obrigatória, para a conservação do
segredo, de todo rito especificamente mágico), obter-se-á os nomes NiKaI e ZoaB
que são (se forem consideradas tão somente as consoantes, letras masculinas,
únicas importantes e constituintes) os dois vocábulos indicando, o primeiro a
cópula, o coito (NK), o ato sexual gerador e criador dos Mundos e o segundo
(ZB) o órgão fecundante, o falo. Assim, o simbolismo sexual das romãs toma todo
o seu sentido e todo o seu valor. Um dos desenhos mais particularmente simbólicos
do Mestre Oswald Wirth, servindo de frontispício à Maçonaria Oculta de Ragon,
edição de 1926, indica nitidamente este simbolismo “para aqueles que sabem ver
e compreender”, inscrevendo a palavra BOHAZ invertida sobre a coluna à direita
do desenho.”.
Este
desenho foi repetido na edição de 1963 do “Livre Du Maitre” de Oswald Wirth. Na
coluna da esquerda, de acordo com o ritualismo do Rito Moderno, está escrito
IAKIN e na direita ZAHOB. Ressalta Jules Boucher que semelhante etimologia não
deixará de perturbar alguns pudicos revoltados e alguns, principalmente,
católicos antiquados, persuadidos que a Maçonaria é a Sinagoga de Satã e uma
escola de depravação, e conclui: “Não se deve tratar de desenganá-los, mas
simplesmente repetir a célebre sentença: “tudo é puro para os puros”, e reter
firmemente o aspecto magnificamente criador (diríamos quase demiúrgico – de
demiurgo, significando: “nome, que os philósophos platónicos davam ao criador
dos homens”) deste símbolo.”.
*Ir.'. Paulo Roberto
MI
da Loja Rei David
nr. 58 (GLSC) - Florianópolis
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