Por Milton Ribeiro e Nícolas
Pasinato
Há poucos anos, o jornalista e
escritor Luiz Biajoni escreveu sobre um fato que batizou de “Síndrome da
Biblioteca de Babel”, ou seja, a desvalorização de conteúdos que — em
velocidade e grande profusão — são veiculados na internet. Seu foco era a
música. No século passado, comprava-se música em LPs e eles não eram nada
baratos. Os jovens que gostavam de música e que recebiam apenas uma mesada de
seus pais tinham que economizar para comprar um vinil por mês e olhe lá. E, se
o disco fosse ruim, era uma pequena tragédia, pois tinha-se que aguardar 30
dias pela próxima chance. Errava-se raramente, mas acontecia, e a coleção de
discos costumava ser bem ouvida, muito amada e motivo de orgulho.
Hoje, o melômano baixa músicas
em tal quantidade e de tal forma que muitas vezes não as relaciona com o CD de
origem, ou seja, com o trabalho completo do artista que montou o CD com cuidado
e coerência. Ouve-se as canções sem saber de que disco saíram, o que para
velhos puristas é uma heresia inconcebível.
Este artigo não é passadista,
mas canta algumas qualidades dos LPs, daqueles velhos bolachões de vinil com
suas belas capas e brilhantes discos pretos de 30 cm de diâmetro que podem
ainda ser encontrados em sebos que, às vezes, cobram fortunas pelas raridades. Leia mais
Há controvérsias sobre qual
teria sido o primeiro LP da história. Os alemães têm sua versão, falsa, de que
o vinil surgiu há 62 anos, no dia 31 de agosto de 1951. Na época, era chamado
de long-play (LP) e teria sido produzido pela gravadora alemã Deutsche
Grammophon, fundada em 1898 e ainda hoje em atividade, sendo a mais antiga do
mundo.
Porém, a versão correta é a de
que a Columbia Records não apenas desenvolveu como lançou o LP que girava a 33
1/3 rotações por minuto (rpm) e era capaz de armazenar até 30 minutos de áudio
de cada lado. O primeiro LP foi The Voice of Frank Sinatra, de 1948.
O que é indiscutível é que a
tecnologia do disco de vinil surgiu no final da década de 1940. O vinil é um
tipo de plástico, usualmente na cor preta, que pode ser reproduzido através de
um toca-discos. O disco possui um longo sulco em forma de espiral que conduz a
agulha do toca-discos da borda externa em direção ao centro, em sentido
horário. Estes sulcos são microscópicos e fazem a agulha vibrar. Essa vibração
é transformada em um sinal elétrico que é amplificado e transformado em som
audível.
O vinil é um tipo de plástico
muito delicado e qualquer arranhão pode ser ouvido, comprometendo a qualidade
sonora. Idealmente, os discos devem permanecer limpos, livres de poeira e
guardados na posição vertical — de forma a não ficarem empenados –, dentro de
sua capa e de seu envelope ou plástico de proteção. Tudo isto é necessário
porque a poeira pode tanto prejudicar o disco quanto a agulha.
Voltando à história. Um ano
depois, o primeiro vinil de 45 rpm foi produzido pela RCA. Ele tinha 18 cm de
diâmetro e reproduzia 3 minutos de áudio de cada lado, ou sejam, trazia o mesmo
tempo de música que seus predecessores, os grandes e pesados 78 rpm. Como os 45
rpm eram leves, também eram ideais para aos grandes sucessos populares e os
fabricantes de jukeboxes.
O 45 rpm era leve, pequeno,
tinha som melhor que os 78 rpm e, assim como os LPs, era flexível, só quebrando
por extrema imperícia do dono. Logo, os 45 rpm também receberam versões em 33
1/3, ganhando um pouco mais de tempo de gravação e os novos nomes de compactos
simples (com uma canção de cada lado) e duplo (com quatro ao todo).
Em 1958, chegaram os discos
estereofônicos, que tinham dois canais em cada sulco, o que tornou necessário
duas caixas de som que não reproduziam exatamente o mesmo som, como acontecia
com os LPs anteriores, que passaram a ser chamados de mono. Até 1970, o estéreo
era geralmente usado apenas para LPs, quando os compactos começaram a aparecer
em versões também em estéreo.
No final dos anos 80, os vinis
começaram a ser substituídos pelo CDs. Mas nostálgicos costumam cantar as
vantagens dos antigos LPs sobre os atuais CDs e mp3.
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