Por João Batista Herkenhoff - Direto da Redação
O auditório da Corregedoria Geral de
Justiça, na Praia do Suá, em Vitória, foi palco de uma oficina de trabalho
promovida pela APAC, sigla gloriosa da “Associação de Proteção e Assistência
aos Condenados”.
Mesmo havendo ainda muito chão a
caminhar, o fermento lançado ao solo com humildade tem, milagrosamente, rendido
frutos. Os militantes da APAC agem na penumbra, aceitam o quase anonimato,
porém sentem-se felizes no íntimo do coração porque estão tornando este mundo
um pouco mais humano, fraterno e solidário. Leia mais
Segundo relata o Evangelho de Mateus,
Jesus Cristo disse que seriam bem-aventurados os que o visitaram, quando ele
esteve preso.
Indagaram perplexos os que o ouviam:
“Senhor, quando estivestes preso?”
A resposta do Cristo veio fulminante.
Ele estivera preso e fora visitado na pessoa de todos aqueles que,
encarcerados, receberam o consolo da visita.
Muitos não entendem que, em nome de
Jesus Cristo, possa alguém solidarizar-se com aqueles que, em tese, cometeram
crimes. Esquecem-se de que o primeiro ser humano proclamado santo foi Dimas, o
bom ladrão:
“Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”.
Quando é tão comum na opinião pública o
sentimento de rejeição ou mesmo de ódio ao preso, a APAC levanta a bandeira da
solidariedade para com os presos e condenados.
Choca-se às vezes a APAC com a Polícia?
Sim, choca-se com a Polícia toda vez que contra presos são praticados abusos.
Choca-se às vezes com a Justiça e com o Governo? Sim, choca-se com a Justiça
quando esta é surda e com o Governo quando este é omisso.
A obrigação da APAC não é ser fiel à
Polícia, à Justiça ou ao Governo, mas sim aos presos, defendendo seus direitos
constitucionais, buscando sua reinserção social, vigilando para que os presos
sejam respeitados como seres humanos porque não são coisa, não são lixo.
Infelizmente, muitos raciocinam assim:
“Não sou eu que estou preso, não é parente meu, não é ninguém de minha classe
ou morador de meu bairro, não pertence a meu clube. Posso ficar tranquilo. Este
tema não me diz respeito.”
Se a APAC contasse com maior número de
militantes, apoiadores e simpatizantes, a situação seria outra.
A APAC não tem filiação religiosa. Mesmo
quem não professa uma Fé determinada, quem não integra qualquer grei
confessional pode incorporar-se a esse movimento. Contudo, a meu ver, quem ama
o próximo tem implícito na alma o sentimento de Fé, ainda que suponha ser ateu.
A Fé não se explicita em palavras, mas em atos.
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