Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes
19/10/1913, Rio de Janeiro (RJ) –
9/7/1980, Rio de Janeiro (RJ)
Um dos criadores da bossa nova, Vinicius
de Moraes começa a escrever e compor já durante a infância. Em 1933, formado em
Direito e no Curso de Oficial de Reserva, publica "O Caminho para a
Distância", seu primeiro livro. Durante a década de 1930, torna-se amigo
dos modernistas Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Oswald de
Andrade. Além de publicar outros livros, recebe uma bolsa para estudar
literatura inglesa na Universidade de Oxford, permanecendo na Inglaterra
durante um ano e retornando ao Brasil em virtude da eclosão da II Guerra
Mundial.
Sua carreira jornalística é intensa
durante a década de 1940. No A Manhã, atua como crítico cinematográfico e
colaborador do Suplemento Literário, ao lado de Manuel Bandeira e Cecília
Meireles, entre outros. Em seguida, dirige o Suplemento Literário de O Jornal,
lançando nomes como Pedro Nava e Oscar Niemeyer. Colabora como articulista e
crítico de cinema em diversas publicações e escreve crônicas diárias para o
jornal Diretrizes. Em viagem ao Nordeste, torna-se amigo de João Cabral de Melo
Neto. Nessa época, conhece os poetas chilenos Gabriela Mistral e Pablo Neruda. Leia mais
Tendo ingressado na carreira diplomática
em 1943, ano de publicação de suas "Cinco Elegias", parte para Los
Angeles para assumir o seu primeiro posto, o de vice-cônsul. Vive em Los
Angeles entre 1946 e fins de 1951, onde aproveita para estudar cinema com Orson
Welles.
Após a morte de seu pai, retorna ao
Brasil, e começa a colaborar com crônicas diárias para o jornal Última Hora –
muitas delas serão reunidas posteriormente nos livros "Para Viver um
Grande Amor" (1962) e "Para uma Menina com uma Flor" (1966). Em
1952, viaja pela Europa para estudar os festivais de cinema de Cannes, Berlim,
Locarno e Veneza, com intuito de realizar um Festival de Cinema de São Paulo
durante as comemorações do IV Centenário da cidade. No ano seguinte, escreve
crônicas diárias para o jornal A Vanguarda, compõe seu primeiro samba, “Quando
Tu Passas Por Mim”, e torna-se segundo secretário da Embaixada Brasileira em
Paris. Na capital francesa, compõe música de câmara com o maestro Cláudio
Santoro. Reúne suas melhores poesias na primeira edição da "Antologia
Poética" (1954), e publica na revista Anhembi a peça “Orfeu da Conceição”,
vencedora do concurso de teatro do IV Centenário de São Paulo.
Dois anos depois, a peça estreia o Teatro
Municipal do Rio de Janeiro, com trilha sonora composta por ele e pelo maestro
Antonio Carlos Jobim. A trilha inaugurou a parceria musical que se estenderia
por décadas e iniciaria um movimento de renovação da música popular brasileira:
a bossa nova. Paralelamente, trabalha na adaptação da peça para o cinema, em
conjunto com o diretor francês Marcel Camus. O filme recebeu a Palma de Ouro no
Festival de Cannes, além do Oscar e do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro.
No final da década de 1950, dedica-se às
atividades de compositor. Em 1958, é lançado o disco "Canção do Amor
Demais", que traz o samba “Chega de Saudade”, ao som do violão de João
Gilberto, e é considerado o marco inicial do movimento da bossa nova. Nos anos
1960, inicia parcerias com Carlos Lyra, Pixinguinha, Ari Barroso, Baden Powell,
Edu Lobo e Dorival Caymmi. Faz shows de grande repercussão em boates cariocas,
onde lança seus grandes sucessos – dentre eles, “Garota de Ipanema” e “Samba da
bênção”.
Com o reconhecimento internacional, as
televisões americana, alemã, italiana e francesa fazem documentários sobre o
poeta, que participa como jurado em diversos festivais de música e de cinema, e
seus livros são traduzidos para diversos idiomas. Durante o regime militar, é
afastado da carreira diplomática pelo Ato Institucional nº. 5, tendo que se
aposentar compulsoriamente, em 1968, quando publica sua "Obra
Poética". Nos anos 1970, inicia a parceria com Toquinho, com quem grava
discos na Itália e na França, e excursiona fazendo shows pela Europa. Em 1979,
em viagem de retorno ao ao Brasil, sofre um derrame cerebral no avião. Alguns
meses depois, falece em sua casa, em virtude de um edema pulmonar, na companhia
do parceiro Toquinho e de sua nona e última esposa.
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